Foto: Brizola, governador do Estado do Rio Grande do Sul, resiste à tentativa de golpe de estado pós renúncia do presidente Jânio Quadros (1961). Por Acervo Fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.
Em frente à Prefeitura porto-alegrense, contando com a transmissão da “Rádio Nacional da Legalidade”, e acompanhado por dois correligionários trabalhistas – o deputado federal Wilson Vargas e o representante da mocidade do partido (PTB), Claudio (inaudível) Rocha –, o então deputado federal Brizola preconizava a resistência popular e de frações militares nacionalistas ao golpe militar-empresarial que marchava aceleradamente.
Tentava-se reeditar a campanha da Legalidade de 1961, que assegurou a posse de João Goulart na Presidência. Brizola assinalava a importância da greve geral na Guanabara (atual cidade do Rio de Janeiro), assim como preconizava a mesma medida para as classes trabalhadoras de São Paulo, contra a “tentativa de golpe” dos “gorilas”, das “oligarquias” e do “capitalismo internacional”.
Ademais, saudava a colaboração do 3º Exército e apelava aos sargentos, aos fuzileiros navais e ao almirante Aragão, para a resistência contra a “ação criminosa” de uma “minoria” e do “Governador Carlos Lacerda”. Pedia igualmente a João Goulart que não renunciasse ao cargo e à resistência. Discursos dramáticos de Brizola e dos seus companheiros trabalhistas, norteados por valores nacionalistas e anti-imperialistas.
Seguramente os três recursos de áudio disponibilizados no Youtube configuram relevantes registros históricos, que lançam luzes sobre a época, bem como complexificam a convencional abordagem que destaca uma passividade popular e das esquerdas em relação ao golpe. Por fim, vale observar que a informação na abertura dos vídeos refere-se a 1961, mas os pronunciamentos deixam claro que ocorreram no calor dos idos de abril de 1964.
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Roberto Bitencourt da Silva é historiador.