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LatuffRefugiadosEUEGaliza - PGL - [Adela Figueiroa Panisse] Não sei se é dor, vergonha ou nojo o que sinto perante as imagens da massa de seres humanos reclamando nas fronteiras de Europa uma oportunidade de vida. Agora já não petam apenas às portas da Europa do Sul.


Toda Europa é atingida polas vozes de milhares de pessoas que reclamam um asilo, um acocho, um pobre arrimo.

Escuto o presidente da Junta da Galiza oferecendo lugar para quinhentas dessas pessoas na Galiza. Quer colaborar com o seu presidente, o senhor Rajoi, que anda a regatear com a senhora Merkel sobre o numero de asilados que Espanha pode acolher.

Reconheço que isso é mais que nada. «Menos é uma pedra!». Está bem ter dado este passo. Mas, deveriam ser mais generosos. Ou mais justos, quiçá?

Apoio que a Galiza seja lugar de acolhida. E, ainda, reclamo pola minha vez:

«Venham para cá!». Temos terra sem trabalhar. Temos escolas fechadas por falta de crianças que as ocupem. Temos aldeias com casas a cair por estarem valeiras.
Venham para cá! Temos um País que esmorece de velho e vocês são jovens, fortes e com vontade de viver. Eis o meu chamado.

Possivelmente esta não seja uma solução ao problema, porque toda essa gente quereria melhor viver no seu país. Mas não podem, porque na sua casa as armas estão em plena atuação. Cantam seguido um cantar terrível: o cantar da morte. É que as armas só valem para uma cousa se são usadas: matar. Mulheres, homens, meninos…

Para isso foram compradas. As armas que a Europa fabricou e vendeu a esses países que agora abandonam os seus habitantes. Porque estão a ser utilizadas contra eles.

Para que as haviam de comprar se não? Já se sabe, as máquinas que não se utilizam estragam-se. Caducam. Enferrujam-se.

As fábricas europeias (entre outras) enriqueceram-se com a venda dessas armas.

Todas essas pessoas que fogem da morte não são massa. São seres humanos. Como eu, como meus filhos e meus netos. Como as minhas vizinhas e os meus colegas. Só que aqueles tiveram que fugir. Com o posto, como se foge quando as bombas estouram no teito da tua casa. Como se foge quando as esquadras da morte andam à tua procura de noite. Quando os canhões falam a sua linguagem mortal.

Agora são uma grei de sem papéis. Não o eram quando tinham casa, profissão, amigas, vizinhas, colegas da escola, companheirinhos de jogo, namoradas e namorados.

Mas agora sim. Não têm os papéis necessários para serem considerados/as cidadãs, sujeitos de direito. E por isso podem ser encarcerados/as ou metidos/as em campos de confinamento. Como acontecera com os/as republicanos/as espanhóis fugidos na França, ou presos/as em campos de concentração nazistas.

E, entre tanto, nós, das nossas casas, olhamos assustadas as imagens dos naufrágios de barcas feitas para o lazer. Brinquedos de praia transformados agora em esquifes de morte. Em cadaleitos incháveis. Nós, da segurança dos nossos lares, emitimos um profundo e ruidoso silêncio sem sabermos bem que outra cousa podemos fazer.

Olhamos este país velho, abandonado, ardente e progressivamente mais improdutivo.

E ainda choramos. Por eles e por nós. Porque o mundo está mal repartido. Porque a compaixão e a fraternidade não são a norma. Porque os nossos governantes andam a regatear qual o numero de seres humanos é que vamos acolher. E isso tudo não é mais que uma miséria que recende a podre e vergonha.

SILÊNCIO!

Silêncio, Silêncio, Silêncio!
Um barulho de silêncio
Traspassa a consciência e o ar.
E a minha alma grita:
Silêncio! Silêncio!.
Um laiar fundo e surdo
Sai-me do dorido peito:
Silêncio, silêncio, silênciooo!
Meu irmão está preso.
Nenhum delito tem feito
Apenas, não ser deste País
Do culpável silêncio.
Silêncio, Silêncio!!
Da sua garganta seca
Como poço piago preto
Quer sair um berro.
Triste lamento!
Ficou deitado na areia seca,
Até esvair-se no vento.
Já vai voando no ar órfão e ausente
Dos ouvidos surdos,
Dos braços inermes,
Da ausência silente.
Silêncio! Silêncio!
Silêncio.


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