Comentarios ao balanço eleitoral de um funcionário que culpabiliza o povo "desagradecido" pola derrota
"Derrotou-nos a guerra económica". "Este povo desagradecido votou pola oposiçom após todo o que lhe deu Chávez" (Balanço eleitoral de um servidor público).
Som dous argumentos que procuram culpados por fora dos verdadeiros responsáveis.
Assinalam à “guerra económica”, quando nom a soubérom combater e até a alimentárom.
Quando deixárom de impulsionar o novo modelo económico de transiçom ao socialismo e optárom polo capitalismo de estado, rentista e burocrático, e polo populismo eleitoral.
Quando essa “guerra económica” foi sustentada com os dólares de CADIVI entregues ao capital com participaçom de umha burocracia corrupta.
Quando a partir do interior, os usurpadores da propriedade social, convertêrom as empresas do Estado em quase-propriedades dos gerenciamentos e diretórios, enquanto marginárom os trabalhadores e as comunidades.
Quando os sacos de MERCAL deixárom de distribuir produtos feitos em revoluçom, pola destruiçom das forças produtivas, e o que contenhem som os produtos do “pelucón” saboteador.
Quando as filas se tornárom “saborosas” e o povo é um “desagradecido” porque nom quer continuar calando.
O que deu Chávez deu-no Chávez, com o povo mobilizado e com nosso contributo através do IVA e do rendimento petroleiro de todo um país.
Nom no-lo dérom os maus filhos políticos que desfrutam a herança do pai com o aparelho do Estado.
Nom devemos gratidom aos que tirárom as suas comissons, negociárom contratos, fugárom capitais e deixárom de ser plebeus para se converterem em nova burguesia.
Nom devemos gratidom a quem nos ignorou, desatendeu as nossas vozes de alarme, eliminou as nossas propostas e negou-nos toda participaçom para tratar de endireitar as cousas.
Nom se pode pedir ao povo que agradeça a fatia de bolo quando há quem continua a levar o bolo quase completo, enquanto proclama que a distribui melhor.
Agora estám assustados e culpabilizam-nos, enquanto se preparam para negociar na nova correlaçom de forças.
Chávez é todo um povo. Ganha Chávez se ganharmos todos. Chávez nom ganha com os oportunistas e aproveitados de serviço.
Daí que Chávez nom tenha perdido. Perdêrom eles.
Nom há revisom, retificaçom e reimpulso onde nom há espaço para a crítica nem há autocrítica; onde a “autocrítica” está cheia de desculpas.
A oposiçom, que nom se sinta demasiado vencedora, porque nestes resultados há muito, mas muito de voto castigo, de um povo zangado que aspirava a mudanças em revoluçom e resolveu dar umha guinada eleitoral ao vê-la descaminhada.
Tenham cautela e nom se equivoquem com os sinais desse povo que coraçom adentro continua a ser maioritariamente chavista, valoriza as conquistas da sua revoluçom e nom quer perdê-las, e sim alargá-las.
Agora vocês serám o governo de um Poder do Estado: a Assembleia Nacional e veremos que leis quererám impor ao povo; esse povo eleitor que decidiu abalar o quadro político, mas é o Constituinte Soberano e será a "oposiçom da oposiçom" se pretenderem dar marcha atrás aos seus contributos e benefícios.
O Poder Popular deve ser reivindicado e ocupar o seu lugar, definir bem o seu papel e a sua responsabilidade no esforço de recuperaçom e relançamento da revoluçom, para largar a burocracia e o capital e construir o seu Estado Comunal.
Luitemos agora por umha rota de emergência revolucionária com medidas urgentes para ultrapassar a crise.
Preparemo-nos para frear as ánsias da direita.
Sejamos conscientes de que temos dous inimigos da revoluçom: a burocracia e o capital. Som já duas caras da moeda capitalista. Ambos concorrem politicamente, mas passam-se malinhas por baixo da mesa.
Precisamos renovar e levantar a referência política e moral capaz de corrigir e reimpulsionar a revoluçom.
É hora de um balanço descarnado dentro das fileiras do chavismo, que inclua todas suas correntes e abarque toda a sua diversidade, sem chefes impostos, sem manipulaçons clientelares, sem abusos, com os princípios originários da revoluçom bolivariana e sem ladrons.
É hora de render contas a Chávez, a hora da Auditoria Pública e Cidadá, porque o Chávez da nossa consciência e dos nossos afetos está erguido e pergunta: O que foi do meu Golpe de Timom?