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Laerte Braga

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Livre expressão

Conselho de Segurança? Só quando o país for ''maduro''

Laerte Braga - Publicado: Segunda, 14 Fevereiro 2011 22:52

Laerte Braga

O embaixador Antônio Patriota, supostamente ministro das Relações Exteriores do Brasil, desembarca no dia 23 em Washington para conversar com a secretária de Estado Hillary Clinton. O novo condutor da política externa brasileira no governo Dilma Rousseff, a exemplo do que aconteceu com um dos seus antecessores, Celso Láfer, já deve viajar sem sapatos e com uma bandeirinha norte-americana na bagagem para saudar Hillary.


A não ser que mude de ideia – parece difícil – o "ministro" vai ouvir de Hillary Clinton que o Brasil precisa "amadurecer" para alcançar a vaga permanente no falido Conselho de Segurança da ONU, um dos braços do conglomerado EUA-Israel Terrorismo S/A, no tal direito de veto.

"Amadurecer" no entendimento de Hillary e segundo uma leva de documentos liberados pelo WikiLeaks é aliar-se incondicionalmente ao conglomerado. Isso implica, por exemplo, em abandonar a ideia de comprar aviões franceses para a FAB – Força Aérea Brasileira –. É preciso dar o negócio a Boeing norte-americana e trazer os F-18.

Essa "maturidade" representa também permitir a ação de militares norte-americanos no País, bases na região de Foz do Iguaçu e Amazonas, para a derrubada de governos legítimos como o dos presidentes Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa, respectivamente, Venezuela, Bolívia e Equador, além de neutralizar governos hostis em muitas questões como o de Cristina Kirchner, Pepe Mujica e o do ex-bispo Lugo, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Em suma, "amadurecer" e ganhar de presente a vaga no Conselho de Segurança importa em cair de quatro e aceitar o papel de vice-reino, tal e qual antigos países europeus como a extinta Grã Bretanha, ou a antiga Itália, ou a velha Alemanha, Suécia e outros.

A aposta norte-americana até agora é na Índia. O governo de Nova Delhi aceita "amadurecer" e ser um contraponto à China na Ásia.

Se o Brasil estiver disposto a ser um contraponto a governos que teimam em não "amadurecer", perde a vaga.

A tendência do chanceler (cúmulo da esculhambação) Antônio Patriota é descer em Washington, deixar-se ser revistado como Láfer o fez, ajoelhar-se ante Hillary e proclamar "faremos tudo que o mestre mandar".

Aí então Obama vem ao Brasil para dar o abraço de tamanduá em Dilma.

É um recuo sem tamanho no que era a política externa do governo Lula e do ministro Celso Amorim. O Brasil deixa de ser protagonista e vira coadjuvante no processo político internacional.

Voltamos ao berço esplêndido e, se isso acontecer, Dilma, com certeza, deixa de ser Rousseff e vira Dilma Serra.

O governo de Cristina Kirchner, em dezembro do ano passado, determinou que uma parte de um carregamento em um avião militar norte-americano para um curso destinado a militares argentinos e "apitos" no esquema índio quer apito, que não constava do que oficialmente fora informado pelo governo dos EUA, fosse aberto.

Em pleno território argentino militares terroristas dos EUA, que estavam a bordo do avião, mantiveram "guarda" sobre essa parte do carregamento até que o governo argentino determinasse na marra a abertura da carga e pudesse constatar que se tratava de material destinado a ações militares em seu território.

Cínico e despudorado, o embaixador do conglomerado terrorista em Buenos Aires manifestou-se "surpreso" pelo fato – a descoberta da fraude, até porque há suspeitas de drogas na tal carga – afirmando que EUA-Israel Terrorismo S/A "quer manter boas relações com a Argentina".

É o que entendem por "amadurecer". Os norte-americanos continuam apostando na política de controlar as forças armadas de países latino-americanos para eventuais falta de "amadurecimento."

É uma tarefa que não tem sido difícil, pois como todos os colonizadores, desembarcam com geringonças que os nativos – militares – adoram para brincar de repressão, golpes de Estado, tortura e assassinatos.

O início do governo Dilma Rousseff no campo da política externa mostra uma guinada surpreendente e inesperada e coloca o Brasil à mercê de interesses que desmontam todo o processo construído por Lula e Amorim em oito anos.

É um retrocesso sem tamanho.

Tal e qual no Egito e como se vê em vários países do Oriente Médio, a real independência e soberania de países como o Brasil não será conquistada no chamado poder legal, constituído.

A democracia é farsa. É consentida até determinados limites.

A luta terá que ser travada nas ruas antes que a língua oficial vire o inglês e a bandeira seja outra.

Ferido em meio a uma crise econômica de grandes proporções, o conglomerado EUA-Israel Terrorismo S/A vale-se de todos os processos possíveis para sobreviver e manter-se como senhor absoluto do planeta.

Se Patriota não mudar de ideia, se Dilma não mantiver a política externa independente do governo Lula, antes do que podíamos imaginar vamos virar BRAZIL.

E vamos continuar a ser ludibriados nessa conversa de assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Só quando o conglomerado tiver o controle dos pontos chaves do Brasil.

E parece que descobriu o caminho.

É um escárnio e um ultraje a afirmação que o Brasil precisa "amadurecer."

Ao que eu saiba, por enquanto, não se compra por aqui metralhadoras e fuzis em shoppings para invadir escolas e matar professores e alunos. Muito menos deputados que se opõem aos interesses do conglomerado como aconteceu e acontece sempre nos EUA.

É um conglomerado doentio.


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