Na medida em que a crise aprofunda no Estado espanhol, este avança mais na sua estratégia repressiva. Após a detenção e incomunicação de quatro independentistas galegos, e as denúncias de torturas contra eles, temos um novo episódio repressivo, desta vez no centro do imperialismo espanhol. Em Madrid, há oito pessoas acusadas de "delitos contra altos organismos da nação" (espanhola, supõe-se) por convocar um protesto que, atenção... ainda não se celebrou!
Sim, amigas e amigos, hoje, no Estado espanhol, uma pessoa pode ser acusada pelo simples fato de convocar uma manifestação e antes dela se produzir. Confirma-se assim (por se ainda houvesse qualquer dúvida) o caráter político das medidas que as diferentes administrações e corpos repressivos desse estado imperialista estão aplicando no âmbito da mobilização social.
Apesar de tentarem meter medo a uns poucos, o 25s é de milhares de pessoas #vamos25s
Sob o manchete de "Apesar de tentarem meter medo a uns poucos, o 25s é de milhares de pessoas #vamos25s" a Coordenadora 25S, que desenvolve a iniciativa para o protesto dessa jornada, emitiu um comunicado muito esclarecedor sobre o assunto, que reproduzimos traduzido por Camila Lee para o Diário Liberdade e precedido da citação de caráter político enviada às oito vítimas:
Objeto da citação: Ser ouvido no conceito de IMPUTADO, de acordo com o disposto no artigo 486 da lei de Julgamento Criminal, como responsáveis de um suposto delito CONTRA ALTOS ORGANISMOS DA NAÇÃO TIPIFICADO NO ART. 494 DO CÓDIGO PENAL.
Desde ontem, algumas das pessoas que participaram na assembléia relacionadas com o 25s estão recebendo citações judiciais nas quais lhes imputa, segundo o artigo 494 do Código Penal, um suposto delito “contra altos organismos da Nação”. Este artigo se refere à proibição de “promover manifestações ou outra classe de reuniões ante a sede do Congresso de Deputados quando estes estiverem reunidos, alterando o normal funcionamento daquele”. Todas as pessoas que tiveram a intenção de se informarem, incluindo o Ministério do Interior, puderam saber que não pretendemos impor nenhuma alteração violenta do funcionamento do Congresso, mas sim recuperar a democracia do sequestro econômico que a maioria dos partidos consentiu; todos entraram em consenso de que será uma ação não violenta; que não se impedirá a passagem dos deputados e que se chegará até onde permita a barreira policial.
Este fim de semana seguirá havendo assembléias abertas às 11hrs no Retiro, pelo que queremos informar do possível risco que se deriva da assistência das mesmas, assim como insistir na necessidade de nos cuidarmos entre todas em um contexto de arbitrário autoritarismo. Entretanto, insistimos em que nossas atuações não são ilegais, como quer fazer crer a Delegação do Governo, e remetemos aos informes do Legal Sol sobre a ação do 25s e sobre as identificações efetuadas no domingo passado no Retiro. Além disso, lembramos que contamos com o apoio legal tanto desses advogados quanto dos outros coletivos e organizações que apóiam o 25s e pedimos às pessoas que tenham recebido citações pela participação em atividades relacionadas que entrem em contato conosco: coordinadora25s@riseup.net
É evidente que tentamos construir um cenário mais encrespado o possível, que a Delegação do Governo pretende criminalizar nossas reivindicações e o crescente apoio da mobilização, porém cada tentativa em fazê-lo soma milhares de pessoas para rodear o Congresso no próximo dia 25.
O que passará no dia 25 de setembro não somos nós quem decide, mas sim todas as pessoas que forem. O 25s está sendo apoiado, promovido e organizado por milhares de pessoas e confiamos na capacidade de seguir trabalhando estes últimos dias de maneira descentralizada, nas praças e nos espaços comuns. Convidamos todos a seguir imaginando e difundindo (neste blog você pode encontrar material, mas tem muito mais).
Nossa força está em sermos pessoas normais e comuns, sermos todas e nenhuma, não ter líderes. Vemos vocês no 25s...e depois também!
Casablanca faz poucos dias
A classe trabalhadora madrilena já sofreu faz poucos dias uma atuação policial em que se despejou um dos mais importantes espaços autogeridos da cidade, a "Casablanca", no bairro operário de Lavapiés. Existem suspeitas fundadas de que esse despejo também tivesse a ver com a repressão da próxima manifestação de 25-S.
Foto: #spainrevolution