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paqchinaChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O investimento bilionário dos chineses, que se repete em outros países, e que está na base do impulso à aliança China-Rússia-Alemanha, contra os Estados Unidos, mas com as inúmeras contradições, e que fazem parte da política do "salve-se quem puder" (alimentada pelo aprofundamento da crise capitalista).


A inclusão do Paquistão no Novo Caminho da Seda

Recentemente, o presidente chinês Xi Jinping visitou o Paquistão, o principal cliente de armamentos da China. Além do apoio ativo ao programa nuclear, mais de 3/4 do armamento do exército é chinês. A força aérea receberá em breve 260 jatos chineses.

O objetivo foi incluir o país no Novo Caminho da Seda "de uma tacada só". Foram assinados mais de 50 novos acordos.

Leia também: O "Novo Caminho da Seda": verdade ou fantasia? (Parte I)

A China investirá US$ 46 bilhões (US$ 11 bilhões em infraestrutura e US$ 35 bilhões em energia) com o objetivo de criar o corredor que unirá a região ocidental chinesa de Xinjiang, a partir da cidade de Kashgar, com o porto paquistanês de Gwadar, por meio de uma rede de ferrovias, estradas e projetos energéticos. A extensão de três mil quilômetros representa um dos principais componentes da "Nova Rota da Seda" que facilitará o escoamento das exportações chinesas através do Oceano Índico. US$ 15,5 bilhões têm como destino o desenvolvimento de projetos de energia com o objetivo de duplicar a capacidade atual e conectar os dois países por fibra ótica.

Os fundos do BAII (Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas), de US$ 50 bilhões, e do qual participam aproximadamente 60 países, e os US$ 40 bilhões destinados ao Fundo da Rota da Seda não serão usados no empreendimento. Desta maneira, a China se tornou o principal investidor no Paquistão. O investimento dos Estados Unidos no Paquistão, desde 2008, é de US$ 7,5 bilhões e tem sido destinado diretamente à compra de armas norte-americanas.

O porto de Gwadar está localizado na província de Balochistão, onde existe um poderoso grupo separatista e a crescente exposição ao contágio das áreas tribais do Paquistão. A região é muito rica em ouro e outros minerais. O porto, que é operado por Singapura, mas em breve passará a ser operado pelos chineses, se encontra localizado perto da fronteira com o Irã, um importante fornecedor de petróleo e gás, e a apenas 500 quilômetros de outro nó crítico no fornecimento de petróleo, o Estreito de Ormuz. A distância de Gwadar até a fronteira é de apenas 80 quilômetros, onde já existe um gasoduto de 900 quilômetros que conecta com o mega campo de Pars do Sul.

Os chineses nas barbas do Golfo Pérsico

O projeto contém a influência da Índia na região e fortalece o Paquistão como aliado de primeiro nível. Ao mesmo tempo, o projeto tem como objetivo conter a escalada da ameaça dos grupos guerrilheiros em Xinjiang. É uma das regiões mais pobres do país, habitada por apenas 22 milhões de pessoas, predominantemente Uyghurs, que mantêm contradições com a maioria Han.

Uma das condições colocadas pelos chineses para o investimento no corredor paquistanês é que o Talibã seja derrotado no país. Essa tarefa não parece ser fácil, já que o exército tem fracassado apesar das várias ofensivas realizadas nos últimos anos. Desde o mês de junho do ano passado, o exército paquistanês tem promovido uma intensa campanha de bombardeiros aéreos contra os guerrilheiros nas áreas tribais, apesar dos vínculos que mantém com algumas das facções.

O corredor paquistanês também tem como objetivo integrar o Afeganistão e a Birmânia. Ao mesmo tempo, a Marinha chinesa será posicionada nas barbas do Golfo Pérsico.

Os Estados Unidos aumentaram a pressão e conseguiram colocar a Índia fora do corredor e do acesso ao gás iraniano de Pars do Sul, pelo menos por enquanto. Os monopólios norte-americanos sempre estiveram interessados, desde o governo de Bill Clinton, no duto Trans- Afeganistão, que tem sido implodido, até o momento, por causa do fracasso da invasão norte-americana.

O gasoduto Irã-Paquistão será finalizado a um custo de US$ 2 bilhões. Desta maneira, uma parte importante do fornecimento chinês de petróleo deixará de passar pelo Estreito de Malacca. A diminuição dos riscos relacionados com o fornecimento de energia do Oriente Médio, e os problemas dos estreitos de Ormuz e Malacca, é fundamental para uma economia cuja desaceleração tem provocado a crescente ascensão do movimento operário. Pelo primeiro passa 20% das importações de petróleo. Pelo Estreito de Malacca, que divide Singapura ao norte e Indonésia ao sul, passa 80%.

Em maio, o Paquistão poderá ser declarado membro pleno da SCO na plenária que acontecerá em Astana, Cazaquistão.

A próxima escala do Novo Caminho da Seda são as cinco repúblicas da Ásia Central, ricas em petróleo, gás, ouro, cobre, urânio, carvão e agricultura. Estão em andamento a autopista de Kashgar a Osh (Quirguistão) e a linha férrea de Urumqi a Almaty, no Cazaquistão. Desta maneira, a rota do comércio chinês com a Alemanha terá o tempo reduzido de 35 dias (pela via marítima) para 20 dias.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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