Com outro nome, a ocupação dos EUA/NATO vai prosseguir no Afeganistão e uma eventual retirada completa do território depende de condições praticamente impossíveis de atingir.
A propaganda norte-americana afirma que amanhã, 31, chegam ao fim 13 anos de «missão» no Afeganistão e que a promessa eleitoral de Barack Obama será finalmente cumprida. A verdade, é que, com outro nome, a ocupação imperialista prossegue, uma vez que milhares de tropas estrangeiras ficarão no território pelo menos até 2016.
A base da permanência é um Acordo de Segurança Bilateral (BSA, na sigla inglesa) formalizado no passado mês de Setembro entre Washington e Cabul, no quadro do qual os EUA mantêm 9800 militares e a NATO pelo menos outros dois mil, quer para treino das forças afegãs quer para acções de combate.
A capital do país continua a ser o quartel-general do ocupante, mas os EUA e a NATO operam bases em nove regiões. Os militares estrangeiros não estarão sujeitos às leis afegãs e os bombardeamentos com aviões-não tripulados (drones), intensificados sob os mandatos de Obama, vão continuar, incluindo no vizinho Paquistão.
Pouco muda, portanto, para se falar em desfecho do mais longo conflito em que se envolveram os EUA, que chegaram a ter mais de 100 mil soldados no terreno e contabilizam 68 por cento dos mortos e o maior número de feridos, estropiados e inválidos de guerra entre as quase 50 nações que enviaram contingentes para o Afeganistão a partir de 2002.
Não está igualmente afastado o cenário de novo regresso em força dos EUA/NATO a um país onde os senhores do ópio – cuja produção bate recordes sucessivos desde a invasão – dominam a sociedade, da economia à política; onde a corrupção e o desbaratamento dos fundos destinados à reconstrução são a regra; e a violência atinge níveis de calamidade só comparáveis à devastação humana e social provocada por anos de ocupação.
São as próprias autoridades afegãs e norte-americanas quem frisa que o futuro do Afeganistão é demasiado incerto e inseguro. O BSA estará em vigor até 2024 e a sua derrogação depende da evolução da situação no terreno, admitem ainda, dizendo, por meias palavras, que uma retirada completa está praticamente descartada face ao cenário de um Estado onde a autoridade e a soberania são uma caricatura triste.