Angola apontou a paz internacional como a sua principal aposta no Conselho de Segurança, após ter garantido a sua presença no órgão em 2015 e 2016. O país obteve 190 votos na eleição ocorrida nesta quinta-feira, na Assembleia Geral. Ao todo, a Assembleia tem 193 votos.
"É primeiro um reconhecimento por todos os pares da comunidade internacional. É também sinal de que Angola é um país que está engajado com os problemas do mundo e, naturalmente que queremos contribuir e participar no processo de desenvolvimento global. É também sinal de que tudo quanto Angola fala em termos de paz, o nosso presidente se tem dedicado enormemente às questões da paz e segurança do mundo é uma coisa que levamos no coração. Mas a paz é uma aposta prioritária para nós, embora tenhamos outros desafios como o desenvolvimento global estável. Tudo isso faz parte das preocupações de Angola. Mas a paz para o continente africano ainda é muito crucial", disse à rádio ONU o ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chicoti.
A conquista de um dos 10 assentos não-permanentes do Conselho, seguiu-se à obtenção de mais de dois terços dos votos dos 193 países-membros.
O embaixador do Brasil junto à ONU, Antonio Patriota, revelou a expectativa de um maior contato com Angola. O seu país obteve um voto na eleição, mesmo sem ter concorrido para o Conselho.
"É uma expectativa muito positiva. Nós já acompanhamos de perto a evolução de Angola nos últimos anos. É um país que tem um papel estabilizador na África e uma participação aqui nas Nações Unidas muito apreciada; em várias áreas de atuação temos uma relação bilateral muito próxima".
Sobre a eleição de Angola, o embaixador de Portugal, Álvaro Mendonça e Moura, realçou o potencial do país adicionar valor aos esforços para resolver as crises do continente
"Estamos muito contentes com esta perspectiva. É muito importante que Angola volte ao Conselho de Segurança depois de 11 anos. E Angola é um país que pode dar uma enorme contribuição para a solução de uma série de crises em África. Julgo que Angola vai ter um papel muito, muito importante no Conselho nos próximos dois anos. Nós estamos muito contentes com isto."
Para o embaixador de Cabo Verde, Fernando Wahnon Ferreira, a presença angolana no Conselho de Segurança vai ajudar a avançar a posição dos países de língua portuguesa.
"As expectativas são as melhores. Para já, Cabo Verde sente-se muito bem representado por ter Angola no Conselho de Segurança. Nós pensamos que é um ponto de vista mais lusófono também sobre as questões e que mostra também um pouco a democracia existente relativa, como sabe, no Conselho de Segurança. Mas pensamos que algumas questões de importância para o nosso ponto de vista possam ser defendidas e serão seguramente defendidas e teremos uma voz, porque nós entendemos que a presença de Angola no Conselho de Segurança é também a presença dos países africanos de expressão portuguesa", disse o diplomata angolano.
A candidatura de Angola foi adotata por unanimidade pela União Africana em janeiro. O embaixador da entidade, Téte António, manifestou as esperanças do continente com a presença de Angola no Conselho.
"Angola foi endossada pela União Africana e pelo grupo africano ao mesmo tempo. Creio que as perspectivas são boas, pois é um país que traz alguma experiência. Já esteve no Conselho, esta é a segunda vez que lá vai. É um país que está com boas perspectivas em termos de desenvolvimento económico, que saiu de conflitos e é um exemplo também para a consolidação da paz."
O embaixador de São Tomé e Príncipe, Carlos Agostinho das Neves, enumerou temas africanos emergentes que devem precisar da intervenção angolana.
"Angola é um país com o qual São Tomé e Príncipe tem relações históricas muito profundas e de cooperação muito fortes. Que possa defender aquilo que são também os nossos interesses. Há, por exemplo, a questão do ébola, que para São Tomé e Príncipe tem uma importância vital na medida em que estamos próximos de alguns países já afectados por este mal. A presença de Angola poderá ser um reforço muito grande na defesa, na proteção e na prevenção dos países que felizmente ainda não estão afectados."
Na primeira fase da votação, passaram também a Malásia, com 187 votos, a Venezuela com 181 e a Nova Zelândia com 149. A Espanha garantiu a sua entrada no Conselho com 132 votos, após a disputa da segunda volta com a Turquia.