DECLARAÇÃO REVOLUCIONÁRIA UNILATERAL DE INDEPENDÊNCIA DESDE ABAIXO
(D.R.U.I.D.A.)
Nós, comuneiras e comuneiros da biorregião galaica, reivindicando a vigência das nossas fórmulas milinenárias de autogoverno assemblear concelhio, declaramos a ilegitimidade do quadro jurídico-político-económico que sustenta a existência do estado, incluindo o seu texto constitucional e toda a legislação, instituições e hierarquias administrativas que dela emanam directa ou veladamente.
O colapso da civilização industrial, produtivista e consumista é inevitável sendo nossa a responsabilidade de construir uma outra sociedade baseada na cooperação e nas relações de proximidade, capaz de paliar o colapso social, económico e ecológico, tendo-se convertido o binómio estado-capitalismo no principal obstáculo para o exercício dessa urgente responsabilidade.
Frente esse aparato estatal ilegítimo, que destrói as nossas comunidades e os laços de solidariedade, apoio mútuo e respeito nas nossas relações com a natureza, declaramos o nosso direito e obriga de rebelião a ser exercido através da não-cooperação social, económica e política, e da restauração e revigoramento das nossas institucionalidades tradicionais à margem do estado.
Manifestamos a retirada da nossa lealdade e obediência ao aparato estatal, conferindo-a daqui para a frente apenas àquelas instituições de autogoverno e autogestão assemblear que, recuperadas ou criadas de novo, possibilitem a reconstrução de relações humanas equitativas baseadas na liberdade, na autonomia e na abolição das formas de dominação vigentes.
Iniciamos assim um “processo desconstituinte” como movimento de transição descentralizado, múltiplo e disperso visando substrair poder, legitimidade, autoridade e efectividade ao aparato estatal, impulsionando simultaneamente um processo de “revolução integral” para a transformação radical das estruturas e valores que foram impostos às nossas comunidades.
Declaramos assim de forma irrevogável a nossa “independência desde abaixo” para nos libertar das opressões que nos tornaram dependentes e escravos, mas não através do estabelecimento de novos estados, mas de um processo de autodeterminação funcional que desenvolva as nossas próprias instituições para o autogoverno assemblear comunitário e a autogestão das necessidades básicas.
Convidamos a todas as pessoas a aderir à presente Declaração e a participar ativamente das ações e projetos comunitários que articulem de jeito territorial e setorial as nossas necessidades de alimentação, auto-emprego, energia, financiamento, tecnologia, educação, vivenda, saúde, transporte, etc., minimizando qualquer tentativa das instituições estatais ilegítimas de obstaculizar a vontade coletiva aqui expressada.
Esta Declaração entra em pleno vigor e efeito na madrugada do dia 22 de dezembro de 2015, Solstício de Inverno, início do retorno da luz, tendo plena legitimidade como quadro programático e normativo para a tomada das decisões e a realização das ações civis necessárias encaminhadas à materialização política do exercício da soberania das nossas comunidades.
Participa! Contata connosco em nodogallaecia@gmail.com