O “Jornal de Negócios”, desta terça-feira, dá conta de uma análise, publicada em julho passado pelo JP Morgan - um dos maiores bancos do mundo, à repercussão dos conflitos armados na economia mundial.
Segundo o documento, a guerra em dez áreas/países já matou mais de mil pessoas no último ano: Ucrânia, Israel/Gaza, Síria, Afeganistão, Iraque, Paquistão, Nigéria, Congo, Sudão do Sul e Líbia.
Noutros dez países registaram-se mais de 200 mortos no último ano: nomeadamente em Somália, Iémen e República Centro-Africana.
Estes conflitos envolvem 12% da população mundial e situam-se em zonas que abarcam 9% da população petrolífera mundial, afetando cada vez mais a economia mundial.
Segundo o jornal, em julho passado 28% dos inquiridos pelo Bank of America, o dobro do mês anterior, considerou que o alastrar dos conflitos armados é o maior risco que o mundo tem pela frente.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, declarou aquando da última reunião mensal da instituição: “Não há dúvidas de que se olhar para o mundo hoje conclui que aumentaram [os conflitos armados]: Rússia, Iraque, Síria, Líbia (...)”. Draghi destacou ainda a crise ucraniana, que terá “um impacto mais forte na zona euro do que em outras zonas”.
O jornal dá também conta de que alguns analistas consideram que os mercados financeiros estão a desvalorizar os riscos geopolíticos. “A liquidez abundante entorpeceu os mercados. Ninguém quer apostar esse poder de fogo” referiu à Bloomberg Raj Hindocha, diretor de Research do Deutsche Bank, em Londres.
Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, considera, no entanto, que os riscos geopolíticos aumentaram”, mas ainda “não têm repercussões macroeconómicas”.
É difícil levar a sério esta declaração de Blanchard, quando as zonas de guerra envolvem 9% da produção petrolífera mundial e a guerra económica aumenta entre EUA/UE e Rússia, com sanções e contra-sanções.
O agravamento dos conflitos armados no mundo e o crescente militarismo das grandes potências, nomeadamente EUA e UE, junta-se assim à política austeritária e aos conflitos económicos, tornando-se um traço importante da evolução do mundo com a crise financeira e económica mundial, iniciada em 2007.