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Diego Bernal

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Logo se aprende

Quanto mais português sei mais galego aprendo

Diego Bernal - Publicado: Quarta, 20 Abril 2011 02:00

Diego Bernal

Caminho devagar polo Cosme Velho, rua que dá nome a um conhecido bairro do Rio de Janeiro.


O Cosme Velho é umha rua misteriosa, nem começa nem acaba. Simplesmente nasce, ou some, num ponto impreciso e dá lugar à formosa rua das Laranjeiras.

Caminho, pois, polo Cosme Velho ou Laranjeiras, sei lá, e vejo tinturarias, umha peixaria encerrada cheia de sujeira, cabeleireiros, botecos –nome dado no Brasil às nossas tavernas, bares ou adegas-, restaurantes de sushi, drogarias, pizzarias, livrarias.  

Ao passear enxergo sacos que indicam a loja onde as mercadorias fôrom compradas: tecidos Ana Nogueira, Cheiros e banhos, livraria da Travessa, Café e tortas, drogaria Pacheco, A Tendinha. Em ocasions acompanhados de frases publicitárias como: sabor no ponto certo, entregas em domicílio, volte sempre, gostoso de mais.

Caminhar polo Rio é a melhor aula virtual de galego à que tenho assistido.

É muito o que um galego pode aprender da sua língua numha megalópole como é a Cidade Maravilhosa.

Porém, também nom é pouco o que um brasileiro pode aprender da sua língua ao se achegar às falas galegas.

Lene, dondo, enxebre, mercar, brêtema, bágoa, bico (beijo), arando (mirtilo) ou de cote é léxico português desconhecido no Brasil e que muitos galegos acham, erroneamente, privativo da Galiza. Para o comprovar chega com consultar o dicionário de português em linha da Priberam.

Frango, alface, goela, morango, algibeira, torneira, bigode, urso ou obrigado som, por sua vez, vocábulos absolutamente galegos como o demonstra o Dicionário de dicionários, compilaçom de dicionários galegos elaborado polo ILG, instituiçom nada suspeita de reintegracionista.

O fracasso da estratégia isolacionista radica nom só na impossibilidade de estabelecer umha fronteira clara entre português e galego senom na própria existência de países como Portugal e o Brasil, onde o galego é língua nacional.    

Nom podo deixar de lembrar a entranhável velhinha que no documentário Entre Línguas afirma, com inusitada naturalidade, que a língua da Galiza é o português. O argumento, bem simples: foi a Compostela e ouviu o que falava o povo galego.

Afinal afirmar que galego e português som línguas diferentes é outra forma de autonegaçom tam comum no nosso país.

Na Galiza descobrim que quanto mais galego aprendo mais português sei. No Brasil que quanto mais português sei mais galego aprendo.


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