É importante recordar que a diferença entre o ramo ou ramos "obreiristas" que surgiam ao longo do tempo no seio da organização e o ramo "terceiromundista" não estava necessariamente no posicionamento ideológico Marxista-Leinistas (e mesmo Maoísta), mas na concepção organizativa da luta. Enquanto o primeiro grupo defendia uma única estrutura de comando tanto para a luta armada quanto para a luta puramente política, o segundo defendia uma separação completa das estruturas.
Em certo momento a divisão entre os dois ramos da ETA se confunde, pois tanto os militares quanto os político-militares acabam por formar braços políticos mais ou menos infiltrados pelos membros clandestinos e também era comum a migração de membros de uma para a outra ala da ETA: EHAS e posteriormente HASI como braços dos militares e que posteriormente formariam o Herri Batasuna e o EIA, depois Euskadiko Ezkerra (EE, coalizão do EIA com o EMK, ex-ETA Berri e outros) como braço dos polimilis, depois integrados no braço basco do PSOE (PSE-EE).
ETA(pm) - EIA (76) e EE (77 como coalizão com frações do HASI, EMK e ANV e 81 como partido). EE enfim se funde com o braço basco do PSOE.
ETA(m) - HASI (77, numa união com o partido EHAS) e HB (78, com HASI, ANV, LAIA e ESB, além de demais organizações que fazem parte da KAS)
A Koordinadora Abertzale Sozialista (Coordenadora Patriota Socialista, KAS) é prova desta confusão ao agregar lideranças de diversos partidos ligados diretamente ou não à ETA e também lideranças da ETA(m) e ETA(pm) – principal impulsionadora -, movimentos estudantis e sindicatos, em um único guarda-chuva, uma vanguarda para coordenar o Movimento Nacional de Libertação Basca.
Formado em 1974 para organizar a luta contra o fuzilamento de Txiki e Otaegi, a KAS passa por diversas transformações para finalmente se tornar a coordenação ou coordenadora de todas as ações das organizações que a ela haviam aderido na luta pela independência.
Apesar de ter sido a principal força impulsionadora, a ETA(pm) se retira juntamente com seu braço político da coordenadora em 1977, passando a participar da coalizão EE, enquanto a KAS passa a coordenar os trabalhos do Herri Batasuna e propõe a chamada Alternativa KAS, um conjunto de 8 propostas para a independência do País Basco a serem defendidas pelas organizações participantes e divulgadas pela primeira vez em 19751.
A ETA(pm) resiste até 1983, em meio à períodos de endurecimento da luta armada ou de maior interesse pela via política, quando finalmente se dissolve e os remanescentes se integram à ETA(m), agora novamente apenas ETA.
Bibliografia;
ARES, Mª Isabel Pérez. Principales acciones del Movimiento de liberación nacional vasco, la lucha contratterrorista y la reacción del pueblo. IH 20. 2000
LLERA, Francisco J. ETA: Ejercito Secreto y Movimiento Social. Revista de Estudios Políticos. Número 78. Outubro-Dezembro de 1992.
Parte de artigo apresentado no VI Seminário de Ciência Política e Relações
Internacionais da UFPE, em 19 de novembro de 2010