Neste domingo divulgou-se a criaçom de umha nova “organizaçom socialista e feminista galega de libertaçom nacional”, sob patrocínio de Primeira Linha, só 15 dias depois da autodissoluçom de NÓS-Unidade Popular.
Com o nome de 'Agora Galiza', o coletivo surge 20 dias antes de um Dia da Pátria em que diferentes setores do nacionalismo e do independentismo tentam acordar os termos de umha convocatória unitária, que tem no BNG e em Anova os dous principais atores.
Umha história de rachas sem fim...
Assistimos à última novidade de umha história de ruturas sucessivas de um setor social minoritário da esquerda nacional galega, que parece confirmar a falta de reflexom por parte dos protagonistas do percurso histórico recente do independentismo galego.
Só na última década (desde 2005), o nosso país assistiu ao primeiro racha de NÓS-UP (criado em 2001), que deu lugar ao coletivo Espaço Irmandinho (EI) nesse mesmo ano, e mais tarde à Organizaçom de Libertaçom Nacional (OLN), em 2011.
Em 2006, foi a UPG a que rachou, originando outro coletivo independentista: o Movimento pola Base (MpB), junto à entidade juvenil Isca! O MpB, por sua vez, dividiu-se em 2009 entre o setor que abandonou o BNG (que ficou com as siglas), e o que continuou no Bloque, constituído como Movimento Galego ao Socialismo (MGS) no mesmo ano.
Entretanto, em 2007, Causa Galiza apresentou-se como plataforma suprapartidária apoiada por NÓS-UP, MpB, EI, FPG e CV em sucessivas convocatórias de Dia da Pátria, até que, em 2012, implosionou, com o abandono de NÓS-UP e a integraçom do MpB e FPG em Anova. A partir daí, Causa Galiza converteu-se em organizaçom partidária, com militantes dos extintos Espaço Irmandinho e OLN.
No ano seguinte, 2013, a organizaçom juvenil ligada à FPG, Adiante, autodissolveu-se para dar lugar a duas novas entidades juvenis independentistas enfrentadas: Xeira e Terra.
Em 2014, assistimos a mais umha dissoluçom: a da veterana entidade juvenil AMI. Desde novembro do mesmo ano, sucedem-se as cisons em Primeira Linha e NÓS-UP, a primeira em novembro desse ano (2014), a segunda em maio deste (2015), culminando com a reduçom de Primeira Linha à mínima expressom, com o abandono da imensa maioria da militáncia e a autodissoluçom de NÓS-Unidade Popular um mês mais tarde, em maio de 2015.
É neste panorama de fragmentaçom permanente que surge umha nova sigla: 'Agora Galiza', aspirante a suceder NÓS-UP como organizaçom “com vocaçom de massas” promovida por Primeira Linha, e cujo primeiro comunicado público reproduzimos aqui.
Neste resumo significativo só remontamos à última década de história do independentismo galego. Os mais recentes passos dos diversos agentes envolvidos nesta história parecem confirmar que ainda nom som capazes de deixar de se subdividir e iniciar umha reflexom a sério sobre o lamentável espetáculo com que contribuem para a debilidade crónica do movimento galego de libertaçom nacional.
A sopa de siglas ratifica a vocaçom marginal com que, voluntária ou involuntariamente, o nosso independentismo se autorreproduz numha espiral descendente orientada para o nada...