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8642329547 aafaedd2a1 zVenezuela - Diário Liberdade - [Edu Montesanti] Derrotada em 18 das 19 eleições desde que Hugo Chávez venceu as eleições presidenciais em 1998, a oposição venezuelana já deu início àquilo que vem fazendo desde que a Revolução Bolivariana mudou o país caribenho, não lhe dando a menor chance nas urnas: boicotes pré ou pós-eleições - treinados, financiados e armados pelos Estados Unidos, prática, por sua vez, bem conhecida de Estados latino-americanos e tão antiga quanto a consolidação do próprio Estado norte-americano.


Foto de Joka Madruga (CC /by/2.0/) - Nicolás Maduro após as eleições de 2013.

Nas últimas semanas, o sistema elétrico da Venezuela tem sido atacado, repetindo um dos atos criminosos de fevereiro de 2014, conhecidos como "guarimbas". Até agora, foram registrados ao menos 17 ataques contra instalações da Corporación Eléctrica Nacional (Corpoelec).

Na segunda-feira, 9 de novembro, foram registrados violentos atentados no Estado de Táchira, fronteira com a Colômbia, governado pela oposição à Revolução Bolivariana, e justamente o epicentro das "guarimbas" do ano passado (veja Tuíter do ministro da Energia Elétrica da Venezuela, Luis Motta Dominguez, com denúncias e apresentação de imagens, aqui).

Um dia antes, eis que os xerifes do mundo que se situam mais acima do Rio Bravo (tidos pela ditadura da mídia oligárquica e por seus alegres macacos de auditório como "guardiães da democracia") invadiam, uma vez mais, o espaço aéreo da Venezuela - grave crime internacional ocorrido também em: maio de 2008, maio de 2009, dezembro de 2009, janeiro de 2010, julho de 2010, abafado pelo "noticiário" internacional.

Para quem ainda acha que a Venezuela vive uma "terrível ditadura" (igualzinho ao que diziam de João Goulart, para implantar a "Revolução Democrática" dos milicos no Brasil, apenas para citar a mais recordada - se é que se recorda - entre outras tantas mentiras semelhantes em todo o mundo), vale ressaltar: a nação bolivariana possui as maiores reservas petrolíferas do mundo.

A oposição venezuelana é considerada, inclusive internamente, como histérica, dividida por interesses mesquinhos e sem propostas. Consciente disso, a elite venezuelana, que antes da Revolução Bolivariana se enriquecia e enriquecia Tio Sam com o petróleo nacional, tenta sabotar eleições sem chances de se sobrepor. Vale agora recordar as (jamais publicadas) palavras de Ramón Muchacho, prefeito de Miranda, opositor ao governo de Maduro, em 15/2, no início das "guarimbas": "Reconheçamos terrível falta de liderança e de capacidade administrativa [da oposição]. Só anarquia. É isso que queremos?". 

À medida que se aproximam as eleições parlamentares, a mídia internacional dá voz majoritariamente à oposição, como sempre fez, além de criar suspeição (quando "bate de leve") ao governo bolivariano, tampouco se recordando das palavras (é claro, jamais publicadas) do ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, um dos observadores internacionais presentes nas eleições presidenciais de abril 2013, que levaram Nicolás Maduro ao Palácio de Miraflores, afirmando que a nação caribenha é exemplo mundial em segurança eleitoral, a ser seguido pelos Estados Unidos.

Já a jurista norte-americana Tobin Alexander, do Grêmio Nacional de Advogados dos Estados Unidos, quem também participou como observadora daquelas eleições, disse na rede venezuelana de TV Telesur que "o processo [demonizado pela Imprensa tupiniquim e internacional] foi organizado e transparente (...). A CNE (Conselho Nacional Eleitoral) ganhou credibilidade ao longo dos anos". Afirmou ainda que o sistema eleitoral do país é "respeitado a nível internacional por seu processo aberto e transparente, (...) sistema totalmente eletrônico com auditorias, (...) melhor sistema do mundo", o qual "deveria ser aplicado nos Estados Unidos. (...)". Concluiu dizendo que "na Venezuela, 80% votou em abril, enquanto nos Estados Unidos, 57,5% na última eleição, em 2012. (...) Temos [os norte-americanos] muito que aprender com este sistema (...)". Nada disso virou notícia fora das fronteiras venezuelanas, evidentemente.

No Brasil, é claro, nada disso vira notícia, nem sequer as recentes sabotagens: nada aparece na ditadura da mídia oligárquica, apenas distorções da realidade, e (pasmem!) nem na outra face da mesma moeda, grande parte da mídia dita alternativa, mera defensora de interesses político-partidários - em frangalhos que nem mesmo ela hoje, com todo o seu peculiar cinismo, pode negar.

Por essas e outras traquinagens midiáticas, através da reportagem Da Despolitização ao Ódio, do jornalista Igor Carvalho da revista Caros Amigos de abril de 2015, foi inevitável que escritores, professores e comunicadores em geral - por vezes caçoados publicamente, ridicularizados ao defender a democracia e os avanços sociais da venezuelana nos últimos 16 anos - soltássemos nosso riso de alforria. No "raciocínio" abaixo, uma elitista "revolucionária", "indignada" com a esquerda latino-americana retratou perfeitamente a estatura intelectual das classes mais abastadas do Brasil, explicitando especialmente a ignorância global - que não escolhe classe social e nem grau de instrução - quando o assunto é Revolução Bolivariana:

"A empresária e farmacêutica Silvia Stuchi Frey veio de Catanduva, interior de São Paulo, somente para o protesto. "Têm três ônibus chegando de lá, ajudamos a contratar", comemorava. À corrupção, ela acrescentou outro fator que lhe preocupa no Brasil. a "intervenção bolivariana". "Queremos um Brasil para nós, que caminhe com nossa força trabalhadora", discursa.

"Porém, quando questionada sobre o que seria o "bolivarianismo", Silvia afirma que tentará resumir: "Isso é fruto da política internacional do PT, que quer adotar aqui as mesmas políticas usadas pelo governo da Bolívia. Espero estar equivocada, mas é isso", afirma a cautelosa empresária, provavelmente desconhecendo que a palavra tem origem no general venezuelano Simón Bolívar, que liderou os processos de independência de diversos países da América do Sul. O termo "bolivariano" é aplicado aos países que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington, como a Venezuela."

Conforme se aproximam as eleições legislativas, está no ar, está conectado e está nas folhas de papel mais uma série de manipulações por parte da grande mídia de manipulação das massas, de Washington e da oposição reacionária venezuelana - todos sustentados pelas megacorporações internacionais - envolvendo o sistema democrático da Venezuela a fim de denegrir a imagem de um país tido pela ONU e pelos mais diversos organismos, ano após ano, como exemplo mundial em conquistas sociais, em defesa dos direitos humanos e, conforme apontado mais acima, em sistema eleitoral.

Tudo isso apoiado na alienação coletiva - ao mesmo tempo, produtor dela, círculo vicioso que, em diversos lugares como no Brasil, resiste inclusive à própria história de golpes, mentiras, sabotagens e assassinatos. Já dizia Nicolás Avellaneda, jurista argentino (1837-85): "Povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente". 

Pois diferentemente desses lugares, onde reina a preguiça intelectual e o espírito reacionário, a sociedade venezuelana tem lutado para que a história não se repita, tragicamente, mas que sigam os ganhos com a Revolução Bolivariana.

Nota

A Revolução que o Brasil Ignora

● Estado livre do analfabetismo segundo declaração da Unesco em 2005. Até agora, são mais de 2,7 milhões de pessoas alfabetizadas pós-governo bolivariano, inclusive nas línguas indígenas;

● Assistência médica e educação gratuitas e acessíveis a todos. Antes de Hugo Chávez assumir a presidência, o país contava com 20 médicos para cada 100 mil habitantes; atualmente, este número está acima do dobro de doutores disponíveis: 65. O governo bolivariano construiu mais de 13.721 clínicas em bairros que, anteriormente, o Estado não alcançava, e o sistema público de saúde conta com 95 mil médicos;

● Para a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), a Venezuela era um dos países mais desiguais da América Latina pré-governo bolivariano, e hoje o país é o menos desigual da região;

● A Venezuela possui o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os países latino-american os;

● Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sob a presidência de Chávez a Venezuela reduziu em 75% a proporção de pessoas em pobreza extrema, e com Maduro tornou-se exemplo mundial no combate à fome e à desnutrição: erradicou a primeira com mais de 3 anos de antecedência em relação às Metas do Milênio estipuladas pela ONU (2015), e a segunda já foi reduzida de 13,6 para 2,4 nos anos de governo bolivariano. Em julho do ano passado, o presidente venezuelano foi premiado pelas Nações Unidas na Europa, por tais conquistas;

● Segundo o Instituto Sofi (Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2012, na sigla em inglês), em 2012 a porcentagem de pessoas subnutridas foi inferior a 5% da população total - de 1990 e 1992, a porcentagem foi de 13,5%;

● Entre 1999 e 2012, a pobreza extrema apresentou queda livre como em nenhum outro país da região: de 21%, despencou para 6% da sociedade. E os níveis de pobreza foram reduzidos de 49% a 25,4%, estando hoje a um taxa de 20% da sociedade;

● O desemprego, que era de 11,3% quando Chávez assumiu o governo, caiu para 8%. O governo elevou o salário mínimo em 10-20% a cada ano, levando a Venezuela a possuir um dos salários mínimos mais altos da América Latina. As pensões estão garantidas após, apenas, 25 anos de trabalho. Os que trabalham na economia informal têm pensão do Estado garantida. Há ainda programas de capacitação profissional, e ajuda a pequenas e médias empresas;

● Quando Chávez assumiu a presidência, o Produto Interno Bruto (PIB) era de US$ 200 bilhões, tendo fechado o ano de 2012 com cifra dobrada, em US$ 400 bilhões. O líder bolivariano assumiu uma economia com inflação na casa dos 35% ao ano, tendo-a baixado para 23,2%, apesar da crise de 2008.

● Segundo a professora da Universidade Central da Venezuela, Mariclein Stelling para a revista Caros Amigos (novembro de 2012, pág. 12), "[A sociedade local hoje] Têm direitos a ter direitos. Não somos mas uma sociedade submissa, esperando um favor de uma escola. Aqui já existe um processo de pró-atividade política. Antes não era assim, o pobre era sempre pobre e não tinha vontade de crescer. As pessoas sabem o que é controle social, o que é poder popular, já estão organizadas em coletivo".

● A educação é gratuita e acessível a todos, do ensino básico ao universitário. A Venezuela é o segundo na América Latina e o quinto no mundo com as maiores proporções de estudantes universitários que cresceu em mais de 800% no governo bolivariano, com cerca de 75% da educação superior pública que faze do país latino-american o com o maior número de universidades públicas. Os estudantes têm computadores portáteis e tabletes de uso gratuito para os estudos. Hoje, 60% dos professores venezuelanos pertencem à rede pública, com salário elevado na última década;

● Os meios de comunicação, especialmente comunitários, expandiram-se em todo o país, dando mais espaço para a expressão de vozes diversificadas, respeitando inclusive as diferenças culturais da Venezuela;

● O aceso à Internet tem aumentado consideravelmen te, e o governo bolivariano também tem construído centenas de "infocentros" públicos com acesso a computadores e conexão à Internet gratuita em todo o país;

● O governo construiu também mais de 500 mil casas populares. Neste sentido, há subsídios públicos para aquisição de casas a preços acessíveis a todos que não possuem condição de pagar.

Por isso tudo, não é de se surpreender com o otimismo da maioria dos 10 mil entrevistados, entre 15 e 29 anos de idade (que formam 60% do total da população) de todo o país, pela II Encuesta Nacional de la Juventud no início de 2014:

● 90% acredita que seu diploma universitário lhe proporcionará "muitas ou variadas possibilidades profissionais";

● 93% afirma que pode aspirar a um emprego melhor que o que tem na atualidade;

● 98% continuará estudando, considerando que os estudos lhe servirão para conseguir um trabalho satisfatório (compare-se esses índices com os da Espanha, que tem 56% de desemprego juvenil e centenas de milhares de universitários que se perguntam para que lhes serviu tantos anos de estudo);

● 77% dos jovens aponta que se ficará no país, contra apenas 13% que afirma que deseja sair;

● 60% considera que o melhor sistema é o socialismo, contra 21% que prefere o capitalismo.


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