Esses documentos foram desclassificados a pedido de um grupo de investigadores estadunidenses do Arquivo Nacional de Segurança e a revelação aparece na página A12 da edição desta quarta do diário nova-iorquino.
Na matéria é explicada a convocatória de Kissinger a um grupo de altos funcionários estadunidenses, para trabalhar nas possíveis medidas de represália contra Cuba por apoiar militarmente a luta do povo de Angola, a pedido do governo desse país africano.
O New York Times revela que os funcionários convocados por Kissinger esboçaram planos para atacar portos e instalações militares cubanas e incluía um plano de envio de batalhões de infantaria da marinha à Base Naval de Guantánamo, território ilegalmente ocupado pelos Estados Unidos desde 1902.
O plano tramado pelo ex-secretário de Estado, sob o mandato do presidente Gerald Ford, sugeria a utilização de dezenas de aeronaves de combate e a perfuração dos portos cubanos.
Kissinger elaborou propostas para um eventual bloqueio militar das costas cubanas, apesar de ter em conta que essas ações conduziriam a um conflito com a então União Soviética, estreito aliado de Cuba.
"Se falamos em utilizar o poder militar, deve ter êxito", afirmou Kissinger em uma reunião, segundo os documentos desclassificados.
"Não deve ter meio-termo. Se nos decidimos por um bloqueio, deve ser implacável, rápido e eficiente", destacou Kissinger há quase 40 anos.
As notas publicadas mostram que Donald H. Rumsfeld, que foi secretário de Defesa dos Estados Unidos (1975-1977) sob a presidência de Ford, e outra vez durante a presidência de George W. Bush, também esteve presente durante a reunião em que Kissinger ordenou elaborar o plano de contingência contra Cuba.
Tanto Kissinger, hoje com 91 anos, quanto Rumsfeld, de 82, se negaram a comentar depois que os documentos recém desclassificados foram revelados.
Os planos de Kissinger, que foram preparados durante a campaha eleitoral de 1976 nos Estados Unidos, não prosperaram por causa da vitória e ascensão à presidência do democrata Jimmy Carter.
Os documentos citados pelo NYT aparecem no livro Back Channel to Cuba, dos investigadores estadunidenses William M. Leogrande, professor da Escola de Assuntos Públicos da Universidade Americana em Washington DC, e Peter Kornbluh, diretor do Projeto de Documentação do Chile do Arquivo de Segurança Nacional, e do Projeto de Documentação de Cuba.