Diário Liberdade - O que é Som Països Catalans e qual é a sua funçom dentro da articulaçom do movimento de libertaçom nacional catalám?
Maria Plana - Som Països Catalans é umha plataforma nacional que se apresentou em Petra (Maiorca) a inícios de 2013, através de um ato em que também participárom diferentes pessoas do ámbito cultural e da luita social polo território. Foi ali que também se fijo público o manifesto do organismo, com apoios individuais e coletivos de todas as comarcas dos Països Catalans. Neste documento analisa-se a situaçom do País e explica-se quais som as postas para a construçom nacional, para além das instituiçons autonómicas (no caso do Estado espanhol), departamentais (para o Estado francês) e estatais. É, portanto, a partir da apresentaçom do manifesto, com os seus pontos programáticos, que a plataforma começa a trabalhar publicamente, mediante um grupo gestor, para pôr em prática os seus objetivos.
Som Països Catalans nasce por causa das realidades que se percebem no território e das necessidades que se detetam por parte de diferentes organizaçons políticas e sociais (feministas, juvenis, estudantis, lingüísticas, culturais, económicas, etc), para podermos trabalhar conjuntamente pola construçom do País e partir de inciativas sociais e contornando as fronteiras impostas. É importante levarmos em conta que, para além das práticas violentamente espanholistas dos governos, também existe umha forte prática paternalista do Principat de Catalunya em relaçom aos restantes territórios.
DL - Nas vossas conferências na Galiza, falastes de “construçom permanente” em relaçom aos territórios com realidades diferentes que formam o vosso país (o Principat de Catalunya, o País Valencià, as Illes Balears e Catalunya Nord). Em que consiste essa construçom permanente?
MP - A “construçom permanente” implica irmos além das conjunturas políticas e das fronteiras impostas. Cada dia do ano é importante lembrarmos o que somos (e mais quando, na atualidade, dia após dia, há novos ataques, novas situaçons e umha ou outra experiência) e nom esquecermos que, se nós próprios nom criarmos o nosso material para construir país, e com força, ninguém vai fazê-lo. Devemos fugir de comemorar unicamente as “diades” de cada território como facto meramente folclorista.
A nível nacional, som muitas as caraterísticas que partilhamos de maneira inerente, mas também funcionamos, paralelamente, dando resposta a realidades opressoras ou entom na nossa forma como nos organizamos socialmente. Todas e todos temos que defender a língua como ferramenta social, quando se acha em situaçom de apartheid, como foi o caso, por exemplo, das políticas lingüísticas que fôrom impostas nas Ilhas Baleares por parte do seu governo autonómico. Neste caso, sob o guarda-chuva nacional da plataforma Som Països Catalans, iniciamos diferentes campanhas de conscientizaçom e solidariedade em todo o território. Defendemos e apostamos nos coletivos musicais que se coordenam a nível nacional, participamos na coordenaçom da Xarxa de Casals e Ateneus dels Països Catalans (a coordenadora nacional de centros sociais), como ferramenta de coesom social, de criaçom de cooperativas alimentares e de oganizaçom de diferentes campanhas.
DL – Algum exemplo de campanhas de construçom nacional que desenvolvedes?
MP – Tendo em conta que o afám regionalizador continua a ser poderosamente forte por parte dos setores mais espanholistas, assim como por parte das diferentes burguesias, de partida criamos consciência nacional quando fazemos a campanha #SomCims no dia em que se comemora a Diada Nacional dels Països Catalans (24 de junho). Neste caso, com o objetivo de gerar mais coesom entre agrupaçons montanhistas e consciência de território natural, conseguimos ultrapassar as 100 ascensons a montanhas de todo o País, e acabar, assim, desenhando um mapa interativo dos Països Catalans a partir das excursons que se fam.
Também fazemos campanhas de verao para explicar o que som som os Països Catalans em diferentes línguas, para o turismo conhecer qual é a nossa realidade. Além disso, estamos já a estabelecer, como tradiçom, que o dia de Sant Jordi, o dia do livro (23 de abril), e aproveitando que o 25 de abril é a Diada del País Valencià, a consolidaçom do Dia del Llibre i publicacions en català. Neste caso, diferentes associaçons locais ou em bairros desenham os Països Catalans a partir dos livros e publicaçons em catalám que a populaçom cede para depois serem entregues a algumha biblioteca social, escola ou a qualquer espaço que promociona a língua.
Som Països Catalans, além de criar ou promocionar campanhas que se repetem de ano para ano, também age e responde perante situaçons em momentos concretos, como quando fôrom realizadas mobilizaçons em todo o País para mostrar o rejeitamento ao novo rei do Estado espanhol e apostando na palavra de ordem “Als Països Catalans no tenim rey”.
DL – Qual está a ser o vosso papel no atual processo sociopolítico que está a protagonizar o povo catalám no Principat?
MP - Nestes caso, voltamos para o conceito de construçom nacional permanente. Apostamos nesssa coordenaçom em todos os eixos sociais em que trabalhamos como sociedade e, também, com certeza, na força dos municípios. O municipalismo e os movimentos sociais tenhem a ferramenta para destruir a regionalizaçom que se denuncia politicamente desde os anos 70. É por isso que, mais do que nunca, Som Països Catalans está a criar e promocionar projetos que apostem na visom, nom unicamente cultural da naçom completa. Neste caso, criamos duas campanhas de micromecenato, atraves dos quais foi publicado “El llibre roig dels Països Catalans”, onde, sempre com umha perspetiva e umha consciência nacionais, é analisado o funcionamento do País. Nestes momentos, estamos na etapa final de produçom de um documentário, “Un mapa en moviment: Descobrint un país en construcció”, que tem como objetivo aproximar as realidade de todos estes espaços de empoderamento que existem no território.
DL – Vês possível que esse processo culmine na proclamaçom da independênciad o território da Comunidade Autónoma da Catalunya?
MP - Nom se pode ser visionária, nem tenho que ser. Tenho claro é que, por isso, as rodas que tenhem que nos conduzir para a liberdade nom som do mesmo veículo que alguns vendem. As atitudes e políticas paternalistas que do próprio Principat de Catalunya se estám a produzir nom som positivas para o processo de construçom nacional. O mais importante é continuarmos a trabalhar e levar em conta também o nível de repressom que poderiam chegar a sofrer as outras partes do território. A independência implica, acho eu, umha mudança total na organizaçom social e tendo em conta todo o nosso país. Se assim nom for, nom entendo plenamente o processo de independência.
DL – Como é a vossa articulaçom com o movimento sociopolítico independentista e de esquerda?
MP – Atualmente, Som Països Catalans continua a funcionar como um grupo gestor e com bastantes pessoas colaboradoras. Brevemente, a plataforma começará a funcionar com pessoas associadas, as quais intervirám nas decisons para levar a cabo campanhas e projetos. Assumimos que Som Països Catalans é um projeto muito ambicioso e é por esse motivo que, cada passo que se fai, está bastante pensado e premeditado, para podermos continuar avante com mais força.
Som Països Catalans aposta num território socialmente justo, com uns centros sociais e associaçons municipais ou de bairro empoderadas. Nom falamos só de um país que partilha a mesma língua, ficando todo o resto esquecido. De facto, Joan Fuster, um dos referentes valencianos que desenvolveu o conceito político de Països Catalans, dizia que “o País Valencià serà d'esquerres o no serà”. É evidente que, neste caso, a visom desta parte pode ser transladada ao nosso todo.
DL – Que impressom levastes da vossa recente visita à Galiza?
MP - Valorizamos muito o trabalho internacionalista que se fai na Galiza, em especial com o caso catalám. Em todas as palestras sobre a situaçom política dos Països Catlans houvo um grande interesse para aprender, colaborar e participar nos debates e visons que se tenhem do País. É evidente que partilhamos diferentes questons, entre as quais o Estado que nos oprime, portanto continuaremos a tecer esses laços de solidariedade internacionalista que já criamos!