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Milton Temer

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Coreto da Praça

Dilma, igual a Menem, e pior que FHC?

Milton Temer - Publicado: Quarta, 27 Abril 2011 02:00

Milton Temer

Ainda como deputado federal, década de 90, fui convidado a um seminário sobre Democratização dos Meios de Comunicação, que se realizava em Buenos Aires. O convite vinha de Pino Solanas, o grande cineasta argentino, então também deputado federal. Para além dos debates sobre o tema, Pino foi fonte fundamental, nas conversas paralelas, de avaliação das sequelas dos processos de privatização altamente corrompidos que marcaram a identidade do governo Menem com o que, no Brasil de então, ocorria com FHC.


– Pelo menos vocês têm uma grande vantagem no Brasil. Conseguiram salvar os aeroportos da ação de rapinagem pelo grande capital. Aqui na Argentina, depois dos aeroportos, só nos resta a privatização das Forças Armadas.

A manchete – simultaneamente festiva e vingativa do Globo de hoje – torna o governo Dilma uma reprodução da imagem trágica que Pino fazia do governo bandido de Carlos Menem. Privatização de terminais lucrativos, coincidentes com a notícia de que o governo economizara R$ 25 bilhões, no trimestre, para pagamento de serviços da dívida pública, comprova o incontestável: trata-se de uma decisão política, e não inevitável, do ponto de vista econômico. Aliás, a própria matéria, em dos parágrafos quase ocultos, confessa: “O Galeão será concedido mais por pressão política do governador do Rio, Sérgio Cabral, pois suas obras já estão em andamento”.

Por que “pressão política” de Sérgio Cabral tem que ser levada em conta? Que interesses privados estão por trás de tal pressão política? Certamente não são probos.

Mas para além de bandalheiras localizadas, outras perguntas ficam no ar.

A Infraero é uma estatal com todas as condições de ter a eficácia da Caixa Econômica, o que o próprio governo Dilma reconhece, admitindo que seu pecado real é a deficiência de gestão – onde se lê corrupção não combatida durante os oitos anos de governo Lula, no qual a empresa entrou no bolo de formação da base política com partidos tradicionalmente voltados para a locupletação quando ocupando cargos em estatais;

Por que isso não foi combatido antes? E por que só se entrega os terminais reconhecidamente lucrativos, com o governo se mantendo responsável sobre os que não são? E ainda; quem garante que isso não continuará com a privatização? Os exemplos locais, sob batuta do governo Sérgio Cabral, são prova disso. Ou alguém quer indicar SuperVia, Metro e Barcas como exemplos de eficácia?

Essa leniência histórica com a corrupção nos espaços da Infraero é que está na raiz da ineficácia atual. E cuja correção não vem pela entrega do galinheiro às raposas, mas sim pela limpeza radical do espaço financeiro ocupado por verdadeiros marginais travestidos em representantes de determinados líderes da “base de governo”.

É lamentável, mas Dilma dá mais um passo para ser festejada pelos maganos que transformaram o PT numa agência de capatazes de seus interesses privados.

27 de Abril de 2011


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