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Laerte Braga

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A banana escocesa e a Líbia

Laerte Braga - Publicado: Sexta, 01 Abril 2011 02:00

Laerte Braga

No último fim de semana a seleção brasileira de futebol enfrentou e venceu a seleção da Escócia, colônia britânica (por sua vez colônia norte-americana) em território inglês. Num determinado momento da partida uma banana foi atirada ao campo. O jogador Neymar, ao final, em declarações a jornalistas, queixou-se do racismo dos escoceses.


Foi o suficiente para que a Federação Escocesa de Futebol exigisse uma retratação pública do jogador, ou da Confederação Brasileira de Futebol.

O bispo católico Giovanni Innocenzo Martineli afirmou a jornalistas estrangeiros que os bombardeios democráticos, cristãos e ocidentais da OTAN mataram pelo menos quarenta civis em Trípoli, capital da Líbia – o arcebispo é o primaz católico do país – e em várias oportunidades as bombas da “liberdade” atingiram hospitais, escolas e áreas habitadas por civis.

Segundo os generais da OTAN e os porta-vozes do governo dos EUA as bombas são de alta precisão e atingem alvos do líder Muammar Kadafi.

O arcebispo deve estar mentindo, ou discrepando da posição omissa do Vaticano sobre o assunto. Matar muçulmanos tem sido o esporte preferido de europeus, norte-americanos e israelenses.

E mesmo entre eles não há acordo sobre a maneira de promover o genocídio. O serviço secreto inglês não quer mais trabalhar com o serviço secreto de Israel que, segundo os britânicos, age como a GESTAPO.

Grande descoberta!

David Cameron, principal funcionário norte-americano na Grã Bretanha (hoje Mini-Bretanha), há cerca de um mês decretou o fim do multiculturalismo e seu colega francês (financiado pelos líbios em sua campanha eleitoral, os dados foram apresentados e provados pelo filho de Kadafi) Nicolas Sarkozy têm intensificado as ações e proibições contra muçulmanos. Vão desde ao uso de vestes recomendadas pelo Islã, como restrição de direitos.

A Europa recoloca nas prateleiras edições atualizadas de MEIN KAMPF. Isso em plena e absoluta falência do modelo neoliberal na grande maioria dos países que integram a OTAN, na prática colônias norte-americanas.

Do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

No máximo acionistas minoritários e que, neste momento, começam a não querer participar da divisão da conta dos custos da operação contra a Líbia. Obama já disse que é tarefa dos “aliados” assumir determinadas responsabilidades.

A verdade é que a Líbia está sendo destruída pelos constantes bombardeios nazifascistas da OTAN – não importa que Kadafi seja um ditador, isso é outra história – e dois são os objetivos dos terroristas da OTAN.

O primeiro deles manter o petróleo e o segundo transformar a rebelião de povos árabes contra governos ditatoriais em movimentos dóceis e controlados que não afetem a “segurança” de Israel e o genocídio praticado sistematicamente contra palestinos.

Surpreendidos pelo que aconteceu no Egito, jogam com o velho esquema de empurrar com a barriga, a retórica branca de Obama, e despejam a culpa de tudo em cima de antigos aliados (Kadafi) – aliados e financiadores, ajudou Obama também em sua campanha eleitoral, enquanto silenciam sobre os crimes praticados pelos governos da Arábia Saudita, do Iêmen, da Jordânia e a tentativa dos generais egípcios de não mudar nada, assegurar aos norte-americanos que o país continua servil e pronto a sustentar Israel na condição de cúmplice do genocídio contra palestinos.

Outra perspectiva, essa viva e constatada a cada momento, a China supera os EUA e transforma-se na maior potência do mundo, leva o conglomerado a buscar formas de cercar a Rússia, seduzir os países da antiga Cortina de Ferro (segundo um cidadão ucraniano indignado com o atual estado de coisas, “viramos exportadores de drogas e mulheres”) e tentar evitar que toda a Europa Ocidental se transforme num grande montão de ruínas econômicas.

Neymar não é propriamente um jogador exemplar fora de campo. O que por aqui chamamos de mascarado, deslumbrado com o sucesso repentino, mas também não é nenhum idiota para não perceber o racismo cada vez maior entre europeus, seja contra muçulmanos, contra negros e contra latinos.

A afirmação de David Cameron sobre o fim do multiculturalismo quer apenas revelar essa realidade. Deixar de lado o cinismo e assumir o que é visível a olho nu.

A agressão aos líbios não tem e nunca teve a preocupação de ajudar rebeldes.

E escoceses não são mais que adereço da Grã Bretanha (Mini-Bretanha) com toda a aquela história de resistência e luta, é uma das colônias que sobra do tal império onde o sol não se punha.

A conjuntura mundial sinaliza para uma crise maior e bem mais grave que a atual, apenas prenúncio do fim do neoliberalismo, da falência do capitalismo (já mostradas por Michael Moore num documentário sobre o assunto).

O grande problema é que o desastre pode ser maior, bem maior. O conglomerado pelo velho estilo do oeste norte-americano (Celso Amorim fala que “os norte-americanos querem resolver tudo como cowboys”), está ferido de morte e o jeito deles é morrer atirando – como se fosse heroísmo, mas é apenas desespero –.

Em pleno processo de extinção no sentido de comunidade independente, livre, soberana, a Europa marcha para se transformar num continente perdido cercado de bases militares por todos os lados e com festas promovidas por Sílvio Berlusconi, que é o jeito histórico de registrar a decadência de impérios.

A banana escocesa esconde a impotência diante da bandeira britânica e das majestades de Londres que reinam sobre a terra do uísque. Nada além disso.

 

Laerte Braga é jornalista.


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