De onde provenhem as ideias corretas? Para os idealistas a resposta é fácil, com responder que venhem de deus ou que já estám no nosso cérebro, assunto concluído. Para os materialistas dialéticos a cousa já nom é tam singela, partimos que provenhem da prática social, principalmente dos três tipos de prática social: a luita pola produçom, a luita de classes e a experimentaçom científica.
Os materialistas respondemos sem nengum género de dúvida: existe o mundo independentemente da nossa consciência e, além disso, o homem e a mulher podem conhecé-lo. É dizer, existe a verdade objetiva e temos acesso a ela. Nom há nada nem ninguém que no-lo impeda.
Em troca, para os idealistas existem diferentes respostas a esse problema: uns, os idealistas objetivos mantenhem a cognoscibilidade do mundo, embora o fagam a partir das suas posiçons de partida falsas, erradas, idealistas; os outros, os idealistas subjetivos, os solipsistas, negam tal possibilidade afirmando que o único que existe é o homem individual, cada homem, com as suas sensaçons. Estes últimos som a pior espécie de idealistas.
Por último centremo-nos nos agnósticos, quem mantenhem que se bem existe o mundo exterior, “a cousa em si”, independente da nossa vontade, o homem nom pode conhecé-lo. É por isto que vacilam constantemente nas suas posiçons e som incapaces de sair por si mesmos do seu mar de dúvidas.
A teoria do conhecimento aborda o problema da verdade, do justo e o correto, de se a mulher e o homem é quem de conhecé-la ou nom, de qual é o critério que nos permite discernir entre o correto e o errado, entre o real e o falso, entre a verdade e a mentira.
Até a apariçom do marxismo, a filosofia debatia permanentemente à volta deste cruzial problema do conhecimento sem encontrar soluçom. As suas tentativas eram de balde, pois pretendia resolver este problema desde o ponto de vista pura e exclusivamente teórico. Marx nas suas “Teses sobre Feuerbach” assenta claramente que o problema da verdade objetiva nom é um problema teórico, senom que é um problema de caráter prático.
Na prática social a mulher e o homem mantêm toda classe de luitas e extraem ricas experiências tanto dos seus êxitos como dos seus fracassos. Inumeráveis fenómenos do mundo exterior objetivo reflitem-se no cérebro do homem e da mulher por meio dos órgaos dos sentidos –a vista, o ouvido, o olfato, o gosto e o tacto-.
Ao início o conhecimento é sensorial. É o passo que nos leva da matéria às sensaçons, do mundo exterior ao conhecimento sensorial, e que se consegue mediante a atividade prática dos homens e mulheres. A acumulaçom de suficiente conheciemnto sensorial produz um salto ao conhecimento racional, é dizer, às ideias. Este é um processo no conhecimento. É a primeira etapa do processo global do conhecimento, etapa que conduz da matéria objetiva à consciência subjetiva, da existência às ideias. Nesta etapa, ainda se comprova se a matéria ou as ideias refletem corretamente as leis do mundo exterior objetivo, embora nom poda determinar-se se som acertadas ou nom.
O segundo passo que nos leva das sensaçons à razom, do conhecimento sensorial ao conhecimento racional supom umha revoluçom no conhecimento, um salto qualitativo ao que se chega acumulando sensaçons e mediante um verdadeiro esforço no pensamento. Mao diz: “Aqui há que sublinhar dous importantes. O primeiro (…) é a dependência do conhecimento racional respeito ao conhecimento sensorial. É idealista quem considere possível que o conhecimento racional nom provenha do conhecimento sensorial … O conhecimento começa com a experiência: este é o materialismo da teoria do conhecimento”. Mais adiante continua: “O segundo ponto é que o conhecimento necessita aprofundar, necessita desenvolver-se da etapa sensorial à racional: esta é a dialética da teoria do conhecimento”1.
Estes dous passos constituem a primeira etapa do processo do conhecimento e vai desde a matéria objetiva à consciência subjetiva: ainda nom comprovamos se as nossas ideias reflictem corretamente as leis objetivas, se som justas. Apresenta-se entom a segunda etapa do processo de conhecimento, a que conduz da consciência para a matéria, a que aplica as ideias produzidas na primeira etapa à prática e comprova os seus resultados, as suas conseqüências. Despois das provas da prática, o conhecimento da gente realizará outro salto, que é mais importante ainda que o de antes. Esta é a teoria materialista dialética do conhecimento.
Orabém, com frequência é necessário que este processo que vai da matéria à consciência e desta de novo à matéria se repita muitas vezes, até que podamos atingir umha visom justa e acertada do mundo. Este é o único método científico do conhecimento ao que ninguém pode sustrair-se.
Esta etapa que conduz da consciência à matéria, das ideias à existência, é a etapa em que se aplica à prática social o conhecimento obtido na primeira etapa para olhar se essas teorias, princípios políticos, planos ou medidas conseguem os sucessos esperados. Em termos gerais, o que obtém sucesso é correto, e o que fracassa é um erro, isto sucede especialmente nas luitas das pessoas com a natureza. Na luita social, as forças que representam a classe avançada a vezes sofrem revesses, nom porque as suas ideias sejam incorretas, mas porque, na correlaçom de forças em luita, nom som, polo momento, tam poderosas como as forças inimigas, em conseqüência fracassam temporariamente, mas tarde ou cedo acabaram triunfando sob a reaçom porque representam o novo, o progresso e o futuro. Através da prova da prática produce-se outro salto no conhecimento na mulher e no homem. Este é mais importante que o anterior porque só este pode provar se é acertado ou é um erro o primeiro salto no conhecimento, ou seja, as ideias, teorias, princípios políticos, planos ou medidas formuladas no curso da reflexom do mundo exterior objetivo. Nom há outro meio de comprovar a verdade. Como tam acertadamente di Mao: “Quem queira conhecer umha cousa, nom poderá conseguí-lo sen entrar em contacto com ela, é dizer, sem viver (praticar) no mesmo meio dessa cousa (…). Se queres conhecer, tés que participar na prática, na transformaçom da realidade. Se queres conhecer o sabor de umha pera, tes tu mesmo que transforma-la comendo-a (…). Se queres conhecer a teoria e os métodos da revoluçom, tés que participar na revoluçom. Todo conhciemnto autêntico nasce da experiência direta”2.
Para o marxismo o problema mais importante nom é o conhecimento do mundo, mas a aplicaçom desse conhecimento para transformá-lo ativamente.
É assim como o conhecimento humano avança desde a apariência das cousas à sua essência, do particular ao geral e disto ao universal; do concreto ao abstracto, aprofundando, para voltar posteriormente de novo ao concreto; do superficial ao profundo, do unilateral ao multilateral. O conhecimento humano, considerado como um processo em avanço, nom estará nunca consumado de todo, porque a própria natureza do mundo e da matéria está cheia de infinitas contradiçons que se desbroçam e desenvolvem continuamente, polo que o conhecimento humano estará também em avanço e desenvolvimento onstante. O marxismo-leninismo reconhece como verdade e como guia porque os seus princípios se comprovarom e comprovam-se na prática da luita de classes revolucionária libertadora do proletariado e na luita pola independência das naçons oprimidas.
Prisom de Topas, Salamanca, 19 de março de 2012
Notas
1 Mao Zedong “Sobre a prática”.