A exploração das riquezas naturais é apenas uma das ações realizadas por empresas transnacionais, que, para realizar a atividade, contaminam o solo e a água, expulsam os moradores locais, além de outras violações.
Por conta disso, não são raros os conflitos socioambientais envolvendo mineradoras no mundo. O Observatório de Conflitos Mineiros da América Latina, por exemplo, já registrou 145 conflitos em 16 países latino-americanos e caribenhos. Em relação a esses conflitos, estão implicados 170 projetos e 187 comunidades foram afetadas.
As manifestações contra as mineradoras tentam denunciar às autoridades e à sociedade as consequências deixadas pela atividade nas comunidades afetadas. Assim como os conflitos e explorações não acontecem apenas em um dia do ano, as mobilizações também não se restringem apenas ao dia de hoje.
Na Argentina, por exemplo, as ações já se intensificaram desde o início deste mês, quando moradores de Chilecito, localizado na província de La Rioja, marcharam contra os avanços de megaempreendimentos da política mineira. As ações contra a mineração seguem no dia de hoje e se estendem até o próximo sábado.
Em agosto, Argentina promoverá uma nova atividade sobre o assunto: o 13º Encontro da União de Assembleias Cidadãs (UAC), evento simultâneo à chegada de empresas chinesas como Shandon Gold Group e Hong Kong Betc Investment Group.
Na Costa Rica, as manifestações ocorrem desde o 12 de julho, quando centenas de manifestantes saíram da Casa Presidencial em uma "Caminha pela Vida" até Crucitas de San Carlos, na zona norte do país, local que a transnacional canadense Infinito Gold pretende explorar. Já a cidade de Montreal, no Canadá, será palco, hoje, de encontros, projeções e manifestações contra as mineiras.
México, Equador e Colômbia também não deixaram o dia de hoje passar em branco. No México, o bispo emérito de San Cristóbal de las Casas, Chiapas, Samuel Ruiz García, divulgou um manifesto no dia 28 de junho em que denunciou o caso da Mineira San Xavier na Colina de San Pedro.
De acordo com o manifesto, a empresa canadense New Gold, com a cumplicidade das autoridades estaduais e federais, vem causando danos enormes à população local. "À destruição de nosso ambiente e nossos vestígios históricos, soma-se à da nossa dignidade como cidadãos, soma-se também a perda de nossa soberania como país", declarou.
A situação não é muito diferente na Colômbia, país onde a também empresa canadense Goldfields pretende, com o apoio do Governo, fazer desaparecer o povo Marmato - localizado no departamento de Caldas - para explorar uma mina de ouro a céu aberto. A exploração está prevista para durar 20 anos. Caso ocorra, a população Marmato, assentada no local há 474 anos, poderá desaparecer.
Já no Equador, os manifestantes denunciam a destruição de petróglifos e a contaminação do rio Yungantza, na província de Morona Santiago, por parte da empresa mineira Dayanara, a qual realiza atividades de exploração de ouro no local. Os danos gerados pelo emprego de maquinaria pesada foram constatados até mesmo pelo Instituto Nacional de Patrimônio Cultural do Equador (INPC) que, entretanto, não conseguiu comprovar que a exploração mineira se localizava nos petróglifos.
Com informações de Observatório Latino-americano de Conflitos Ambientais e La Vaca