O segundo, a 5 de outubro, em que Castro destacava que umha das resoluçons do congresso tinha feito constar que "a autonomia territorial é o meio mais adequado para resolver os problemas minoritários, quando se trata de minorias que ocupam, em massa compacta, um território definido", o que vinha a apoiar as reivindicaçons de autogoverno do Partido Galeguista (PG): "Aalgo que se relaciona diretamente com o problema da Galiza e vem confirmar, com a mais alta autoridade, a posiçom do movimento galleguista".
O terceiro artigo, intitulado "Galiza, nacionalidade europeia", fazia ênfase na importáncia histórica da participaçom da Galiza no Congresso. Plácido Castro destacava "o reconhecimento por umha organizaçom internacional, integrada por representantes de quarenta milhons de europeus, pertencentes a catorze nacionalidades, de que o nosso povo constitui umha naçom". Também constatava o ánimo que tinha suposto para a "universalizaçom da Galiza", o que constituía "outra constante aspiraçom do galeguismo". No texto, Castro descartava o "separatismo", apostava em "fazer parte de umha Federaçom, qualquer que seja a sua amplitude. Federaçom hispánica, ibérica, europeia ou mundial, com todas se declara compatível o nacionalismo galego". E concluía que "a Galiza, porque é galega, polos seus próprios méritos, conseguiu ocupar um já que nom tinha estado ao seu alcance se se conformasse com ser um pedaço da Espanha grande. Isto é, que a Galiza, sendo galega, é mais universal e tem mais personalidade que se perde sua identidade num Estado espanhol uniforme". Neste artigo Castro destacou, além disso, que “qualquer que seja o regime político em que a Galiza viva, a nossa terra, autónoma ou nom, está já proclamada moralmente como umha naçom”.
"Qualquer que seja o regime político em que Galiza viva, nossa terra, autónoma ou nom, está já proclamada moralmente como umha naçom". Deste modo sublinhou Plácido Castro, responsável de Relaçons Internacionais do Partido Galeguista, a importáncia histórica da participaçom da Galiza no IX Congresso de Nacionalidades Europeias, organismo da Sociedade de Naçons, que se realizou de 16 a 18 de setembro de 1933, e que supujo o primeiro reconhecimento oficial do País como naçom. O reconhecimento chegou em um momento em que a Sociedade de Naçons (o equivalente no período de entreguerras à atual ONU) começou a perder autoridade, em boa medida polas tensons que acabariam levando à Segunda Guerra Mundial. No entanto, o facto histórico e legal ficou marcado e o próprio Castelao no seu 'Sempre em Galiza' destaca que "a Galiza é umha nacionalidade, e como tal foi reconhecida em Berna, polo IX Congresso das Minorias Nacionais Europeias, adscrito à Sociedade das Naçons".
Comemoram-se nesta semana os 80 anos deste reconhecimento, escassamente reivindicado na atualidade, inclusive desde boa parte do galeguismo. Em boa medida, fôrom nos últimos anos o Instituto Galego de Análise e Documentaçom Internacional (IGADI) e a própria Fundaçom Plácido Castro os que com mais força chamárom a atençom sobre a importáncia do evento, sobretodo no seu 75 aniversário, com a organizaçom de umha mesa de debate e a colocaçom de umha placa na casa de Plácido Castro em Vigo. Entom, Xulio Rios, diretor do IGADI, destacava que "fora do fim político da cada um, quer a autodeterminaçom, a independência, o autonomismo, o regionalismo..., o acontecido em 1933 é um facto histórico" e lamentava que "é umha realidade de que há um grande desconhecimento na sociedade e que os líderes políticos galegos nom deveriam obviar".
O Congresso de Nacionalidades Europeias nasceu em 1925 para reivindicar o direito à autonomia (administraçom nacional própria) e ao livre desenvolvimento cultural das naçons sem Estado e das minorias nacionais existentes na Europa. Recusava a modificaçom das fronteiras políticas existentes e reclamava sistemas eleitorais que permitissem às minorias contarem com umha representaçom proporcional a sua significaçom numérica. Para ingressar no Congresso "a parte solicitante devia proporcionar provas ou manifestaçons que evidenciassem a sua existência mediante traços exteriores demonstrativos de umha vida coletiva com caráter duradouro", como o IGADI recolhe numha publicaçom especial.
Já nos anos trinta Galiza, aproximou-se desse organismo da mao de bascos e cataláns e após que umha delegaçom do CNE (liderada por seu secretário geral, o estonio E. Ammende) realizou umha visita ao nosso país. O Partido Galeguista buscava fundamentalmente, segundo o IGADI, "o estabelecimento de um enquadramento de cooperaçom com os movimentos afins que permitissem a universalizaçom da Galiza no duplo sentido de fazer com que a Europa nos conheça e nós conhecermos melhor a Europa" e o "reconhecimento da condiçom de naçom por parte de um organismo internacional de considerável prestígio e reputaçom".
Plácido Castro, formado no Reino Unido desde muito jovem, foi o encarregado de representar a Galiza no Congresso, e foi recebido polo presidente do Conselho da Sociedade de Naçons, Mowinckel, primeiro-ministro norueguês, e polo presidente do Parlamento suíço, M. Motta. Na declaraçom apresentada ao Congresso, proclamava-se que a Galiza "é umha naçom bem definida, que se diferencia claramente dos outros povos que habitam a Espanha. A sua origem, a sua história, o seu idioma e os seus costumes justificam esta diferença de umha maneira absoluta", ao mesmo tempo que reivindicava "o direito inegável do povo galego a dispor de si mesmo" e reclamava "a plena liberdade do uso do seu idioma materno, especialmente na instruçom". A declaraçom acrescentava que "a Galiza deseja viver em boas relaçons com as outras nacionalidades da Espanha e quer colaborar com elas para a regulamentaçom de todas as questons de interesse comum. É evidente que nom opom qualquer obstáculo para realizaçom de um ideal federal, qualquer que for a sua amplitude".