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Milton Temer

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Coreto da Praça

Aos cúmplices, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei

Milton Temer - Publicado: Terça, 01 Março 2011 01:00

Milton Temer

Tudo bem. Vamos admitir que Kadafi merece tudo isso. Mas por conta de que? Por que é ditador? Por que reprimiu de forma violenta e criminosa as manifestações populares contra seu regime? Esses, sem dúvida, são motes corretos das chamadas potências capitalistas mundiais para justificar as resoluções, contra ele, do Conselho de Segurança da ONU; ou para justificar o rompimento de relações diplomáticas dos EUA com a Líbia; ou para congelar seus bens em todo o mundo.


Mas não são essas as razões reais. Porque a serem, como se explicar que nenhuma iniciativa agressiva semelhante tenha sido tomada contra o ex-ditador egípcio Mubarak? Ou contra o ex-ditador tunisiano Ben Ali? Ou contra a sucessão de governos sionistas xenófobos de Israel, por conta dos bombardeios constantes que promove contra os palestinos de Gaza? 

Sim, porque para além da repressão violenta e do massacre de civis inocentes em manifestações populares, esses três exemplos se caracterizam por ter institucionalizado a tortura contra presos políticos, tanto em seus territórios, como é o caso de Egito e Tunísia, como em territórios ocupados, como é o caso de Israel; E alguém tem notícia de alguma repressão “civilizatória e humanista” mundial contra eles? Não tem, nem terá, porque aí se trata daquilo que Kissinger inventou para justificar o apoio ao golpe de Pinochet contra o governo socialista e democrático de Salvador Allende: “são uns efedepê, mas são só NOSSOS efedepê”. Ou seja, a lei é para os inimigos. Para os amigos, ou cúmplices, melhor definindo, proteção total. 

O pecado principal de Kadafi é ter demorado mais para se vender à governabilidade pragmática que assolou corações e mentes de vários governos ditos de esquerda, a partir do que parecia ser a ascensão irreversível da contrarreforma neoliberal na década de 90. 

Ou seja, depois de apoiar movimentos revolucionários que, por todo o mundo, receberam sua ajuda – após ter, numa verdadeira revolução progressista contra a monarquia sabuja que entregava a Libia ao imperialismo, desalojado as bases americanas ali instaladas, para além de nacionalizar as companhias de petróleo estrangeiras --, Kadafi terminou por se render. A partir do começo desse século, fez acordos políticos e comerciais com o que havia de pior no Ocidente “civilizado”. Terminou cupincha do fascista espanhol Aznar e do patético Berlusconi. Acertou-se com os Estados Unidos. 

Mas o fez muito tarde. Diferentemente de Mubarak e Ben Ali que sempre foram parceiros, que sempre foram sabujos. E que, por isso, precisam ser poupados para que muito podre comum não venha à tona.


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