As sinalizações de trânsito que indicam cidades palestinas nas estradas da Cisjordânia têm sido substituídas cada vez mais por placas que indicam apenas localidades de assentamentos israelenses na região, reportou a emissora Al Jazeera nesta quarta-feira (04/02).
Segundo o veículo, não apenas os nomes das localidades palestinas muitas vezes estão ausentes nas placas de rua, mas em alguns casos, até mesmo as grafias árabes de nomes hebraicos são apagadas das rodovias.
Embora a Cisjordânia esteja sob controle da ANP (Autoridade Nacional Palestina), a região é alvo de constantes construções de assentamentos israelenses, classificados como ilegais de acordo com as leis do direito internacional e conforme os protocolos da ONU.
Há tempos, as autoridades israelenses proibiram a ANP de Mahmoud Abbas de colocar os seus próprios sinais de trânsito para se referir a cidades e aldeias palestinas, principalmente na zona C, que representa mais de 60% da Cisjordânia sob controle israelense.
De acordo com um relatório das Nações Unidas, essas estradas são principalmente de uso israelense e ligam especificamente assentamentos na Cisjordânia para o outros pontos de colonos e para Israel. A organização alega que o acesso de palestinos por essas rodovias está sujeito a postos de controle, bloqueios e um sistema de licenciamento para os veículos palestinos.
"Nós nos acostumamos com o nome da área escrito em hebraico, porque não existem outras placas", reclamou um motorista de táxi à emissora Al Jazeera. "Nós demoramos muito para chegar aos destinos por aqui. Temos que pedir indicações o tempo todo", acrescenta outro.
A ocupação militar israelense na região dificulta o trajeto de palestinos, que são obrigados a passar diariamente por uma série de constrangimentos e de obstáculos de infraestrutura, incluindo blocos de concreto do muro da segregação e cerca de 100 postos de fiscalização fixos.
Para além disso, críticos afirmam que essa alteração também afeta a memória palestina por meio da da manipulação visual e linguística. De acordo com Abaher el-Sakka, professor de ciências sociais na Universidade de Birzeit, o perigo representa "apagar a memória do lugar e usar nomes que servem aos interesses dos colonizadores, o isso significa que o sucesso final do projeto colonial".