Há exatamente um mês desde que Gregorio Peces Barba dissera num Congresso Nacional da Advocacia decorrido na cidade andaluza de Cádis, com uma mestura de prepotência e humor bizarro de péssimo gosto, que “Desde que o conde duque de Olivares se encontrou com o levantamento dos catalães, que, a propósito, celebram as suas festas nacionais por derrotas, se tomou uma decisão: deixar os portugueses e ligar-nos aos catalães. Eu sempre digo de brincadeira: que passaria se tivéssemos ficado com os portugueses e tivéssemos deixado os catalães? Talvez nos tivesse ido melhor”.
Numa recente entrevista para o Diario Progresista, e ante uma pergunta referente àquela afirmação, o "pai" da Constituição monárquica de 78 responde para deixar bem clara a sua postura sobre a autodeterminação das nações sem estado, chegando mesmo a justificar os bombardeios que o exército espanhol já tem realizado sobre a Catalunha:
"O que se passa é que todos estes setores radicais da Catalunha têm muito pouco sentido do humor. Eu não disse mais que uma coisa a sério. Disse que a Catalunha nunca seria independente de Espanha e que, se se desse essa circunstância, nunca poderia entrar no mercado comum, porque outros países teriam problemas similares e o efeito contágio poderia ser muito perigoso para a França, para a Itália, para a Alemanha, para a Bélgica. Que nunca se ia consentir que, em um Estado que tinha uma unidade há mais de quinhentos anos e que era soberano desde que o conceito de soberania aparece no mundo moderno no final do século XVI, isso se produzisse.
Todo o demais era em chave de humor. Naturalmente, prefiro estar com a Catalunha, e nisso aceito o que disse o Conde-Duque de Olivares de preferir se ligar à Catalunha antes que a Portugal. Depois esteve o do escândalo dos bombardeios. Houve que bombardear muitas vezes Barcelona, a última no ano trinta e quatro. E por que o general Batet fez aquilo? Pois porque a Generalitat proclamava a república catalã dentro de uma confederação ibérica que eles tinham inventado."
Também houve tempo para advogar por umha reforma da lei eleitoral espanhola que diminua "a influência nefasta dos nacionalismos que tiram sempre partido do sistema atual". Nacionalismos de libertação, entende-se. Os que bombardeiam cidades tenhem umha influência bem mais beneficiosa, ao que parece.