Na própria rede há confusão em torno de como definir Mubarak. Em alguns momentos é chamado presidente, noutros ditador.
O número de participantes das manifestações é cada vez maior à medida que vai alcançando todo o país. Para anular esse movimento que tem caráter revolucionário o ditador libertou criminosos comuns com a condição de lutar contra o povo. Ao lado de militares e policiais, são os manifestantes pró Mubarak.
Afirmar que existem dificuldades em obter notícias completas sobre o que acontece no Egito é uma forma de não querer noticiar a verdade. Se o governo tem reprimido jornalistas nacionais e estrangeiros (dois brasileiros foram vitimas da boçalidade da ditadura), a Al Jazeera tem transmitido todos os acontecimentos com farto material, o que não impede que redes de outros países também o façam, reproduzindo o noticiário da Al Jazeera pela verdade.
Quando a mídia privada e sob controle dos EUA quer noticia os fatos, quaisquer que sejam, o faz a partir de redes como a CNN e a Fox (de extrema-direita).
O exército que havia manifestado neutralidade diante dos acontecimentos começou a impedir a entrada de alimentos e materiais de primeiros socorros na Praça da Libertação, no Cairo, onde ocorrem as maiores manifestações.
Não há possibilidade de acordo com o governo de Mubarak. O povo egípcio, nas ruas, quer o fim do regime incluindo o afastamento dos ministros e a dissolução do legislativo. Um governo provisório e eleições livres e diretas com participação dos partidos islâmicos (colocados fora da lei por Mubarak), dentre eles a Irmandade Islâmica.
O maior e mais forte grupo de oposição a Mubarak, num visível gesto de tentar uma solução pacífica, aceitou participar de uma reunião com figuras do governo para negociar uma transição. As reformas constitucionais propostas por Mubarak e seus sequazes são insuficientes para a democracia lato senso no Egito e a Irmandade Islâmica não vê sentido em estar presente numa ação governamental patrocinada pelos EUA e nações europeias que, na prática, buscam apenas ganhar tempo, garantir o poder a Mubarak e permitir a seu grupo eleger o próximo presidente em setembro.
Mubarak, via de regra, tem sido reeleito com mais de 90% dos votos, em fraudes sistemáticas denunciadas por organizações mundiais de direitos humanos e observadores das Nações Unidas.
A população egípcia é formada por 90% de muçulmanos e 10% de cidadãos que professam outra fé. Cristãos (a despeito do comando fascista da Igreja Católica) e muçulmanos estão juntos na Praça da Libertação e no último domingo fizeram orações conjuntas pelas mudanças no país.
O governo Mubarak começa a se valer do terrorismo, com a destruição de templos religiosos e prédios públicos, imputando a culpa aos que lutam por sua queda, numa tentativa de justificar sua permanência no poder para evitar o que chamou de "caos".
O caos é Mubarak.
O número de mortos ultrapassa a 500 e pelo menos três mil egípcios estão feridos com a brutal repressão militar, policial e a partir de criminosos comuns libertados com a condição de lutar por Mubarak.
Um dos aspectos mais importantes dessa situação é que o governo terrorista de Israel detectou entre cidadãos do país cansaço com toda essa ordem fascista que é imposta aos povos árabes e começou a vir às ruas para exigir negociações de paz imediatas, reconhecimento do estado Palestino. Os cidadãos israelenses percebem que os que comandam o país não são mais que integrantes de um conglomerado. EUA-Israel Terrorismo S/A.
Nada disso é noticiado pela mídia de países como o Brasil, boa parte da mídia europeia e impensável em se tratando de mídia norte-americana. Lá, a preocupação é como manter o Egito sob controle para evitar novos governos hostis a Washington, aos interesses do conglomerado. E eliminar opositores a partir das campanhas de líderes terroristas como Sarah Palin, no caso do atentado contra uma deputada democrata, há menos de um mês.
A ação de Obama só difere da de Bush no estilo, nas palavras ditas para fora. Para dentro é barbárie, é violência, é terrorismo. O presidente supostamente negro representa e garante os interesses dos arianos.
Como os EUA têm o controle de países europeus como a Grã Bretanha, a Itália, a Suécia e outros menores, hoje meras colônias cercadas de bases militares da OTAN – Organização d Tratado Atlântico Norte – por todos os lados, ministros e porta vozes desses governos secundam a ação de Washington. Berlusconi, Itália, chamou Mubarak de "sábio" e o primeiro-ministro britânico, principal funcionário dos EUA na Europa, fez discurso semana passada contra o multiculturalismo, na Conferência Internacional de Segurança na Alemanha. Segundo disse a doutrina contribui para o terrorismo. O multiculturalismo busca a convivência harmoniosa de povos de religiões e culturas diferentes.
Para quem acha que David Cameron estava se referindo apenas aos muçulmanos, vale uma leitura atenta do pronunciamento do funcionário dos EUA. O conceito amplia-se a povos latinos, inclusive brasileiros. A povos negros da África e a asiáticos. A pureza racial volta à ordem do dia na Europa.
Com certeza extraiu trechos de seu pronunciamento de Mein Kampf, de Adolf Hitler. França e Alemanha já se manifestaram favoráveis ao discurso de Cameron.
É o novo Eixo.
No caso específico do Brasil o governo, Dilma Rousseff, dá sinais que vai voltar à condição de coadjuvante no processo político internacional, aliando-se aos EUA, num movimento lento e gradual para evitar críticas internas. Dilma começa a deixar de ser Rousseff para virar Dilma Serra.
Está jogando o passado e os compromissos de campanha na lata do lixo.
O povo egípcio está sendo submetido a uma repressão sem tamanho, o governo de Mubarak ao prender jornalistas estrangeiros está apenas agindo em absoluta sintonia com os governos que o patrocinam, principalmente Israel e os EUA.
Mubarak, antes do movimento, preparava seu filho Gamal para substituí-lo em setembro e cálculos feitos por publicações independentes mostram que a família deve ter pelo menos 500 milhões de dólares em paraísos fiscais europeus. É o país que recebe o maior volume de ajuda dos EUA (dinheiro para compra de governos) depois de Israel, em todo o Oriente Médio.
As organizações populares de todos os matizes não querem uma guerra civil, seria um banho de sangue sem tamanho, mas não descartam reagir de outras formas caso o mundo continue a ignorar a dor e o sofrimento do povo egípcio em favor dos interesses das grandes potências, sobretudo os Estados Unidos.
É uma falácia acreditar em neutralidade do exército egípcio. Como todo e qualquer força armada em quase todos os lugares do mundo, a imensa maioria dos oficiais obedece ao comando de Washington. Essa conversa de patriotismo é canalhice, disfarça o verdadeiro sentido desses segmentos. São fascistas.
São instrumentos de opressão e dominação de seus povos. Não têm entranhas.
A mídia privada européia, norte-americana, brasileira, em vários países da América Latina, Ásia, África, distorce os fatos, omite os massacres, é um braço do imperialismo mais brutal e sua postura sobre direitos humanos é cínica. Não tem autonomia para denunciar nada, pois é paga para isso. Mentir, omitir e distorcer.
Os caminhos que a revolução egípcia vai tomar são imprevisíveis, mas há um processo em marcha e não será detido, a não ser a custa de muito sangue. O que para governos terroristas como o dos EUA não significa nada. Sobrevivem como vampiros da riqueza e do sangue de outros povos.
O que há no Egito é uma revolução pacífica e espontânea. Não são meros protestos contra um ditador sanguinário, corrupto e apoiado pelo chamado mundo ocidental, democrático, cristão e dito civilizado.
Essa formatação (ocidental, democrático, cristão e dito civilizado) é balela, o caráter dessas forças é criminoso.