Considerando a ausência de uma alternativa eleitoral que afirme uma agenda de mudanças e considerando a possibilidade da eleição do tucano Aécio Neves (PSDB), as Brigadas Populares manifestam seu voto na candidata Dilma Rousseff (PT) no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras. Desta forma, votamos Dilma com a consciência que seu segundo governo não sinaliza para as reformas estruturais que o Brasil precisa e não significa as mudanças necessárias.

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Aécio Neves significa a completa subordinação ao neoliberalismo, à política de regressão de direitos, à dilapidação do patrimônio público e o alinhamento completo à política exterior dos Estados Unidos. Se eleito, estabelecerá a prática do confronto e desestabilização de governos populares e progressistas de Nossa América, a exemplo de Cuba, Venezuela, Bolívia, assim como a questão palestina, que voltaria a ser tratada simplesmente como "terrorismo".

Em sua campanha no primeiro turno Aécio apontou abertamente a intenção de retomar a agenda intensiva de privatizações, bem como uma política econômica de viés monetarista, a partir da indicação prévia de seu futuro ministro da Fazenda, Armínio Fraga – principal operador da política econômica recessiva no governo FHC. Não por menos que o mercado financeiro tem "reagido" positivamente a cada possibilidade de vitória tucana.

Soma-se a isso o discurso que sinaliza para o aumento da criminalização da pobreza a partir das internações compulsórias, encarceramento em massa, redução da maioridade penal, dentre outros aspectos que só servem para ampliar o genocídio do povo negro e pobre deste país.

Consideramos que o atual governo, ainda que seja capaz de oferecer melhorias para a população – destacadamente a partir das Políticas Sociais –, não tem enfrentado as amarras da subordinação e dependência que faz o Brasil seguir como uma "máquina de moer gente", nos dizeres do saudoso Darcy Ribeiro. Nosso povo segue superexplorado, violentado, assassinado e nossas riquezas seguem sendo saqueadas.

É lamentável que estejamos ainda reféns, em grande medida, do debate "presente x passado", "PT x PSDB", que são polarizações que já não representam as tensões por mudanças expressas no cotidiano do povo. No entanto, tal superação não será obra do acaso, mas sim de uma ação decidida das forças revolucionárias e progressistas que possuem a tarefa de construir uma nova alternativa política.

É deste lugar político que as Brigadas Populares assumem essa posição. Encaramos as eleições como mais um momento da luta política, um momento incapaz de dar respostas definitivas para os anseios de nossa gente. Somente com uma ação decidida no cotidiano e para além do calendário eleitoral, somente a partir da organização popular em torno da efetivação de direitos e distribuição das riquezas que construiremos as mudanças necessárias.

Declaramos nosso voto em Dilma com a certeza de que não arredaremos o pé das ruas, pois para realizar a novidade não basta negar ou afirmar o petismo, não basta manifestar a insatisfação com o estado atual de coisas, não basta dizer que não nos contempla as possibilidades do processo eleitoral.

É necessária uma ação decidida junto das massas. É neste sentido, por fim, que assumimos para nós a tarefa de ajudar a derrotar Aécio e a política conservadora que ele representa e seguir construindo a Nova Maioria a partir do cotidiano.

Pátria Livre, Venceremos!

Brigadas Populares

Brasil, 08 de outubro de 2014.