Tem-se dito que a língua é o músculo mais forte, aínda que realmente esse é um mérito que lhe corresponde ao glúteo máximo –as nádegas- sem o qual nom poderiamos caminhar de pé. Vaia, a língua é um dos músculos mais elásticos e enérgicos e ademais o único que se move em qualquer direcçom. Um músculo prático e valioso. Mas qual é a importáncia deste músculo no debate sociolingüístico?
Falar qualquer língua requer um adestramento muscular muitas vezes inconsciente mas fundamental para a correcta reproduçom dos sons. O ser humano nasce com os órgaos preparados para produzir sons de qualquer língua. Quando começamos a falar nem nos damos conta do processo polo qual esse músculo que temos na boca adquire destreza lingüística. Mas este treinamento múscular fai-se mais consciente quando aprendemos outras línguas ao medrar.
Muitas vezes perguntamo-nos Que curioso, Maria leva aquí toda a vida e nom dá falado galego e ás vezes responde alguém: Es que no se le dá. Este texto vai dirigido para toda essa gente, porque vamos basear-nos nos exercícios estruturais (ou "Pattern drills") para umha aprendizagem lingúística acelerativa. Por meio da repetiçom sistemática sobre um modelo (ou "pattern") adestraremos os movimentos anatómicos mais acaídos ao nosso idioma e superaremos essa dificuldade de saída articulatória: "Es que no me sale"
Quando umha persoa sente que o galego "nom lhe sae" podemos pensar num problema cultural, psicológico ou ideológico mas nunca que detrás desse deficit pode haver um problema anatómico. Si, anatómico. Ou de articulaçom. E muitas vezes identificamos a aprendizagem do galego com actividades morfo-sintácticas ou léxico-semánticas quando o que realmente se precisam som exercícios de treinamento muscular.
Acordo-me agora de Carmen, umha profe de história que chegou de Madrid e me contratou como professor particular de língua para poder impartir as aulas em galego. Recordo que gastavamos o mais do tempo em treinamento da língua: caixxxa, xxxa, xxxa.Repite: Ai-la-lei-lo, ai-la-lai-la. Se vou a Bueu num bou, vou, se nom vou a Bueu num bou, nom vou! Mais que um professor de língua ás vezes sentia-me como um monitor num ginásio: Mui bem,, agora mais arriba, mais abaixo, no padal! um pouco mais, venha, agora com a ponta da língua! Assi, si, siiii!
Diremos de entrada, e com poder metafórico mas com precisom científica, que a língua é o único músculo de movimento voluntário que nunca se fatiga.
Para a gente que tem dificultades para falar galego –porque nom lhe dá saído ou pensa que nom lhe senta bem ou porque lhe custa fala-lo- é mui recomendável o treinamento muscular da língua. Familiarizará o seu músculo com o nosso idioma até que a sua pronúncia seja natural e nada estranha., como própria, até sentir como seu o nosso idioma.
Por isso, como iniciaçom indicada para persoas ás que lhes custa falar galego –levem aquí toda a vida ou acabem de chegar- estes som alguns exercícios para agilizar a língua:
Abrir a boca, sacar a língua e levanta-la muito e despois baixa-la muito.
Mover a ponta da língua lateralmente, de esquerda á direita, fora da boca.
Repetir os movimentos anteriores en dous, tres e quatro tempos.
Descreber umha circunferéncia fora da boca com a ponta da língua, lentamente primeiro, logo mui rapidíssimo.
Facer como que se limpam os dentes com a língua.
Sacar e meter a língua na boca, lenta e rapidamente.
Intentar tocar com a ponta da língua a ponta do naris.
Podo asegurar que os resultados chegam ao pouco tempo, por própria experiéncia: eu comecei a falar galego na adolescéncia movendo a língua diante do espelho. Afazendo-me. Porque ao principio fazia-se-me raro... mas com um pouco de prática e algo de ginásio... solta-se a falar a nom para! Já sabedes: temos umha língua que nunca se fatiga, forte, enérgica, ágil, práctica, valiosa, que se move em qualquer direcçom.