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121014 frelimo mocambiqueMoçambique - Avante - [Carlos Lopes Pereira] «Os moçambicanos não devem deixar-se enganar por falsas promessas», alertou Filipe Nyusi, o candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 15 de Outubro.


Falando num comício em Inhambane, Nyusi afirmou que não basta prometer aumentar salários, é preciso saber como o fazer. Mostrou-se certo de que o povo de Moçambique vai continuar a confiar na Frelimo, que já provou que sabe e pode cumprir as promessas. E insistiu que só com a Frelimo é possível reforçar a unidade nacional, preservar a paz e prosseguir o desenvolvimento.

Mais de 10 milhões de eleitores estão inscritos para votar, na próxima quarta-feira, nestas quintas eleições presidenciais, legislativas e provinciais. Os principais partidos são a Frelimo, no poder desde a independência, há 40 anos, a Renamo e o MDM. À presidência da república concorrem, além de Nyusi, os líderes das duas forças da oposição, Afonso Dhlakama e Daviz Simango.

A longa campanha eleitoral, que tem movido multidões, decorreu até agora com normalidade. Registaram-se poucos casos de violência entre apoiantes de diferentes partidos e uma ou outra intervenção musculada da polícia.

Filipe Nyusi tem acentuado a necessidade do aumento da produção para «permitir uma melhor distribuição da riqueza nacional e cumprir assim o sonho de Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza de gerar riqueza para benefício de todos os moçambicanos». Só desse modo, repete, é possível continuar a criar emprego para os jovens e a alargar as redes escolar, sanitária, viária e de outras infra-estruturas económicas e sociais, indispensáveis à melhoria da qualidade de vida do povo trabalhador.
As eleições moçambicanas vão ser acompanhadas por centenas de observadores nacionais e estrangeiros, estes de organizações como a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia.

Encontra-se já no terreno uma missão de peritos militares de observação da cessação das hostilidades, resultante do acordo entre o governo de Maputo e a Renamo.

Ingerência estrangeira em S. Tomé e Príncipe

O primeiro-ministro de S. Tomé e Príncipe criticou a «interferência estrangeira» no processo eleitoral santomense. Em declarações à televisão pública, Gabriel Costa disse que o país não precisa de «padrinhos» para organizar eleições democráticas.

O dirigente santomense referia-se, aparentemente, à presença de quatro parlamentares portugueses na delegação de Patrice Trovoada, líder da ADI (Acção Democrática Independente), que regressou na sexta-feira passada a S. Tomé, depois de dois anos de auto-exílio em Portugal. Num jacto privado, com o político santomense, viajaram de Lisboa os deputados Mário Ruivo e João Portugal (PS), Nuno Serra (PSD) e Ribeiro e Castro (CDS-PP).

Segundo a agência STP Press, Gabriel Costa estava também «visivelmente agastado» com o alegado envolvimento de cinco portugueses e três romenos, como seguranças, na campanha da ADI. «Não precisamos de vigilantes porque o nosso país não está em guerra» e «isto não é a lei da selva», afirmou, pedindo «respeito pelo povo e pela soberania» de S. Tomé e Príncipe.

As eleições legislativas, autárquicas e regionais realizam-se no próximo domingo, 12, e a campanha tem sido pacífica, à parte um incidente de pedradas contra apoiantes da ADI. Mais de 92 mil eleitores vão eleger 55 deputados para o parlamento, autarcas para seis municípios e sete representantes para a assembleia legislativa da Região Autónoma do Príncipe.

Doze partidos estão na corrida eleitoral. Além da ADI de Trovoada – que em 2012 foi afastado do cargo de primeiro-ministro por uma moção de censura apresentada pelas demais forças parlamentares –, as maiores forças políticas são o MLSTP-PSD (Movimento de Libertação de S. Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata), de Osvaldo Vaz; o PCD (Partido da Convergência Democrática), de António Dias; o MDFM-PL (Movimento Democrático Força da Mudança-Partido Liberal), de Fradique de Menezes; e a UDD (União para a Democracia e Desenvolvimento), de Gabriel Costa.

Em concorridos comícios, com muita música e animação, os principais líderes partidários definiram objectivos. Enquanto Patrice Trovoada pediu a maioria absoluta e apontou como seu adversário número um o presidente da República, Manuel Pinto da Costa, o candidato do MLSTP-PSD, Osvaldo Vaz, assumiu «a saúde e a educação como prioridades da política social», prometeu «promover o desenvolvimento sustentado» e garantiu «uma melhor distribuição dos rendimentos».


Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2132, 9.10.2014


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