A Globo não teve ter avaliado que um convite a Sílvio Berlusconi (dublê de fanfarrão e primeiro-ministro da Itália, banqueiro ainda por cima) para participar do BBB 11 transformaria essa edição do programa num marco da pornografia na televisão brasileira.
Nada contra pornografia, é problema de quem gosta.
Mas assim explícita, no horário nobre, entrando na casa de cada cidadão, cada família, putz! "A Zona em Casa" é o nome do negócio, e olha que Zona é um lugar de respeito se comparada com a Globo e muitas das nossas instituições.
As declarações feitas nesta semana que se encerra pelo ministro das relações exteriores da colônia norte-americana chamada Itália, senhor Franco Frattini, que "não quero ver Cesare Battisti nas praias do Rio de Janeiro", por si só são motivo para mandar o distinto passear em lugares não aconselháveis a famílias, ou se for o caso mandar o dito cujo pastar.
Uma ofensa de um governo – ele fala pelo governo – que usa palácios oficiais para bacanais e está envolvido em grossa corrupção, ligado ao terrorismo norte-americano (o grande feito do WikiLeaks, mostrar a sociedade doentia chamada EUA), a um País e a um povo como o Brasil e os brasileiros.
Pior, a embaixada da Itália procurou um deputado tucano oriundi – de descendência italiana –, remunerou-o adequadamente (é a prática dessa gente, como é prática de tucano vender seus serviços políticos), naturalmente pela porta dos fundos como aconteceu quando Gilmar Mendes era presidente do STF – Supremo Tribunal Federal – para tentar, através de uma ação, violar os direitos fundamentais do ser humano e submeter-se, cair de quatro, de joelho, na posição preferida, a um país em processo de falência em todos os sentidos, falo da Itália.
A Globo, como sempre, podre e corrupta, não mostra – nem a mídia privada – as várias manifestações feitas na Itália em favor da decisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, concedendo o status de refugiado político a Cesare Battisti, na mesma medida que setores do judiciário italiano discutem a validade do julgamento e da sentença imposta a Battisti por crimes não provados.
Aí aparece um chanceler desclassificado, o tal Frattini, um embaixador com a mala cheia de dinheiro para entrar pela porta dos fundos, um presidente do STF no Brasil incapaz de decidir se usa o vaso da direita e da esquerda, e vão todos acabar molhando as calças.
Orestes Quércia contava essa história (mudou muito depois, mas a história é válida). "Se um tucano estiver apertado, entrar no banheiro e encontrar dois vasos, faz na calça: não vai decidir a tempo qual vaso usar".
Quem não pode permitir esse acinte, esse tipo de ofensa, é o governo do Brasil, que se espera, tenha chanceler (até alguns dias atrás tinha, Celso Amorim, o que está aí precisa provar ainda, parece ser da turma do Jobim e aí dana tudo).
Não há o que discutir no caso de Battisti. É expedir o alvará de soltura e pronto. As leis brasileiras são claras, cabe ao presidente da República conceder ou não o refúgio político, negar ou não a extradição, o ato de Lula foi legítimo, corajoso e de acordo com os fundamentos legais.
A esculhambação, a tentativa de fraudar a lei, a vontade de cair de quatro vem é de setores da extrema-direita, de um presidente do STF sem estofo para o cargo que ocupa e de um ministro, Gilmar Mendes, que conduz os bastidores como se dono fosse do Brasil, como por exemplo é dono de vários jornalistas da Globo.
E até agora não vi reação do governo brasileiro a toda essa afronta.
Nesse aspecto é um mau começo, péssimo.
O embaixador da Itália pelo que tem dito do Brasil, pelo que tem feito, deveria ter sido escorraçado do País no primeiro momento, afinal, ao que parece, colônia norte-americana é a Itália, falida está a Itália, governo corrupto é o da Itália e processo fajuto contra Battisti foi montado na Itália.
Já imaginaram Sílvio Berlusconi no BBB 11? E naquela galera que fica do lado de fora da casa, como convidados de honra os ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluzo? Berlusconi correndo atrás das sisters e se proclamando Tarzã italiano? Tinha um, esqueço o nome, mas assim como fizeram faroeste espaguetti, fizeram Tarzã espaguetti. Levantava pedras imensas de muitas toneladas, todas de isopor.
Pobre Felini. Pobre Visconti. Pobre De Sica e vai por aí a fora.
Pedro Bial chamando Gilmar Mendes e Peluzo para analisarem a performance de Berlusconi, se dentro da lei, se obedecendo aos parâmetros que determinam estadistas?
O caso Cesare Battisti está virando um pantomima da pior qualidade por conta de interesses que não têm nada a ver com o legítimo direito brasileiro de dar refúgio a um perseguido político, mas com a vontade de entregar um escalpo a um bandido desclassificado como o primeiro-ministro italiano, com o objetivo de exibi-lo nas próximas eleições.
E não tem sido difícil encontrar "brasileiros" ávidos dos favores ao "Caesar" de araque.
A Itália quer ir ao Tribunal Internacional de Justiça em Haia? Pois que vá. E daí? Em qualquer tribunal isento o ato de Lula vai ser considerado perfeito do ponto de vista jurídico, ao contrário do julgamento farsa a que submeteram Battisti, à revelia, com base em delação premiada, num tribunal italiano.
Essa manipulação de mostrar parentes de "vítimas" de Battisti na mídia brasileira (controlada por grupos estrangeiros) faz parte do espetáculo.
Nunca é demais lembrar Debord em A sociedade do espetáculo.
"O indivíduo que foi marcado pelo pensamento espetacular empobrecido, mais que qualquer outro elemento de sua formação, coloca-se de antemão a serviço da ordem estabelecida, embora sua intenção subjetiva possa ser o oposto disso. Nos pontos essenciais ele obedecerá à linguagem do espetáculo , a única que conhece, aquela que lhe ensinaram a falar. Ele pode querer repudiar essa retórica, mas vai usar a sintaxe dessa linguagem. Eis um dos aspectos mais importantes do sucesso obtido pela dominação espetacular. O tão rápido desaparecimento do vocabulário anterior é apenas um momento dessa operação e concorre para ela".
No filme Simplesmente Amor, uma comédia sem maiores pretensões, sem nenhum papo cabeça, nada disso, há um casal que trabalha em filmes pornôs. A câmera os filma sem cenas explícitas, apenas sugestões. Terminada a sessão o rapaz vai para um lado, a moça vai para outro, mas se amam (coisa meio que de lado hoje), até que num momento, final do filme, confessam. "Finalmente transamos, nós nos casamos!"
Já que o negócio esculhambou de vez, por Berlusconi no BBB 11!