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ngelo Pineda

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Fundamentos do nojo

Unide-vos ou ide para o inferno!

ngelo Pineda - Publicado: Segunda, 29 Março 2010 12:08

Ângelo Pineda

Parece que ultimamente se estão dando passos para a criação duma frente unitária da esquerda independentista. 


O meus melhores desejos. Contudo a acumulação de experiências malsucedidas põe-me em guarda. E o que eu percebo nas minhas estadias na Galiza, sempre mais curtas do que gostaria, também não deixam muita margem ao otimismo. 

Desgraçadamente, como quando eu próprio participava de maneira direta em experiências do autodenominado Movimento de Libertação Nacional Galego (MLNG), advirto a persistência de divisões justificadas em eventualidades, quando não numa argumentação pretensamente “escolástica”, num sofismo “revolucionário” que pouco diz a respeito das verdadeiras causas desta desalentadora e frívola atomização organizativa.

Ponho as cartas sobre a mesa: acho que independentemente dos motivos históricos que se esgrimem para argumentar a pouco compreensível existência de quatro organizações hostis entre si que coincidem em aspirar à constituição dum estado galego de orientação mais ou menos socialista, a realidade é que esta divisão é em grande medida herança das distorções da noite compostelana, de pessoal que durante as suas férias vermelhas dedicou-se a pontificar sobre questões sociais sérias sem ter cobrado nunca um salário ou, no seu defeito, uma prestação social substitutiva. Enganar-se-á quem quiser, não me refiro a ninguém, quem estiver livre de culpa que atire a primeira pedra, etc, etc...

Hoje em dia, um foro unitário da esquerda independentista galega é necessário não apenas pela confusão que essa sopa de letrinhas translada ao nosso coletivo social de referência, senão também até para expormos as nossas diferenças políticas. Não faz sentido que o debate entre as forças deste espaço se translade a bandos de frangos anônimos em iniciativas da rede cuja utilidade para a esquerda deste país é igual a zero. Por outro lado, o reconhecimento mútuo das formações independentistas não se deve fundar unicamente no reconhecimento dos interesses compartidos, senão também nas necessidades organizativas concretas. Sei, não é fácil.

Porém existem modelos unitários noutras latitudes que estão a demonstrar o seu sucesso. Um ao que estou diretamente ligado é o catalão. Para quem não tiver excessivas notícias da esquerda independentista catalã, comento que as organizações que a compõem levam-se tão bem (ou pior) do que as galegas. No entanto, todas parecem ter claro que por cima das suas diferenças, cumpre manterem a unidade das CUP; organização que adquiriu uma dinâmica própria e que constitui uma esperança para diversos setores da sociedade catalã.

Dentro da diversidade das experiências das CUP, e sempre tendo em conta a distância das realidades dos Países Catalães e a Galiza, existem elementos de grande interesse para o caso galego. O principal seja talvez a estratégia municipalista, verdadeiro contraveneno para os grandes discursos inúteis e para a competição de citações de Lenine, Marx ou Castelão. A criação de estruturas unitárias estáveis a nível municipal obrigou a esquerda catalã a enlamear-se com o quotidiano, a suster a sua política em base à análise mais concreta possível e a reservar responsabilidades às pessoas mais capazes dentro das diversas matérias existentes na política local. Isto último em contraposição ao absurdo estabelecimento de quotas de representação para as diversas tribos ideológicas. Insisto, estruturas estáveis; não candidaturas fugazes que se dissolvem logo de passados os comícios para os que foram criadas.

Também na relação com os movimentos populares há experiências interessantes. Por exemplo, a abertura organizativa de espaços para a intervenção de pessoal não militante mas ativista nalguma luta vicinal. Esta capilaridade organizativa enriquece analítica e discursivamente o movimento e, aliás comunica uma preocupação sincera pelos problemas sociais da comunidade.  Talvez seja cedo para realizar uma avaliação, mas a priori parece mais prático que o pára-quedismo militante ou a multiplicação de organizações setoriais que não servem para outra coisa do que para endurecer a carga pessoal dos filiados e filiadas; pessoas que constituem a base dum movimento que não é precisamente extenso.

Não quero transmitir pessimismo. Pela minha parte, estou disposto a defender de maneira entusiasta qualquer iniciativa unitária sempre que se proponha a consecução de objetivos. Porque vendo o desenvolvimento do país nos últimos anos, a esquerda independentista de Galiza perdeu demasiado tempo já.


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