Já em 1964, na IV Assembléia do grupo, três correntes internas se formaram:
- Corrente "Culturalista" ou "Etnolinguista", liderada por Txillardegui e defensores de uma ETA mais ligada aos movimentos culturais bascos;
- Corrente "Obrerista", defensora de uma aproximação maior com os movimentos operários e até mesmo uma aliança com movimentos comunistas espanhóis na luta contra Franco;
- Corrente "Terceiromundista", defensora do estabelecimento de vínculos com as lutas de libertação nacional que aconteciam no terceiro mundo;
Esta divisão que surge já em 1964 termina por estourar em 1966-1967, na V Assembléia da ETA o ramo "obreirista" se divide em outros três grupos: ETA Berri (Nova ETA, que posteriormente sai da clandestinidade com a formação do partido político EMK), ETA Zaharra (Velha ETA) e o grupo Branka. Os dois últimos, representando respectivamente os "Terceiromundistas" e os "Culturalistas" permanecem na ETA.
Em 1970 se celebra a VI Assembleia e, novamente, a ETA se divide, desta vez em ETA-V Askatasuna ala hil (Liberdade ou morte) e ETA-VI Iraultza ala hil (Revolução ou morte), novamente opondo os setores mais próximos da ideia de guerrilha e luta armada e os "obreiristas", mais próximos de uma aliança com os setores revolucionários bascos e espanhóis.
Os membros da ETA-V, partidários do ideário da V Assembleia e que recusavam diminuir ou acabar com a luta armada, como proposto pelos membros da ETA-VI, tomaram o poder da organização após a entrada de novos membros vindos, mais uma vez, das juventudes do PNV, enquanto que a ETA-VI se dividiu em dois ramos que se integraram na Liga Comunista Revolucionária (setor majoritário) e na Organização Revolucionária dos Trabalhadores (seção do PCE). Outros acabaram por retornar à ETA.
Em 1973-74 uma nova assembleia é organizada, novamente com o nome de VI Assembleia (os que mantiveram o nome de ETA não reconheciam a assembleia anterior) e nesta se produz o racha mais importante da organização, em que se forma a ETA(pm) e a ETA(m), respectivamente ETA Político-Militar e ETA Militar.
Dois atentados coordenados pelo campo mais duro e radical da ETA, o assassinato do Almirante Carrero Blanco (1973) e o Atentado ao Café Rolando na Rua do Correio (1974), acabam por dividir novamente a ETA, cujo grupo "obreirista" se separa depois do primeiro atentado para formar o partido LAIA e os remanescentes se dividem entre os defensores de ações puramente militares ou ações militares coordenadas com trabalho político (remanescentes "obreiristas" e a maioria da organização).
As Assembléias da ETA durante o Franquismo:
1959-1963 - Duas primeiras Assembléias da ETA
- 1964 - III e IV Assembleías em que a ETA se divide entre Obreiristas, Terceiromundistas e Multicultarlistas;
- 1966-67 - V Assembléia em que a ETA se divide entre Berri (que sairá para formar o EMK), Zaharra e Branka (que formará o partido ESB em 76);
- 1970 - Primeira VI Assembléia em que a ETA se divide em ETA V e ETA VI, os primeiros defendendo a luta armada e o segundo grupo defendendo a via política. Os que faziam parte da ETA VI se integram na ETA V ou saem para agrupar partidos marxistas (LCR e ORT/PCE);
- 1973-74 - Segunda VI Assembléia em que a ETA V, agora apenas ETA se divide entre ETA(m) e ETA (pm) com um outro grupo sendo expulso e formando o partido LAIA;
- 1976 - VII Assembléia, ETA(pm) funda o partido EIA, posteriormente EE, primeira assembléia pós-Franco
Nota:
1. Os dados do capítulo vêm de pesquisa em diversas fontes bibliográficas, mas em especial de Llera, 1992 e Ares, 2000.Bibliografia;
ARES, Mª Isabel Pérez. Principales acciones del Movimiento de liberación nacional vasco, la lucha contratterrorista y la reacción del pueblo. IH 20. 2000
LLERA, Francisco J. ETA: Ejercito Secreto y Movimiento Social. Revista de Estudios Políticos. Número 78. Outubro-Dezembro de 1992.
Parte de artigo apresentado no VI Seminário de Ciência Política e Relações
Internacionais da UFPE, em 19 de novembro de 2010