O ato, que reuniu mais de 80 mil pessoas, saiu próximo de 14h do Centro de BH para a Pampulha, na região norte, onde ocorria, no estádio do Mineirão, o jogo entre México e Japão pela Copa das Confederações. A intenção do protesto era chegar às imediações do Mineirão para protestar contra a FIFA e dar visibilidade internacional às pautas do movimento. Várias palavras de ordem como "Da Copa eu abro mão, eu quero dinheiro para saúde e educação" e por transporte mais barato e de qualidade foram entoados pelas massas, além de pautas como o combate às políticas reacionárias que estão sendo aprovadas e debatidas por políticos como Feliciano, que ataca os direitos LGBT, propondo a liberação da "Cura Gay" por tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
A marcha foi absolutamente pacífica durante todo o trajeto, entretanto, próximo de 17h, um grupo de provocadores entre os manifestantes que estavam em frente à Tropa de Choque da Polícia Militar de Minas Gerais na Av. Abrahão Caram iniciou o lançamento de pedras contra os policiais protegidos por escudos, e estes reagiram à multidão disparando, no meio dos manifestantes, bombas de gás lacrimogêneo, efeito moral e balas de borracha. Vale lembrar que o gás lacrimogêneo não pode ser usado em guerras por causa da Convenção de Genebra, quanto mais em manifestações pacíficas como esta. A revolta e o ódio tomou conta dos manifestantes reprimidos pela PM, que iniciaram uma ofensiva em massa contra as tropas de choque e cavalarias. Assim, a PM iniciou um ataque ainda mais pesado contra os manifestantes, dispersando-os com o uso de muito gás e balas de borracha, criando um cenário de guerra em plena Avenida Antônio Carlos, logo após a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Após a dispersão promovida na esquina da Avenida Antônio Carlos com a Avenida Abrahão Caram, a PM ocupou a avenida, impedindo que a massa de 80 mil manifestantes seguisse seu curso e fazendo com que cerca de duas mil pessoas ficassem isoladas do restante da multidão. Após transformar a avenida em uma praça de guerra, a polícia ocupou a avenida e fez duas barreiras, iniciando a repressão das massas que foram impedidas. Os 80 mil manifestantes foram sendo colocados para correr, em função da sistemática repressão com bombas de gás lacrimogêneo, efeito moral e balas de borracha, além de prisões efetuadas no local. Uma rebelião se instaurou, com manifestantes fazendo barricadas improvisadas com grades e instrumentos de coordenação de trânsito, mas sem muito efeito contra os carros do choque. "O recado já foi dado. Agora, os que restaram nas ruas são os verdadeiros baderneiros", afirmou o major da polícia militar nesse momento, enquanto pedia que "os pais tirem seus filhos das ruas" e que quem resistisse seria reprimido, tolerância zero, instaurando então um Estado de exceção na capital mineira.
Com o movimento sendo recuado pela repressão, os manifestantes que decidiram resistir retornaram para a Praça Sete, no Centro, palco original do protesto. Lá, por volta das 19h, os manifestantes ocuparam novamente todas as pistas da Avenida Afonso Pena e permaneceram por pouco tempo, pois a polícia, auxiliada por quatro helicópteros, um "caveirão" e a Força Nacional de Segurança, iniciou uma repressão intensa contra os manifestantes, levando para o batalhão militar localizado na Rua da Bahia aqueles que resistiram. Um verdadeiro Estado de sítio foi instaurado no Centro, próximo de 20h30, com a PM e a FNS ocupando a Praça Sete e dispersando com muita violência os manifestantes, em um clima de terrorismo de Estado. As emissoras televisivas e de rádio apenas informavam sob a perspectiva da polícia e fazia alarde sobre a ação de "vândalos" e, quando falavam das pautas do movimento, focavam apenas nas pautas "anticorrupção".
Fotos de João Alves e Herbert Zschaber para o Jornal Contramão (veja aqui a galeria completa):
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