Superou-se assim a obrigação de reunir avais de 0,1% das pessoas eleitoras inscritas em cada circunscrição, à que não estão sujeitas as candidaturas que incluem partidos que já contam com deputadas eleitas. As candidaturas foram apresentadas até ontem e, por primeira vez, resultaram de um processo de eleição por sortes, "considerada historicamente" -diz o PT - "a principal característica da democracia". "Frente a política profissional, numa comunidade democrática, todas as pessoas devem ter a condição de sujeitos políticos plenos, sendo as quendas aleatórias e rotativas um instrumento fundamental, desde a ecclesia ateniense até os concelhos abertos paroquiais galegos" -explicam.
Com a sua participação na campanha, o PT "confrontará o bloco monolítico de políticos profissionais, estatistas, parlamentaristas e desenvolvimentistas que disputam, com aparente antagonismo, a concessão administrativa de decidir por nós durante os próximos quatro anos, enquanto confiam que continuemos chamado-lhe a “isso” democracia". Frente essa "velada “candidatura de unidade” da ditadura parlamentar", o PT defenderá que “todas as pessoas somos políticas, sendo a política uma função social básica e universal” dando visibilidade a uma alternativa à política profissional "centrada no autogoverno das pequenas comunidades que é o anceio que cada vez partilhamos mais pessoas", explicam. Para o PT "for qual for o resultado, o verdadeiramente importante e continuar a trabalhar para construir essa realidade desde abaixo e não desde Madrí".
O Partido da Terra foi fundado em julho de 2011 como movimento de transição para o autogoverno assemblear em concelho aberto e para a autossuficiência comunitária. Desde o início, a suas ações "foram sempre encaminhadas a provocar uma transformação radical e necessária do conceito “política”", através da reivindicação da democracia direta assemblear e a construção de institucionalidades alternativas às do estado. Mesmo que as pessoas que integram o Partido da Terra têm seguido com interesse e mesmo participado diretamente nalgumas convocatórias dos últimos meses nos que se realizavam apelos para que a cidadania assumisse o “protagonismo de forma direta”, para desenvolver a “auto-organização cidadá” e reclamar o “direito a decidir tudo”, por usar palavras textuais, "acabou por resultar evidente a distância existente entre as recentes retóricas da “participação cidadã” e da “democracia radical” ou “real” e uma praxe que acaba reproduzindo as dinâmicas sistémicas da política profissional dando continuidade à infantilização política das pessoas, cuja capacidade de decidir é reduzida às convocatórias eleitorais" - frisam.