No entanto, reconheço também que esta nom seria a melhor das opçons, mas umha ótima medida possibilista, do ponto de vista da conjuntura política atual, e funcional, do ponto de vista divulgador, à hora de abrir mais umha porta (imensa porta) cultural, laboral e comunicativa às pessoas que tiverem no futuro esta cadeira. É claro que um reintegracionista aspira a que o galego e o português sejam umha mesma questom e nom duas, umha questom natural portanto, como o é, por exemplo, o português no Brasil, em Moçambique ou na Guiné-Bissau. Assim que, em todo o caso, dou umha salva de palmas aos setores que tencionárom esta frustrada iniciativa.
Já Marx o dizia, a história da humanidade é a história da luita de classes. O PP é o principal braço político da burguesia ao serviço do projeto nacional espanhol na Galiza. Os grandes proprietários dos meios de produçom e as suas organizaçons políticas tenhem o espanhol como umha das ferramentas simbólicas e materiais para a construçom do seu projeto. Nom cabe em matéria lingüística nengumha outra no trajeto que tenhem desenhado nas suas doentes mentes (estamo-lo a ver na nova fase do conflito lingüístico na Galiza). Todos os passos que o PP (ou qualquer outro bonifrate de turno no governinho) poda dar nesta direçom, dará-os, e é por isto que nom vam aceitar o português como segunda língua, apesar da lógica e das vantagens óbvias que implica a tese a debate. Nom é por acaso que na Estremadura sim se aposte polo português, nom é por acaso que na Comunidade Autónoma Galega se aposte polo contrário e também nom é por acaso que custe tanto escuitar rádios e ver televisons portuguesas na Galiza, só há certa facilidade no sul do País com a rádio. O PP nom vai aceitar o português no ensino porque a burguesia (quem puxa os fios deste bonifrate) nom está por dar ainda a diretriz, de o fazer, o status quo, com o tempo, poderia-se ver alterado e isto seria umha bofetada, também simbólica e material, contra a classe que controla os meios de produçom na Galiza e no Estado.
O problema, portanto, é que a questom da língua é um problema político. A Galiza contemporánea tem os seus posicionamentos ideológicos giçados ao redor de classes sociais determinadas: duas classes sociais antagónicas fundamentais, duas línguas enfrentadas e o projeto nacional espanhol nom se pode permitir mais derrotas, já tivo várias desde a morte de Franco com respeito à relaçom entre o espanhol e outras línguas do Estado em favor destas: presença institucional, meios de comunicaçom, ensino e cultura (ainda que neste último ponto o franquismo já permitira certa abertura na década de 50).
Pode que algum empresário poda nom estar contra o português no ensino. Alguns, sobretodo no Sul, vem como o português é umha realidade no seu dia-a-dia. No entanto, polo caráter político do conflito lingüístico, a pressom para reverter esta questom deve ser muito mais grande para assim conseguirmos solidez na proposta. Até que, no mínimo, organizaçons políticas, sociais e coletivos de todo o tipo de esquerda (e nom só), nom se tornem cientes disto a hipótese de o português se introduzir no ensino nom se materializará. De facto, caso um hipotético bipartido PSOE-BNG governe na vindoura legislatura e torne real esta possibilidade, a questom poderia ter volta atrás, como muito quatro anos depois, como no caso das Galescolas. O motivo disto, é que este facto ao longo prazo poderia fazer com que a direita galega perda parte dos seus privilégios, ao aflorarem as contradiçons, caso se oriente bem o assunto e mostrando a praticidade que implica a competência em português (por nom falar do possível questionamento da normativa oficial). Em qualquer caso, que fique claro que umha nova uniom bipartidista deveria forçar esta situaçom e introduzir o português no ensino. Polos posicionamentos do BNG atual, estes já estám obrigados a tentá-lo, de o nom fazer, mais umha vez as suas palavras se veriam afogadas em águas de bacalhau.
Esta situaçom, como muitas outras que provoca a barbárie espanhola na Galiza fai-me pensar certas cousas. É certamente frustrante que um galego, com formaçom em galego e/ou portugûes, depois de anos, nom se poda sentir realizado quanto a isto do ponto de vista laboral. O que se pede, por exemplo com a questom do português no ensino, nom semelha muito pola sua lógica aparente, mas como explicamos acima sim é umha questom profunda. No entanto, esta forma de agir da direita galega afeta-me a mim, as pessoas que estám na minha situaçom, as que noutra situaçom também estám a padecer o projeto nacional espanhol, a saber: todas as camadas trabalhadoras da sociedade galega. Depois da transiçom, onde a vontade de mudanças e os ánimos neste sentido se apoucárom para muitas pessoas, nos dias de hoje algumhas e alguns estám a acordar, vê-se de forma bem diáfana em muitos pontos do Planeta. As redes populares sentimos algo em comum, um nome abstrato e intangível que se chama ódio. Porém, até o abstrato se pode tornar material.
Corunha, março de 2011
Fonte: PGL.