Face ao desrespeito de Marrocos pela legalidade internacional e à inércia da comunidade internacional, o povo sarauí "não terá outra escolha senão regressar à luta armada", avisou o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Árabe Sarauí Democrática aos microfones da Radio Algérienne.
"Marrocos tem todas as características de um Estado colonial e as suas tentativas de se furtar aos compromissos e decisões colocaram-no num isolamento sem precedentes e em confronto com as instâncias internacionais dos diretos humanos", acrescentou Ould Salek.
As declarações do responsável pela diplomacia sarauí são a resposta ao discurso de Mohamed VI na semana passada, quando assinalou a passagem do 39º aniversário da anexação do Saara Ocidental por Marrocos. "Marrocos vai continuar no seu Saara e o Saara vai continuar a fazer parte de Marrocos até ao fim dos tempos", afirmou o monarca marroquino.
"O discurso do soberano marroquino veio demolir a credibilidade dos argumentos usados por aqueles que, no Conselho de Segurança da ONU e noutros lados, estão empenhados em fazer crer à comunidade internacional que a parte marroquina está a cooperar nas negociações com vista a uma solução pacífica" do conflito, acusou Ould Salek.
É justamente o desrespeito pelo acordado nas negociações que previam o direito à autodeterminação do povo sarauí que tem feito aumentar "a pressão exercida pelos sarauís para o regresso à luta armada para obter a liberdade e a independência", afirmou o responsável pela diplomacia sarauí. Salek voltou a apelar à União Africana e aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que assumam as suas responsabilidades de encerrar o processo de descolonização do Saara Ocidental, permitindo ao povo sarauí exercer o seu direito à autodeterminação