Nestes momentos é muito pouco provável que Porto Rico se converta no Estado número 51 dos EUA. À pouca clareza dos resultados do referendo consultivo celebrado no passado dia 6 e ao fato que o novo governador, Alejandro García Padilla, seja contrário, agora acrescenta-se que desde Washington também não se vê nada claro o ingresso da ilha caribenha na União.
O jornal The Hill, especializado na actualidade do Congresso norte-americano, cita fontes republicanas e democratas segundo as quais nenhum dos dois partidos vê motivos suficientes para iniciar o processo de ingresso de Porto Rico. O motivo principal disto é que o referendo nom deu um resultado concluinte da vontade do povo porto-riquenho. Se bem é certo que a opção com mais votos foi a da anexão aos EUA como estado 51, também é verdade que só conseguiu o 45% dos apoios. O resto dividiram-se entre os que queriam a livre associação (26%), a independência (4%) e os que votaram em branco, que muito provavelmente -tal como detalhámos num artigo anterior em Nationalia- eram votos soberanistas (não necessariamente independentistas).
The Hill acrescenta que, segundo as fontes consultadas no Congresso, estendeu-se a ideia que o antigo governador de Porto Rico, Luis Fortuño, convocou o referendo para intentar ganhar a reeleição e sem um programa claro para conseguir o ingresso nos EUA. Ademais, os membros do Congresso também não vêem nada lógico que se inicie um processo de anexão se o novo governador de Porto Rico não o trazia no seu programa eleitoral.
De forma que, tal como estão as coisas, é provável que se mantenha a statu quo, com Porto Rico como estado livre associado. Fortuño, porém, não se dá por vencido, e enviou uma carta ao presidente Barack Obama e ao Congresso para pedir-lhes que iniciem o procedimento para fazer efectivo o ingresso da ilha na federação norte-americana, explica El Nuevo Día.
Campanha dos independentistas
Enquanto, o Partido Independentista Porto-riquennho (PIP) anunciou uma ofensiva internacional para explicar ao mundo que, no referendo, a ilha vão rejeitar o ingresso nos EUA: "Pela primeira vez em 114 anos de colonialismo norte-americano", disse o secretário geral do partido, Juan Dalmau, "o nosso povo recusou maioritariamente continuar sob o estatus territorial actual". Dalmau acrescentou que levará a reivindicação independentista à Conferência Permanente de Partidos Políticos do América Latina (COPPAL), à Internacional Socialista, ao Congresso dos EUA e à ONU.