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iuanChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Do colapso da Bolsa de Xangai à maior desvalorização do iuan em anos.


Foto: Karl Baron (CC BY 2.0)

Após a enorme queda da Bolsa de Xangai, que teve que ser contido com a forte intervenção do governo, o Banco do Povo (banco central) desvalorizou o iuan, a moeda local, em quase 2%, frente ao dólar. Foi a maior desvalorização desde a década de 1990.

A Bolsa de Xangai voltou a cair mais de 6% no dia 18 de agosto. Na realidade, pode ter sido pior. Mais de 600 empresas sofreram perdas superiores aos -10%. A volatilidade é gigantesca. Após a Bolsa de Xangai ter atingido o pico dos últimos sete anos, no último dia 12 de junho, perdeu 35% em apenas três semanas.

A desvalorização do iuan impacta em cheio, em primeiro lugar, as já convalidadas exportações dos países desenvolvidos. O efeito imediato pode levar ao aumento das exportações chinesas, mas o aumento da contração economia dos centros do capitalismo mundial atua no sentido oposto.

A liberalização do iuan faz parte do processo de liberalização da economia. Em março de 2014, o governo estabeleceu que a taxa de câmbio do iuan poderia flutuar até 2% diariamente. Em julho deste ano, o Conselho de Estado da China aumentou a faixa de flutuação para 3%. Na tentativa de conter a desvalorização do iuan, o governo chinês passou a queimar as reservas, em ritmo de US$ 40 bilhões por mês.

China: salvação do capitalismo ou mergulho na crise?

A economia chinesa representa a locomotiva do mercado manufatureiro mundial tecnologia de baixo e médio valor agregado. A China tem promovido bilionários investimentos em vários países. Mas ela é capaz de salvar o mundo da crise capitalista? A resposta só pode ser uma: não.

A China representa uma das potências médias do capitalismo mundial. O crescimento de 7% ao ano disfarça o fato de que em torno da metade desse “crescimento” são operações eminentemente especulativas. O país não faz parte do centro que é controlado pelos Estados Unidos, a Inglaterra, a Alemanha, a França e o Japão.

Os sinais da crise são inúmeros e o governo continua aplicando a política (que é aplicada em escala mundial) das emissões parasitárias de moeda podre. Mas a China não é a Grécia. A desvalorização do iuan foi a maior queda diária desde janeiro de 1994, quando o atual padrão único de câmbio fora adotado na China. A recente queda da Bolsa de Xangai mostrou o potencial do contágio mundial da crise capitalista na China. E há muitos outros fatores envolvidos: a bolha do crédito, a bolha imobiliária, a queda das importações, as crescentes dificuldades para exportar por causa da queda do consumo em escala mundial e a pressão militar norte-americana. A queda das exportações chinesas em 8,3%, no mês de julho, na comparação com o ano anterior, disparou os alarmes.

A queda dos preços das commodities (matérias primas) tem colocado em xeque a economia de vários países, inclusive a brasileira, onde, além do déficit da balança comercial, as ações Vale5 desabaram imediatamente após a queda da Bolsa de Xangai. O preço do petróleo despencou para os níveis que se seguiram ao colapso capitalista de 2008.

Nos países desenvolvidos, o S&P (índice Standard & Poor’s) de Nova Iorque, o FTSE Eurofirst 300, o Nikkei japonês caíram. Na Coreia do Sul, o índice Kospi também caiu. Grandes volumes de capitais especulativos foram direcionados para o “porto seguro” do estado, principalmente para os títulos públicos das principais potências.

O anunciado aumento da taxa de juros pela Reserva Federal norte-americana ficou comprometido. A política de juros baixos está na base dos trilionários repasses de recursos para os monopólios. Um dos pilares se encontra na venda de títulos do Tesouro Norte-americanos, a taxas que tem sido negativas nos últimos anos, e dos quais o Brasil é o quarto maior detentor. Mas essa política levou a dívida pública dos Estados Unidos a triplicar nos dos governos Obama, aumentando as pressões inflacionárias, apesar da propaganda demagógica sobre o pretenso perigo da deflação.


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