Vários funcionários do governo nacional se comunicaram com a empresa para ficar a disposição e arbitrar os meios necessários para investigar o acontecido. Por outro lado, tanto dirigentes políticos como sociais, agrupações jornalísticas e organismos de direitos humanos expressaram sua solidariedade com o jornal.
Os primeiros indícios aconteceram na quinta-feira passada. “Em duas oportunidades o sítio do jornal sofreu ataques informáticos que o fizeram colapsar. Os encarregados do servidor detectaram essa manobra e denunciaram que nunca antes tinham sofrido uma de tal magnitude”, informou este jornal no dia seguinte. A situação repetiu-se durante cinco dias consecutivos.
“Um ataque à liberdade de expressão”, titulou ontem o comunicado. “O principal afetado, obviamente, não é esta empresa editora, porém, o direito à informação dos milhões de leitores em todo o país e no exterior que dia a dia escolhem Página/12 como fonte imprescindível para conhecer e interpretar o que acontece na Argentina e no mundo” advertiu. “As dimensões do ataque e sua sofisticação técnica dificultaram uma resposta rápida. Apesar do que, o jornal e seus fornecedores informáticos estão trabalhando ativamente em mecanismo de mitigação”, assinalou. “Também se colocarão em funcionamento todas as instâncias legais que correspondem para que tal agressão não fique nas sombras”, anunciou.
A 48 horas da assunção do novo governo nacional, o jornal destacou que “não só os leitores de Página/12 e os que o fazem todos os dias merecem ter essa resposta, senão que é um requisito indispensável para que corra risco a saúde e continuidade da cultura democrática que compartem 40 milhões de argentinos”.
“Quinto dia sem Página/12 web por hackeio. Coincidência. Rompamos a censura compartindo imagens do jornal impresso”, escreveu na sua conta de Twitter o socialista Jorge Rivas. Por essa mesma rede social se pronunciou Leopoldo Moreau: “Nossa solidariedade com Página/12 que faz 5 dias sofre ataques informáticos que lhe impedem publicar normalmente sua edição digital”.
A agrupação Comunicadores da Argentina (Comuna) expressou sua “profunda preocupação pelos reiterados ataques ao sítio do jornal Página/12” e advertiu que se produzem “em meio de um clima hostil à liberdade de expressão, evidenciado pelo anúncio de não cumprimento da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual” por parte do eleito presidente Maurício Macri e colaboradores seus designados como ministros. “Da mesma forma, estes personagens macristas ameaçaram reiteradamente com silenciar jornalistas e espaços de informação e opinião pelo único motivo de não resultar do agrado da força política que se prepara para assumir o governo nacional, concluíram desde a Comuna.
O Sibrepa, além de repudiar o episódio e solidarizar-se com os trabalhadores do jornal, chamou a atenção “sobre o silêncio dos grandes meios de comunicação que, nos últimos anos, manifestaram reiteradamente sua enorme preocupação “pela liberdade de expressão”.
Tradução: Raul Fitipaldi.
Versão original em espanhol: Página/12.