Presidente russo Vladimir Putin. Foto: United Nations Photo (CC BY-NC-ND 2.0)
Novos protestos, no sentido dos protestos de 2010, voltarão a acontecer. A intensidade dos protestos será menor devido à maior unidade nacional, existente no momento em torno ao governo liderado por Vladimir Putin, contra o perigo das agressões externas e do terrorismo.
Em 2016, a economia ainda continuará em recessão, mas, no fundamental, a situação será mantida sob controle. As sanções, impostas pelo imperialismo por causa da crise da Ucrânia e da anexação da Crimeia, serão mantidas. A Alemanha lidera sua aplicação, apesar das pressões dos industriais alemães, com o objetivo de manter controlada a direita que governa os países da Europa Oriental. Mas o governo alemão manterá os objetivos estratégicos da relação com a Rússia, o fornecimento de energia, com a construção do novo gasoduto Nord Stream 2, e o avanço em relação ao Novo Caminho da Seda Chinês, do qual a Rússia é o pivô para incluir a Europa. A União Eurasiática continuará sendo fortalecida para facilitar o comércio com a Rússia e a China de maneira indireta, ultrapassando as sanções. O papel de pivô entre a Rússia e a Europa, que anteriormente era cumprido pela Ucrânia, agora terá na linha de frente a Bielorrússia.
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A Rússia continuará a ser impactada em cheio pelo aprofundamento da crise capitalista, as dificuldades para aceder ao crédito no mercado mundial, os baixos preços do petróleo e a crise econômica. Embora em linhas gerais o governo da Federação Russa conseguirá controlar o colapso econômico, inevitavelmente, este virá em 2017.
As grandes empresas terão vencimentos das dívidas externas muito menores que em 2015, mas serão afetadas pela recessão regional e mundial. O rublo, que perdeu a metade do valor em 2015, continuará se desvalorizando, acelerando a inflação por causa do aumento dos custos dos produtos importados.
Os protestos sociais serão menores que os de 2010. O controle do aparato de segurança será mantido muito ativo sobre a política da luta contra o terrorismo.
Além do gasoduto Nord Stream 2, os maiores investimentos serão direcionados no sentido do fornecimento de energia para a Índia e a China. A tentativa do governo russo de receber pagamentos por adiantado, como contrapartida pelo fornecimento de energia e condições de investimento favoráveis, não virá nos prazos e na velocidade desejada por causa do aprofundamento da crise capitalista, particularmente na China.
As exportações de armas, que, em 2015, somaram US$ 40 bilhões, continuarão avançando como um dos carro-chefes da economia russa. A atuação militar na Síria poderá ser ampliada ao Iraque e à Líbia. A Federação Russa usará os campos de batalha como “show-rooms” para alavancar as vendas de armas. Acordos pragmáticos serão ampliados com a Arábia Saudita, o Egito, Israel e outros regimes reacionários. Mas a aliança com o Irã continuará sendo um ponto estratégico no Oriente Médio.
Na eleições legislativas de 2016, o Partido Rússia Unida continuará sendo o grande vencedor. A direita pró-imperialista não conseguirá levantar cabeça por causa das medidas já adotadas pelo governo Putin, além de outras que possam vir a ser adotadas.
As contradições entre as várias facções do governo Putin continuarão aumentando conforme a crise continuar se desenvolvendo. Na área econômica, aparecerá, em primeiro lugar, a disputa entre as grandes empresas de energia e militares. Uma saída provável para a crise desse setor será a privatização parcial das empresas de energia, o que já vem sendo avaliado em relação à Rosneft e à Gazprom, entre outras.
A influência do presidente Vladimir Putin continuará alta, mas em declínio.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.