A consulta, acordada por uma ampla maioria política, foi anunciada solenemente esta manhã (12 de Dezembro) a seguir uma reunião no Palau da Generalitat (sede da presidência da Catalunha). A questão sera feita sobre a independência da Catalunha, mas em duas partes, onde só votando "sim" à primeira poderá-se responder à segunda, é dizer, sobre a independência do futuro Estado.
"Quem quiser uma mudança de estatuto político poderá-o votar, e quem quiser que for um estado independente poderá-o votar", disse o actual presidente do Governo catalão, Artur Mas, que qualificou a consulta de muito inclusiva e maioritária. Também agradeceu a "compreensão, generosidade, colaboração e sentido de País" de todas as formações políticas que assinaram o acordo, concluindo que "Sabemos que isto que temos nas mãos tem uma transcendência histórica muito grande e de futuro muito importante. Tínhamos que estar à altura das circunstâncias".
Por outro lado, a reacção espanhola não demorou, onde o ministro de justiça, Alberto Ruiz Gallardón, afirmou que "A consulta não se fará. O governo [espanhol] garante que não se produzirá nenhuma acção ilegal", explicando que a iniciativa catalã entraria em conflito com a legalidade espanhola, que nega o direito de auto-determinação dos povos e barra qualquer possibilidade de independência no marco vigente.
Pouco depois o presidente espanhol, Mariano Rajoy, falava palavras semelhantes assegurando que o referendo não terá lugar por ser "ilegal", sem importar-se nem com a vontade da maioria do povo catalão nem com os mais básicos princípios democráticos.
A proposta de referendo foi assinada pelos partidos CiU, ERC, CUP e ICV-EUiA, que somam 88 dos 135 deputados do Parlamento Catalão, e contam com inquéritos positivos, pois segundo estas estatísticas o duplo "sim" ganharia nestes momentos por um mínimo de 4 pontos.
O anúncio foi apoiado de forma quase imediata pela Assembleia Nacional Catalana (ANC), o Omnium Cultural e a Associação de Municípios pela Independência (AMI). Aguarda-se que muitas outras organizações mostrem também o seu apoio em breve, no que é esperado ser um longo e complicado percurso até a organização da consulta popular.