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231215 maislamaBrasil - O Diário - [João Pedro Stedile] Em 5 de Novembro de 2015 a ruptura de duas barragens no município de Mariana, no Brasil, provocou o maior desastre ambiental da história daquele país.


 Mais de cem mortos e desaparecidos. Terras, a água do Rio Doce em todo o seu trajecto até ao oceano, a orla costeira contaminadas pelo lixo tóxico que a empresa VALE depositara nessas barragens. Uma tragédia cuja dimensão, implicações e responsabilidades o governo federal, o parlamento e os media procuram ocultar.

O rompimento das barragens de depósito de lixo tóxico da empresa VALE, nas localidades de Fundão e Santarém, no município de Mariana, produziu o maior desastre ambiental da história do Brasil e quiçá comparado aos maiores do mundo.

Suas consequências ainda são imensuráveis. Muitos mortos. Segundo os moradores dos dois distritos soterrados, Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, na sua contagem há mais de cem parentes desaparecidos. Ao contrário dos anúncios das estatísticas “oficiais” calculadas pela empresa que seriam 29. Milhares de pessoas perderam suas casas e fonte de trabalho. O Rio Doce foi assassinado ao longo do trajecto de mais de 700 quilómetros, entre Mariana e sua foz, no Espírito Santo. Milhares de hectares agricultáveis estão inutilizados. Toda vida aquática do rio morreu. Milhares de pessoas foram prejudicadas pela falta de água potável. Ninguém pode calcular as consequências para vida marinha, com essas toneladas de lixo toxico no mar, eternamente!

Ninguém sabe quantos anos a natureza levará para recuperar essa biodiversidade ao longo da região do Rio Doce. A população não sabe que existem outras 48 barragens de mineradoras que podem ter o mesmo destino. Não sabe de que seria possível utilizar outras técnicas de protecção e de lixo tóxico, porém como a empresa busca lucro máximo, coloca o risco nas costas da população.

Apesar de tanto sacrifício humano e da vida na natureza, a imprensa burguesa se esforça para esconder seus verdadeiros culpados: a empresa VALE. Não é difícil para uma das maiores mineradoras do mundo utilizar sua assessoria de comunicação que tem mais de 200 jornalistas pagos para protegê-la. Usar as dezenas de deputados e políticos eleitos com seu financiamento. E usar suas influências no poder judiciário e nas igrejas para ocultar sua responsabilidade.

Quem, afinal vai arbitrar as indemnizações às famílias que foram atingidas directamente e a toda população da região? Quem vai determinar as multas por matar toda biodiversidade, numa das maiores bacias hidrográficas do país?

Até agora, o Ministério Publico, o poder judiciário e a comissão de parlamentares apenas quiseram aparecer na imprensa. E o governo federal se comportou como parceiro envergonhado da empresa. E outros políticos deram entrevistas na sede da empresa. Para denunciá-la ou protegê-la?

É hora da sociedade brasileira conhecer todos os desmandos da empresa VALE. Saber das dezenas de mortos provocados pela irresponsabilidade dos seus trens, carregando minério pro exterior. Saber que desde sua privatização em 96, e da lei Kandir de 95, no governo Cardoso, a maioria de seus accionistas são norte-americanos, e ela nunca mais pagou imposto de exportação sobre os mais de cem bilhões de toneladas de ferro, tomadas do povo e levadas pro exterior. Seus bilhões de dólares de lucro foram distribuídos entre seus accionistas. Nem o governo se beneficiou e muito menos o povo brasileiro. Graças à irresponsabilidade do governo FHC, as reservas de minério de ferro do Brasil, que são as maiores do mundo, foram roubadas e entregues a uma empresa agora sob controlo do capital estrangeiro, e de alguns oportunistas brasileiros.

Se tivéssemos um governo mais comprometido, o presidente da empresa já estaria preso. (Lembram-se da prisão do presidente da Petrobras como responsável da tragédia de Cubatão, São Paulo? Conseguiu habeas corpus e por ser de origem nipónica vive até hoje no Japão para fugir da cadeia).

Se tivéssemos um judiciário mais comprometido com o povo, o processo no tribunal federal de Brasília, que anulou o leilão da VALE, e por tanto, restituiria a empresa à condição de estatal, já estaria cumprido, e não seguiria nas gavetas protelatórias...destino de todos os julgamentos que afectam interesses do capital.

Esperamos que a população da região se organize, realize assembleias populares, construa uma pauta de reivindicações possa minorar os custos sociais e do meio ambiente e eleja seus verdadeiros representantes para negociar com força das massas frente aos interesses da VALE.

Santa paciência! Algum dia, nosso povo precisa se levantar contra tantas tragédias provocadas e contra tantos irresponsáveis que só actuam em favor do lucro máximo, para uma minoria, em detrimento dos interesses de toda a sociedade.


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