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Raphael Tsavkko Garcia

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Defenderei a casa de meu pai

Bildu não é ETA, ou o desespero da mídia fascista

Raphael Tsavkko Garcia - Publicado: Sexta, 13 Mai 2011 21:17

Raphael Tsavkko

Para desespero do fascismo espanhol, a coalizão nacionalista Bildu é legal. Uma decisão apertada do Tribunal Constitucional Espanhol (6 votos a 5) garantiu a sobrevivência da tênue democracia espanhola por mais algum tempo - até que o PPSOE inventem alguma nova lei ou interpretação da Ley de Partidos que proíba qualquer nacionalista de esquerda de concorrer no País Basco.


Mas, apesar da decisão do TC, os meios de comunicação mais ligados ao nacionalismo espanhol não aceitam que as coisas mudaram. Se antes, ao ilegalizar o Batasuna e todas as demais forças Abertzales, os tribunais espanhóis eram louvados, agora são acusados de coniventes e pior, a direita espanhola tenta ir além, criando alguns factóides tão ignorantes que não se sustentam nem por um segundo.

Recomendo uma rápida passada pelo blog El Disidente para uma amostra de capas de jornais inconformados com a legalização da coalizão Bildu. Para a direita midiática a coalizão é claramente Etarra e até os membros do Tribunal Constitucional poderiam ter ligação com o grupo.

Mas, pesem as declarações da direita fascista, a esquerda está em festa (lembrando que apesar de parte da militância do PSOE ser de esquerda, o partido não o é) e foi uma imensa alegria poder conversar com amigos depois da decisão que, em máxima alegria, me diziam terem chorado de emoção e de estarem mais que animados para seguir lutando pela liberdade e independência do País Basco.

Mas, claro, a ignorância da direita persiste.

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O blogueiro Javier Vizcaíno (@Javiviz) tuíta uma foto do jornal espanhol El Mundo no qual o ex-preso político Errandonea segura um cartaz pedindo votos à coalizão Bildu. Isto foi suficiente para o jornal destacar as fotos dos juízes que votaram pela legalização do grupo político, como se o apoio de um ex-etarra significasse automaticamente que o partido é ligado à ETA.

Se um indivíduo é Abertzale e fez parte da ETA (tendo ou não se arrependido, pouco importa), está livre e pode votar e fazer campanha, porque não poderia apoiar um partido que professa a mesma ideologia, ainda que sendo declaradamente pacífico e contrário a todo tipo de violência?

Estranho seria que este Abertzale votasse no PP. Aliás, se ele o fizesse tenho certeza de que o PP não seria ilegalizado ou acusado de ligações com a ETA. No máximo o que vota neste partido e se diz Abertzale seria taxado de louco.

Um partido é diretamente responsável por quem vota nele?

Eu não diria que é o mesmo raciocínio que dizer que por ter falangistas e franquistas apoiando o PP, o partido seria franquista porque o PP é efetivamente franquista. Age como tal, se comporta como tal. É ditatorial, anti-democrático, corrupto e criminoso.

E a história vai ainda mais longe. E demonstra como o PP e seus membros são ignorantes e mal intencionados.

Errandonea segura um cartaz em que se lê o nome Bildu e mais embaixo "Independentzia eta Sozialismoa", que em português equivale a "Independência e Socialismo". Mas o "eta", que em basco significa apenas "e", serviu para que a porta-voz do PP no parlamento Soraya Saénz de Santamaria declarasse que, sem dúvida, Bildu é ETA.

É de uma ignorância ímpar!

ETA, enquanto Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade) é diferente de eta, enquanto apenas "e" (ou "y", em castelhano), uma simples conjunção.

Ninguém é forçado a saber euskera, mas até aí, ninguém é obrigado a usar a inteligência.

A campanha contra a esquerda nacionalista basca - Abertzale - chega ao ponto do desespero. Com Bildu concorrendo, a coalizão PP-PSOE se torna inócua em boa parte do País Basco. Patxi López pode dar adeus à Lehendakaritza (cargo de premier) e o PP pode esquecer que algum dia controlou o parlamento basco.

Daí o desespero que não só beira, como ultrapassa o absurdo e o cúmulo da ignorância.


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