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260216 carrinhoBrasil - Esquerda Diário - Atualmente, o trabalho das catadoras de materiais recicláveis em ruas, aterros e lixões sob condições precárias é responsável 89% dos materiais que abastem a indústria recicladora, ou seja, a cadeia produtiva da reciclagem tem como base a superexploração de milhares de trabalhadoras negras, que desenvolvem suas atividades sobretudo na informalidade.



Atualmente, o trabalho das catadoras de materiais recicláveis em ruas, aterros e lixões sob condições precárias é responsável 89% dos materiais que abastem a indústria recicladora, ou seja, a cadeia produtiva da reciclagem tem como base a superexploração de milhares de trabalhadoras negras, que desenvolvem suas atividades sobretudo na informalidade.

Com a produção e consumo acelerado de mercadorias, tudo se torna ainda mais transitório e consequentemente, mais descartável. A reciclagem dos materiais descartados de forma “incorreta” pela sociedade representa uma importante alternativa, que possivelmente reduziria os índices de poluição ambiental provocada pela tríade produzir-consumir-descartar.

Contudo, é preciso discutir as supostas alternativas sustentáveis para os resíduos urbanos como parte do processo de valorização do capital. Nesse caso, o incentivo à reciclagem, como suposta saída para poluição ambiental esconde que o principal estímulo na prática, não é a preservação ambiental, mas a obtenção do lucro.
De maneira geral, a organização da cadeia produtiva da reciclagem surge como parte dos mecanismos da reestruturação produtiva, em razão da necessidade de otimização da produção, que envolve a redução do custo com matérias-primas através do retorno dos resíduos descartados aos ciclos produtivos.

De acordo com os dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), o mercado da reciclagem no Brasil movimenta, em média, um faturamento anual de R$ 10 bilhões com uma estimativa de aumento de R$ 20 bilhões para os próximos anos em razão da regulamentação do setor com aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010).

Números marcantes como estes demostram a potencialidade do mercado da reciclagem, entretanto ocultam que o processo de valorização do capital no setor, sobretudo nas primeiras etapas, está fortemente assentado na superexploração de uma força de trabalho que tem como única forma de sobrevivência, a coleta e a comercialização dos materiais recicláveis em ruas, aterros e lixões sob condições precárias.

As atividades desenvolvidas por esses trabalhadores consistem, basicamente, em catar, separar, transportar e acondicionar materiais passiveis de reutilização ou reciclagem, ou seja, com valor de mercado para a indústria recicladora responsável pelo beneficiamento dos materiais e a sua transformação final em matéria-prima.
Ao realizarem a primeira etapa de recuperação, catadoras e catadores transformam o lixo (algo inútil) em mercadoria, sendo responsáveis por 89% dos materiais que abastecem a cadeia produtiva da reciclagem.

Assim, a (re) inserção do lixo como mercadoria na dinâmica de produção capitalista é o principal elemento da cadeia produtiva, que se apresenta sobre o duplo aspecto do valor de uso e de valor de troca por meio do trabalho de catação, já que não há alternativa mais barata para garantir a primeira etapa da cadeia produtiva.
Atualmente, estima-se haver um contingente de 600 a 800 mil pessoas que desenvolvem as atividades de catação no país, dos quais 75% são mulheres e 66,4% se declaram negras (os) e pardas (os), uma média de duas a cada três pessoas que exercem as atividades de catação.

Esses dados apontam que o setor da reciclagem tem como base a superexploração de milhares de catadoras negras que realizam suas atividades na informalidade, com baixa remuneração, extensas jornadas e péssimas condições de trabalho. Essa situação segue a tendência da concentração do trabalho feminino em nichos ocupacionais dominados pelo processo de precarização.

Através da combinação da opressão de gênero e raça, a força de trabalho das mulheres negras é uma mercadoria que produz mais riqueza que o seu valor de troca, ou seja, uma força ainda mais explorada pelo capital, que proporcional mais taxas de extração da mais-valia, em razão da combinação da exploração (âmbito da produção) e opressão (âmbito ideológico) sobre essas trabalhadoras.

De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) mais de 70% das mulheres negras no Brasil, que exercem algum tipo de trabalho remunerado ou não, estão sujeitas à empregos precários, também são a maioria em situações de desempregos e de menor renda média do país.

Assim, os mecanismos de opressão, direta ou indiretamente, assumem um papel funcional e auxiliar à exploração. Primeiro, funcional porque possibilita e reforça a exploração, na medida em que setores subordinados por gênero ou raças integram, segundo Marx, o cheap labor (trabalho barato), possibilitando maiores taxas de mais-valia e o rebaixamento do nível salarial do conjunto da classe trabalhadora. E segundo, auxiliar enquanto ideologia que divide a classe, ao naturalizar a opressão da classe trabalhadora contra a própria classe trabalhadora.

Por fim, é importante ressaltar que no contexto de aprofundamento da crise econômica, os capitalistas necessitam reestabelecer os patamares de lucro que ocorre, sobretudo, através da expansão do trabalho precário, que consequentemente leva à intensificação das opressões.


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