Segundo o informe, este vazamento ocorreu em fins do ano passado, no mês de dezembro, quando alguns advogados solicitaram os documentos sobre a exportação de armas israelense para Ruanda durante esse genocídio de 100 dias, que acabou com a morte de um milhão de pessoas.
No entanto, até essa data, os tribunais israelenses conseguiram evitar a publicação desses dados para esconder a relação israelense com o caso, já que poderiam colocar em perigo a segurança do regime de Tel Aviv e de seus cidadãos.
Depois de assegurar que essa brutalidade foi executada por meio de rifles, balas e granadas, entre outros tipos de armas, a investigação indica que o regime de Israel ajudou a intensificar essa tragédia.
Com o objetivo de esclarecer os capítulos mais obscuros das exportações de guerra do governo de Israel, um grupo de advogados e ativistas israelenses manifestou que "a venda de armas israelenses aos governos que cometeram genocídio" é injustificável.
Neste sentido, o advogado Eitay Mack, citou uma das comerciantes israelenses de armas, Sara Leibowitz-Dar, que após sua visita ao "vale da morte" de Ruanda na época, mostrou-se orgulhosa de suas armas terem ajudado a matar imediatamente as vítimas.
De sua parte, o professor Yair Auron apontou que "enviar armas a um país onde está ocorrendo um genocídio é o envio de armas à Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial".
O informe evidencia, também, a "profunda implicação" do então ministro israelense de assuntos estrangeiros, Shimon Peres, e do primeiro ministro e ministro de assuntos militares, Isaac Rabin, pois essas armas foram enviadas do aeroporto Ben Gurion, feito que necessitava de seu conhecimento e aprovação.
6 de abril de 1994 passou a ser uma data macabra não apenas para a história de Ruanda, mas para a história da humanidade.
Nesse dia, o avião em que viajava o presidente da Ruanda, Juvenal Habyarimana, foi atingido durante a aterrissagem por dois mísseis, ocasionando sua morte.
Habyarimana, que chegou ao poder declarando um golpe de Estado em 1973, era da etnia hutu, a majoritária do país. Imediatamente, os hutus atribuíram a morte de seu líder a seus opositores: os tutsis, contra quem protagonizaram uma guerra civil anteriormente, em 1990.
Portanto, o conflito interno ruandês ganhou em crueldade e se converteu em um enfrentamento de grande escala, que alcançou todos os cantos do país. O extermínio se prolongou até julho e acabou, segundo as Nações Unidas, com a vida de um milhão de pessoas, a maioria delas tutsis.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB).