Foto de Adega - Concentraçom em Ferrol (Galiza) por medidas para deter a mudança climática.
Portanto, e além de que pela primeira vez a todalidade das partes (195 países) reconhecem e assumem como prioritária a luta contra a mudança climático -que não é pouco-, a falha de compromissos concretos e obrigatórios para os países signatários supõe a perda de uma oportunidade histórica e um frustrante passo atrás. Por exemplo sobre as emissões poluentes, fala-se de que os países deverão atingir o tecto de emissões de gases "o antes possível", mas sem estabelecer objetivos obrigatórios por país... Como!?
Além desta falta de compromissos concretos, obrigatórios e temporalizados para a redução de gases, o texto aprovado amostra também preocupantes eivas:
- Não aposta no abandono dos combustíveis fósseis, senão que fala de um "balanço neto zero" ou "equilíbrio climático" para depois do 2050, de modo que as emissões sejam compensadas pelas capturas. Compensar as emissões em vez de reduzí-las é uma concessão à indústria energética suja, que pretende continuar com o seu negócio poluente plantando árvores ou sequestrando CO2 em depósitos tipo Cástor.
- Aposta em continuar com o mercadeo de gases entre as indústrias e pelos mecanismos de compensação ou desenvolvimento limpo, sistemas que só servem para que as grandes corporações poluentes continuem especulando com o clima.
- Deixa fóra de controlo às emissões geradas pelo transporte marítimo e aéreo, muito intensivos nas emissões de gases e nos que pouco ou nada se tem feito para substiuilos por sistemas menos poluentes. Também não aposta por abandonar aqueles sistemas de extração e geração de energia mais impatantes, como o "fracking" e as areias bituminosas...
- Sobre o financiamento, conclui-se que é preciso fornecer 100.000 milhões de euros até o 2015, mas não como uma decisão vinculante e separada por países. Quem e como vão pôr pois o dinheiro imprescindível para, quando menos, parar as consequências da mudança climática que já levamos padecendo décadas?
Em definitiva, trata-se de uma oportunidade perdida numa luta em que nestas alturas, a cidadania aguardava mais alguma coisa do que o reconhecimento unânime de um problema que, aliás, até faz muito pouco tempo era mesmo negado por muitos dos assinantes.