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Mas, vamos à sua provável composição.
A convocatória vem sendo feita, via de regra, por jovens de classe média, nitidamente sem experiência política e absolutamente desinformados sobre a história do país. O que pode parecer uma fraqueza, para a juventude, pode ser força e gerar empatia para gente como eles.
Leia entrevista exclusiva que fizemos com Rudá Ricci aqui.
Mas há outra camada: a dos partidos à espreita. Percebo o PPS, em várias regiões, insuflando (com o peso que tem hoje, é mais torcida, na verdade) o domingo. PSDB é mais cauteloso, mas acende suas velas e ora. O PMDB se divide. Mas são partidos sem força de mobilização social concreta. São mais ícones políticos que organizadores.
Uma terceira camada é composta por uma multidão silenciosa e profundamente desconte com os rumos da economia - da perda de conquistas familiares, para ser mais objetivo e claro - e do governo Dilma. Aqui reside, a meu ver, o maior potencial para o protesto de amanhã. Potencial que se choca com uma quarta camada: a extrema direita, que prega o impeachment. Parte dos editores dos jornalões se encontra nesta camada. Infelizmente, perderam a cabeça, o diploma (para os que o possui) e o equilíbrio. Alguns, perderam a dignidade, mergulhados no fel do rancor. Não percebem que é o mesmo que saírem vestidos de baianas durante a Páscoa. Mas, gosto é gosto. Acredito que seja uma minoria desesperada, retomando a utopia de Thomas Morus, o da civilização imaginária do seu gabinete de trabalho.
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Finalmente, o recorte regional. O sul - São Paulo e Santa Catarina, em especial - e algumas capitais fora deste eixo - Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Recife - devem aparecer. É reduto oposicionista expressivo.
A questão é: a aposta foi tão alta - mais da imprensa e de alguns líderes da oposição, além dos histéricos das redes sociais - que se amanhã o número de participantes for igual ou menor que ontem, será um retumbante fracasso da oposição e alimentará o retorno dos governistas. O terceiro turno terá terminado, enfim. E os dois peemedebistas que dirigem o Congresso Nacional, estarão numa situação dificílima porque não terão muito valor político.
Os dados estão lançados. Vejamos se a sorte está do lado da oposição.
Ou se são mais amadores do que se poderia imaginar.
Rudá Ricci é sociólogo e cientista político.
Retirado do facebook do autor.