Não me refiro a que os nossos impostos servam para jacobeus, para manter a extinguível igreja, a que traçam música cafona e espanholista, que nos invadam com sotaques culturais assimilistas, também não me refiro a que com os orçamentos aniquilem os serviços sociais de todas e todos nós, que tentem assassinar a nossa língua mãe, que matem as escolas públicas, a saúde pública, os direitos inalienáveis da nossa Classe Trabalhadora que conquistamos após uma luita sem quartel... Não, refiro-me a que com os nossos quartinhos se nos provoque e tente irritar com o objetivo de manter a sua ordem, a sua segurança com esse seu bem-fazer.
Mas que ordem, que segurança, e que bem-fazer?
O dia 30 de julho estavam várias companheiras e companheiros passando um tempo de lazer em Compostela, escuitando música, dançando os ritmos longínquos da sua terra latino-americana, quando de repente vinhérom!! A entrada deste pessoal em gama de azul semelhava uma situação de pré-guerra -assim me o comentou uma amiga colombiana/galega-, "a rachar": documentação, documentação, e lá fôrom ordens de expulsão a rodo.
Se alguém achar que o que aconteceu antes do dia 30, o que vimos no dia 23, ou 24 ou mesmo 25 não tem que ver, faço a seguinte reflexão: somos imigrantes, elas e eles e nós também. Estas companheiras e companheiros imigrantes, per se, por sofrerem a lei de imigraçom espanhola, que longe de defender os seus direitos e liberdades, anseia cortá-los ao máximo, mas nós somos imigrantes no sistema colonizador espanhol, que o colonizador está em Monte Pio, e está em Madrid. E há quem esteja sem compreender qual é o caminho para apalpar a Soberania nacional, e não compreende a nossa teima da independência. A síndrome de Estocolmo é aplicável ao efeito colonizador espanhol.
E assim estamos, temos que acumular as nossas forças, criar sineérgias estáveis, criar frentes permanentes de análisse, temos que olhar, reflectir e actuar para derrubar este sistema caduco, este modelo social que nos quer engolir. Provoquemos crítica acesa, criemos opinião. Que ninguém que se sinta oprimida/o se sinta sozinha/o. Somos minoria? Talvez sim, mas somos minoria qualificada. Isto é indubitável.
Se algo aprendemos da imigração na Galiza é que suporta situações incríveis de repressão e quando achegam soluções.
Sei que não são boas as pressas, também sei que não vai ser amanhá, mas cumpre que seja quando antes. Entretanto, sentiremos o alento do colonizador novamente nas ruas nas mobilizações prévias à Greve Geral, e o mesmo dia. Virão manter a sua ordem, a sua segurança com esse seu bem-fazer. A xenofobia existe, a elas e eles sim, mas a nós? a nós também.