O terreno, localizado no centro do Recife, pertencia à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima e foi leiloado em outubro de 2008 para o Consórcio Novo Recife por um valor inferior ao do mercado. O Consórcio é formado pelas empresas Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL Empreendimentos e Ara Empreendimentos.
A operação foi batizada de Lance Final e segundo laudo pericial da PF realizado com base em uma documentação apreendida, “durante a perícia feita, ficaram constatados fortes indícios de fraude, principalmente porque o valor do terreno, segundo a consultoria que fez o levantamento prévio, estaria orçado em torno de R$ 65 milhões e o leilão teria iniciado com o valor de R$ 55 milhões, valor que foi arrematado”.
As acusações também apontam que apenas uma empresa participou do leilão. “A abertura do leilão também foi muito rápida e havia muitas limitações para outras empresas concorrerem. O edital foi lacônico quanto aos requisitos para a habilitação das empresas e deixou uma única pessoa para decidir quem poderia participar da disputa. Uma segunda empresa foi desabilitada com base em critérios subjetivos, tudo indicando que houve direcionamento da disputa. O prazo mínimo de 15 dias estipulado pela Justiça para a publicação de recursos também foi ignorado. A Milan Leilões (empresa paulista contratada pela Caixa Econômica Federal e que foi responsável pelo leilão) não informava nada para o mercado. É evidente esse favorecimento”, declarou a delegada responsável pela operação, Andrea Pinto.
A investigação também pretende apurar se há outros crimes associados, como tráfico de influência, associação criminosa e corrupção ativa e passiva. A PF também pediu à Justiça Federal o seqüestro do imóvel para garantir o ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos.
Projeto Novo Recife
O Projeto prevê a construção de prédios residenciais e comerciais e desde a sua divulgação, em 2012, tem sido alvo de vários protestos e manifestações do movimento auto-intitulado Ocupe Estelita. Várias atividades culturais foram realizadas pelo movimento numa tentativa de mostrar a população uma alternativa para aproveitar o terreno de 10,1 hectares.
O último protesto em Recife aconteceu na noite desta quinta-feira, 1º de outubro, no centro da cidade. Os manifestantes realizaram uma passeata pacífica pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Prefeitura do Recife. Durante o ato, houve truculência da polícia, que disparou um tiro de bala de borracha a queima roupa no rosto de um dos manifestantes sem nenhuma motivação. O vídeo está circulando pelas redes sociais, ganhando destaque inclusive internacional.
Ludmila Outtes, Recife