O nome desse "Twitter cubano" era ZunZuneo e consistia em um serviço de mensagens de texto que podia ser usado para organizar manifestações políticas. Essa rede social foi fundada usando empresas criadas em segredo, aponta a agência, que agrega que o serviço foi financiado através de transações com bancos estrangeiros.
O projeto, que funcionou durante dois anos, burlou as restrições que o Governo de Cuba impôs sobre o acesso à internet. Foi gerenciado por meio de empresas de fachada e servidores informados localizados em três países e pagos desde as Ilhas Caiman.
Esse serviço chegou a contar com dezenas de milhares de usuários, ainda que desconhecessem que era apoiado pelo Governo de Barack Obama.
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) fez todo o possível para ocultar os laços que a iniciativa tinha com Washington, segundo entrevistas e documentos obtidos pela AP.
De acordo com os documentos, o plano do Governo estadunidense era desenvolver uma ferramenta para a troca de mensagens por meio de celulares. Em princípio, as mensagens teriam conteúdos que não fossem muito polêmicos, como notícias de música ou futebol.
Uma vez que se somaram um bom número de seguidores, enviariam mensagens políticas para inspirar os cubanos a organizar, através da Rede, concentrações massivas que pudessem desencadear uma espécie de "primavera cubana".
O desaparecimento do ZunZuneo foi um mistério. Em 8 de maio de 2012, publicou uma mensagem em sua conta no Facebook onde contava que haviam detectado problemas com o acesso à internet. Neste dia, postaram um artigo sobre um jogador de beisebol cubano que havia emigrado aos EUA e essa foi a última publicação na rede social. Segundo a investigação da AP, a USAID afirma que o programa foi encerrado após uma série de problemas econômicos.
O ZunZuneo foi lançado pouco depois que o contratista estadunidense [da USAID] Alan Gross foi detido em Cuba por visitar a ilha em várias ocasiões com a finalidade de ampliar o acesso à internet.