Umha vida marcada polo compromisso intelectual com a história. Indubitavelmente, o inteletual vasco mais importante da segunda metade do século XX.
Engenheiro, lingüista, autor do primeiro romance em Euskera, a melhor homenagem que se lhe pode oferecer é o reconhecimento da sociedade ao seu contributo graças ao qual a língua basca está na rua, gozando de grande vitalidade.
Vamos ter a ocasiom de um encontro com um homem de grande transcendência, testemunha ativa na evoluçom de grande parte dos acontecimentos que nos dias de hoje conformam a atualidade de Euskadi.
É de grande importáncia que apenas na sua relaçom com inteletuais bascos que nom estám, ou expondo o que significárom para a cultura e a literatura os seus homólogos noutros paises, podamos situá-lo no nível que lhe corresponde. Jose Luis Alvarez Enparantza é parte fundamental da mudança de rumo positivo na história social do Euscaro.
Umha língua e umha literatura historicamente assentadas em limites críticos para a sua sobrevivência. Poderíamos dizer que Txillardegi atuou contribuindo notavelmente para dotá-la de grande capacidade de resistência. Graças a isso, hoje possuímos umha lingua viva e umha literatura contemporánea e com futuro em Euscaro.
Até aqui achamos esta, umha oportunidade extraordinária, mas nom isenta de controvérsia polo seu perfil perante a sociedade. Isto nos mantém em vilo para realizarmos a nossa tarefa, se possível, com o máximo respeito e responsabilidade. Sabemos que a polémica está presente desde o momento que isto for publicado. Às vezes, quer polo desconhecimento de alguns, quer polo perigo que supom sempre a ignoráncia dalguns outros. Mas, ainda assim, quer também da perspetiva crítica, de quem, ainda que licitamente enquanto exercem umha análise sesgada baseada en critérios que nom tenhem en conta o contexto histórico, em lugar de optarem pola síntese que infelizmente costuma realizar-se com justiça enquanto a vida dumha pessoa se escreve nos livros de história, ou com o passar do tempo a crítica fai-se morna, permitindo que a pessoa-personagem finalize situado no lugar que lhe corresponde.
Nós nom achamos preciso e de justiça aguardar, é assim que, daqui, rendemos homenagem a este grande intelectual, José Luis Álvarez Enparantza. Reunimo-nos com Txillardegi num café no centro de Donostia, perto de onde mora Jose Luis. Aproxima-se com ritmo sossegado, elegantemente e com txapela, disposto para as inclemências do inverno. Passarom já 81 anos dumha vida intensa em que esta mesma cidade o viu nascer. Apenas uns minutos para nos surprendermo gratamente com o seu vigor intelectual.
Após acomodarmo-nos, de acordo com ele, começamos a gravar a conversa...
TX: Podes gravá-lo todo. Agora vós veredes se é possível ou nom publicar, já relatei a minha vida tantas vezes...
Você conhece já TINTIMÁM e tivo a possibilidade de comprovar a sua publicaçom em galego-português. Talvez isso lhe resulte estranho, mesmo se lhe digo que o facto de a publicarmos em galego-português suscita muitas críticas por parte de alguns.
TX: Lembro que o próprio Castelao dizia que havia duas Galizas, a que ficou e a que fugiu face Portugal, "lá ficou metade da nossa terra, de nosso espírito, da nossa lingua, da nossa cultura, da nosssa vida, do nosso ser nacional".
Eu se fosse galego seria lusista. Essa seria também a opçom de Coromines o grande linguista catalám. Corominas dizia que na península existiam quatro idiomas: Vasco, Catalám, Castelám e Galaico-português. O Bloque Nacionalista Galego tivo umha muito boa oportunidade no governo e agora, nom compreendo o BNG em sua postura com respeito ao idioma. Deveriam manter umha posiçom favorável ao reintegracionismo.
No BNG sei da existência de posicionamentos mais radicais, mesmo marxistas-leninistas, mas com qualquer umha questom e com o idioma demonstram com clareza o seu regionalismo. Dita posiçom nom é favorável para ninguém.
Temos muito em comúm Galiza e Euskal Herria, duas terras belíssimas e onde é possível viver bem.
TX: Cá temos 800 presos, exilados, a situaçom aqui nom é nada agradável.
A sua relaçom com a Galiza começou na juventude quando escreveu a sua primeira novela, Leturiaren egunkari ezkutua (O diário oculto de Leturia) em 1956.
TX: Sim. Estivem em Ferrol, fazendo o serviço militar e foi lá onde escrevim o meu primeiro romance. Foi daquela que me apaixonei pola Galiza que é a minha segunda pátria, como já dixem em muitas ocasions. Ferrol, Pontedeume, Betanços, todo aquilo é muito belo. Ainda recordo sendo alferes, vinham-me pedir o visto-bom para o almorço, muitos deles ao falarem-me achavam estarem falando em espanhol, mas falavam português sem possuirem consciência disso. Lembro palavras como "acolá".
Tem qualquer cousa a ver a viagem interior de Leturia, com o que escrevera na Galiza?
TX: A saudade, nom? Se nom houver saudade há que ir na sua procura aonde for. (risos). A Galiza toda
é maravilhosa. Em Vigo recordo até o Hotel, em frente, Cangas do Morraço. Costumava ir muito a Padrom, à morada da Rosalia... recordaçons muito emotivas para mim. Desde aquela estivem lá várias vezes e comprei livros, lim e tenho muitos livros. Rosalia de Castro, é umha grande referência para mim. De facto, escrevim um ensaio sobre ela no meu último livro, Horretaz (2007), (acerca disso). A Rosalia de Castro se deve o "Ressurgimento" das letras galegas.
(Agora tem mais um livro em galego para a sua biblioteca, figemos-lhe entrega dum exemplar de "Moxenas a memória do son: vida e obra dun gaiteiro", de Miguel Pérez Lorenzo).
Comecemos por entrar na temática do purismo lingüístico...
TX: O purismo lingüistico também nom é recomendável. Aquí, por exemplo, temos Lizardi (poeta basco dos anos 30), escrevia em Euscaro completamente purificado, e de tam puro, estava muito afastado do Euscaro popular e às vezes nem se compreendia. Um outro tipo de purismo, o de Orixe (Nicolás Ormaetxea, escritor basco dos anos 30-50), populista, mas muito longe dum modelo de língua normal e prático. Com Orixe eu próprio tivem muitos desacordos durante a minha juventude.
Quiçá porque politicamente era um reacionário?
TX: Sim. Orixe era um reacionário, quiçá seja essa a palavra. Por exemplo, enquanto chegou a guerra, Orixe tinha grandes reticências para ir com os republicanos, já que achava que estavam mais a esquerda. O PNV um partido excessivamente esquerdista! (risos).
Mas o PNV de Mitxelena (Koldo Mitxelena, o lingüista vasco mais importante das últimas décadas) nom era o PNV de Orixe.
TX: Sim, claro, Mitxelena era e foi até o fim o homem de confiança de Juan de Ajuriaguerra, o que nós chamávamos o almirante do PNV, já que ele eram quem ordenava.
E graças a Mitxelena temos um Euscaro unificado moderno?
TX: Graças a Mitxelena foi possível fixar um modelo de Euscaro moderno, o Euscaro batua (unificado), mas nom todos aceitárom isto, houvo um grupo que nom aceitou as resoluçons da Euskaltzaindia (Academia da Língua Vasca) esse grupo ainda existe, mas de jeito residual. Mas a grande maioria aceitamos o modelo proposto por Mitxelena.
Foi na realidade umha proposta de Mitxelena, ou tivo também um grupo de gente jovem com você à cabeça que impulsionárom para a frente o processo?
TX: Eu acho que nós estávamos, na verdade, empurrando. Mitxelena também costumava dizer que ele nom podia desenvolver aquilo que à juventude correspondia. Mas que, por exemplo, a proposta nesses momentos, nos anos 50-60, propuseram qualquer uns fazer a unificaçom tendo como base o Labortano de Leizarraga (autor da primeira traduçom da Bíblia ao Euscaro em 1571) era em excesso arcaizante. A pouca força que o Euscaro possuia concentrava-se em Gipuzkoa, a partir de aí devia gerar-se a unificaçom, mas com a incorporaçom de elementos do Euscaro Labortano, por exemplo, a utilizaçom da letra -H- que depois gerou tanta polémica.
Mesmo assim nom era umha proposta suficientemente guipuscoana para muitos.
TX: Claro, com certeza, por exemplo, a utilizaçom do -H- nom era admissível para muitos, provocou umha terrível polémica. Havia muita gente do PNV que nom admitia.
Porque se produzírom esses desencontros?
TX: O primeiro é que alguns do PNV ainda andavam a pensar numha soluçom de tipo biscainho, o que em última instância leva a propugnar três ou quatro modelos distintos, cada um para o seu dialeto. Mitxelena, felizmente, adoptou a via prática, a que depois acaba por se impor.
Neste processo, você tivo um papel protagonista de primeira ordem e insistiu em que a unificaçom era questom inadiável, havia que fixar um modelo de língua unificado de forma urgente. Em concreto, você foi quem liderou o congresso de escritores de Baiona, em 1964, onde se adoptárom muitas das decisons que depois fôrom ratificadas no congresso de unificaçom de Arantzazu em 1968, onde se aprovou oficialmente a proposta de Mitxelena que é a ata oficial do nascimento do Euscaro batua. Mas a proposta de Mitxelena em muitos aspetos dava base teórica com rigorosidade às propostas de Baiona.
TX: Eu achei que era o momento, que tinha de ser já. Com a ditadura... Tinhamos de fazê-lo já. Havia que pôr primeiro as normas, um canal, e logo viria a produçom literária. Era o momento preciso. E relativamente ao de Baiona, é verdade. Mitxelena reconhece na sua proposta que em muitos aspetos segue os acordos de Baiona, isto é algo comunmente sabido. O problema surge que, apesar de todo isto, Mitxelena nom conseguiu convencer muita gente do PNV.
Como é que você vê neste momento a situaçom do Euscaro? Progride? Retrocede? Estanca-se?
TX: Eu sou muito otimista em relaçom ao Euscaro. Apenas há que vê-lo. Há uns anos nom se falava, apenas os velhos. Ocorria também em Iparralde. Eu acho que estamos avançando com clareza. Mas para dizê-lo em termos exatos, devemos pessoalmente remiter-nos para a sociolingüística, que é umha disciplina académica à qual pessoalmente considero ter feito um contributo importante através da definiçom da sociolingüística matemática, em Euscaro pode consultar-se Soziolinguistika Matematikoa, 1994 (em colaboraçom com Xabier Isasi); em castelhano, "Hacia una sociolingüística matemática", 2001; e em francês, "Pour une analyse mathématique des situations bilingues" In: Mélanges en l´honneur de Per Denez, 1999, 47-56 que é umha tentativa de estabelecer ferramentas e critérios científicos para medir a evoluçom na utilizaçom dumha língua. Infelizmente, acho que nom tivo suficiente eco na universidade, que conheço muito bem, já que lecionei nela durante muitos anos.
Mas que é possível dizer daquelas pessoas que nom possuem consciência inteletual ou política arreigada ou que nas suas famílias nom lhes transmitírom esse amor polo seu que os impulsione a utilizar o Euscaro ou o galego?
TX: Trata-se dumha questom muito ligada ao sentimento, mais que à razom. Há gente que o sente, e há gente que nom o sente. Um exemplo, o mais conhecido escritor que temos, Bernardo Atxaga (Joseba Irazu) escreveu sempre em Euscaro, mas em questons políticas sempre foi muito frio, mesmo identificado com um partido como Izquierda Unida, que nom é abertzale; no entanto, sempre foi muito firme na defesa da língua vasca e nom é preciso dizer que todo o mundo reconhece a capacidade literária enorme que ele possui. Com umha obra muito extensa dumha beleza e qualidade extraordinária. E voltamos de novo ao BNG, partido radical para algumhas cousas e frio em outras. (sorrisos).
Você viveu muitos anos na Bélgica, durante o seu exílio. Poderia comparar a Bélgica com a Galiza?
TX: Na situaçom atual, os galegos, seriam os valons dali. Os flamengos som os que tenhem a potência económica, som maioria demograficamente, som os amos lá. E quem som os amos em Espanha? De todos os jeitos, é importante a Bélgica, mas também é importante a Irlanda; acho que é o único país do mundo que obtendo a independência nom salvou a sua lingua e é importante o exemplo dos judeus, que dumha lingua morta construírom um idioma oficial e vivo.
E os cataláns? Conseguem normalizar a sua língua se nom obtiverem a independência?
TX: A independência é precisa, mas nom suficiente. Os cataláns consideram que podem conseguir a normalizaçom sem a independência mas, nom estám certos.
E na Galiza?
TX: Acho que na Galiza há umha grande minoria consciente. Mas, o facto de que o BNG nom se posicione polo reintegracionismo é um grave problema.
E o bilingüismo?
TX: É apenas mitologia. Às vezes é costume dizer: o que nós propomos é um bilingüismo equilibrado. Mas, a questom é quem o defende. Diga-me você um exemplo, um apenas, um. Nom há qualquer um. Em toda a parte sempre existe umha língua dominante. Bruxelas teoricamente é bilingue, mas a gente fala em francês, ainda que o aparelho administrativo seja totalmente bilingue.
Voltemos ao tempo em que você escreveu o seu primeiro romance, Leturiaren egunkari ezkutua (O diário oculto de Leturia, 1957), que marcou com profundeza a história da literatura vasca.
TX: Como já dixem, escrevim-no na Galiza e está totalmente empapado de existencialismo, que é o que eu lia nessa época. Mas é um existencialismo, mais na linha de Gabriel Marcel que na de Jean-Paul Sartre. Nesse momento ainda nom me atrevim a abordar Sartre.
Devemos agradecer a Koldo Mitxelena que você escrevesse o considerado primeiro románce moderno em Euscaro?
TX: Eu desejava pôr-me a traduzir em aquel momento e Mitxelena dixo-me para nom traduzir qualquer cousa, que era preciso produzir obra. E assim foi, pugem-me a escrever, "O diário oculto de Leturia".
Junto com Leturiaren egundari ezkutua, há mais um romance da sua autoria que também se cita muito, Elsa Scheelen.
TX: Escrevim este romance na Bélgica e sobretudo está inspirada em personagens reais.
Há um padre desenganado da religiom, umha mulher jovem, divorciada...
Leturia é um personagem muito conflitivo, mas todos seus problemas som como a sua própria consciência; em troca, em Elsa Scheelen os problemas som sobretodo sociais e políticos.
TX: Quando publiquei Elsa Scheelen, Mikel Lasa (poeta vasco contemporáneo) desenvolveu umha crítica muito forte, dixo que era um passo atrás e definiu-na como costumbrista. Afetou-me muito, daquela, eu tinha-o idealizado como poeta. Com esse motivo estivem muitos anos sem escrever romances. Depois escrevim Exkixu, um romance cujo protagonista é um membro da ETA, mais tarde Putzu, que é um romance histórico ambientado em Donostia, (Sam Sebastiám), mas muito distante já dos romances anteriores.
Mas você escreveu muitíssimo e sobre temas variados. E nom apenas escreveu livros ou artigos, também colaborou no desenvolvemento da cultura vasca a todos os níveis, desde o mais modesto ao mais elevado. Por exemplo, quando Euskaltzaindia publica as suas resoluçons definitivas acerca da Morfologia do Verbo Unificado (Euskal aditz batua, 1979), você além dumha pessoa muito importante na tomada de resoluçons, foi o encarregado pessoalmente de elaborar a tábua dos verbos! (risos).
TX: Com certeza, NOR-NORI-NORK, o NOR é azul, o NORI verde e o NORK vermelho, ainda recordo, desenhei eu próprio os quadros. Acena como se estivesse a desenhar os quadros e observando as suas maos recordamos a sua queda pelo piano. (mais risos). A conversa, involuntariamente deriva face os inteletuais e o papel que desempenham na sociedade e Jean-Paul Sartre vem à baila. Quando Sartre renunciou ao Prémio Nobel, isso para mim foi algo impresionante, ante isso descubro-me. Sartre foi assim mesmo um home valente que nom duvidou em posicionar-se a favor dos argelianos em momentos muito duros. Pugérom-lhe mesmo bombas!
Para você foi um modelo Sartre?
TX: Com certeza. Sartre ainda é um modelo para mim. Era um home de esquerda, mas que nom era membro do partido comunista...
Você é comparado com o Sartre...
TX: Bom, se empenham em comparar-me com ele.
Um opositor nato, sempre crítico com o poder?
TX: Exato. Olha, este domingo (16 de janeiro de 2011) publica-se no Gara umha entrevista com Francisco Letamendia, um homem que foi deputado em Madrid, primeiro com Euskadiko Ezkerra e após com Herri Batasuna. Foi um homem que pediu a inclusom do direito de autodeterminaçom na Constituiçom de 1978 e que saiu do Hemiciclo ao grito de Gora Euskadi askatuta! A raiz desse motivo, tivo graves problemas na universidade para ser reconhecida a sua tarefa inteletual. Nesta entrevista identifico-me plenamente com ele. Há que se adaptar às circunstáncias, mas manter sempre umha postura crítica.
Após esta longa conversa, caminhamos com ele face a sua morada. Durante esse passeio descobrimos algo mais, um homem de família. Um homem que reconhece o papel tam importante da mulher na sociedade. Um homem que admira e ama profundamente a sua esposa Jone. Sem Jone, di-nos, nom seria possível dedicar a sua vida à lingua vasca e à sua cultura, permanecendo fiel às suas ideias e em coerência com os seus princípios em tempos tam difíceis, para uns mais que para outros. "As minhas circunstáncias levárom-na a madurar à força, cuidando dos nossos quatro filhos". Antes da nossa saudaçom final, acede a fotografar-se connosco paciente e amável numha praça cercada onde agora está o Leom que antigamente guardava a entrada à cidade. Vamo-nos com a satisfaçom de termos tido a oportunidade de conhecer melhor o homem e as suas circunstáncias, um homem como qualquer um, mas que vale a pena que volte a relatar-nos sobre a sua vida e que nós a comentemos todas as vezes que for preciso.
PERFIL DE TXILLARDEGI
Jose Luis Alvarez Enparantza, Txillardegi, nasceu em 1929 em Donostia–Sam Sebastiám, cidade na qual reside. Estudiou Engenharia em Bilbau, profissom que exerceu durant muitos anos até começar a dara aulas de Filologia e Sociolingüística na Universidade do País Basco - Euskal Herriko Unibertsitatea à votla de um longo exílio. No intermédio estudou Lingüísica na Sorbona de Paris, disciplina em que mais tarde se doutorou em Barcelona. Após a sua reforma, foi nomeado professor emérito da EHU/UPV.
Aprendeu euskara de jovem de modo autodidata, num clima em que esta língua era à vez odiada, perseguida e desprezada. Desde o princípio combinou o seu ativismo cultural com umha intensa militáncia política. A nível político, em 1959 foi um dos fundadores de Euskadi Ta Askatasuna (ETA), organizaçom que abandonou em 1967, mas que nunca condenou formalmente. A ele deve-se o nome da organizaçom. Posteriormente tem militado em diversoso partidos ligados à Esquerda Abertzale, o último deles Aralar, partido do qual, no entanto, se desligou há já mais de dous anos. Foi senador eleito em Madrid por Guipúscoa.
A nível cultural, foi o mais decidido promotor do euskara unificado ou batua, e umha das pessoas mais influentes de todo o processo de elaboraçom e adoçom do mesmo. Como escritor, revolucionou a história da literatura basca, com o seu primeiro romance, Leturiaren egunkari ezkutua (1957), unanimemente considerada como um grande referente. Tem escrito multidom de artigos e ensaios de muito variada índole. Som especialmente resenháveis os seus importantíssimos contributos no ámbito da Socilingüística. É indubitavelmente o inteletual basco mais importante da segunda metade do século XX.
RESENHA BIBLIOGRÁFICA
A bibliografia de Txillardegi é um oceano com mais de mil entradas bibliograficas que, contodo, nom incluem muitíssimos dos seus artigos nos jornais dirarios. Ressenharemos apenas livros, e de entre eles também nom todos.
ROMANCES
Leturiaren egunkari ezkutua, 1957.
Peru Leartzako, 1960.
Elsa Scheelen, 1969.
Haizeaz bestaldetik, 1979.
Exkixu, 1988.
Putzu, 1999.
Labartzari agur, 2005.
ENSAIO
Huntaz eta hartaz, 1965.
Sustrai bila. Zenbait euskal koropilo, 1970.
Hizkuntza eta pentsakera, 1972.
Euskara batua zertan den, 1974.
Euskal kulturaren zapalketa (1956 1981), 1984.
Lingua Navarrorum, 1996.
Euskararen aldeko borrokan, 2004.
Horretaz, 2007.
INVESTIGAÇOM
Oinarri bila, 1977.
Euskal gramatika, 1978.
Fonologiaren matematikuntza, 1978.
Euskal fonologia, 1980.
Euskal dialektologia, 1983.
Elebidun gizartearen azterketa matematikoa, 1984.
Euskal azentuaz, 1984.
Soziolinguistika matematikoa, 1994 (con X. Isasi)
Hacia una socio-lingüística matemática, 2001.
AUTOBIOGRAFIA
Euskal Herria helburu, 1994 [existe umha traduçom para castelhano: Euskal Herria en el horizonte, 1997]
- Entrevista: Donostia / Euskadi. 17 / 01 / 2011.
Pruden Gartzia. "Académico correspondiente de Euskaltzaindia – Real Academia de la Lengua Vasca".
Montserrat Moreda.
Fotografia: Jon Urbe.
Agradecimento: ARGAZKI Press. Donostia, Euskadi.
www.argazkipress.com
O Diário Liberdade agradece à revista Tintimám a cessom desta valiosa entrevista publicada no número 2 da sua revista, publicada recentemente em Vigo.